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O nosso futebol precisa mudar com urgência

Por Adilson João Tellaroli, o "bola branca"

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O Palmeiras foi campeão paulista, impedindo o tetra corinthiano. Motivo de sobra para sua torcida vibrar. Mas quem acompanhou os dois jogos das finais como amante do futebol ou observador, deve ter ficado triste. Não apenas pela falta de público devido à pandemia, mas principalmente pelo desastre técnico que as duas equipes tão tradicionais proporcionaram, especialmente no primeiro jogo. E não falo apenas pelo zero a zero, mas sim pela qualidade ou falta dela.  Claro que não faltaram emoções na segunda partida, mas ainda assim, o espetáculo foi muito ruim. Guardadas as devidas justificativas, pela “paradeira” que viveu o futebol e tudo mais que veio depois, esperava-se mais.

O que estamos vendo é desalentador.  O futebol brasileiro, tirando-se dois ou três times, um pouquinho melhores no momento, vive uma crise técnica. Não se pode esconder. As cobranças de penaltis na decisão paulista, mostraram isso. E você parou para pensar nas faltas cobradas em cada partida nos últimos anos? A maioria vai na barreira. Lembro-me do tempo do ponteiro Claudio, cobrando faltas pelo Corinthians, ou do Bazzani, pela Ferroviária. Cada falta marcada era um “frisson” na torcida, praticamente um gol anunciado! Hoje se desperdiça a maior parte das cobranças e mesmo nos penaltis, você fica com a incerteza quase total do gol. (Não vale dizer que pênalti é loteria), pois é mais que isso – competência e treinamento. Os goleiros por exemplo, defendem mais, porque hoje treinam muito mais.

Há quanto tempo a seleção brasileira não faz um gol de falta? Você que é torcedor dos bons tempos, tinha imaginado que chegaríamos a essa quase mediocridade? Nós que vivíamos dizendo que os europeus tinham cintura dura, agora os vemos mostrarem em campo tudo que era natural no futebol brasileiro!

Alguém poderá dizer que os nossos melhores atletas vão para o exterior, até cedo demais, mas não é a razão preponderante.

Hoje, faltam os campinhos de terra batida, o incentivo à garotada. As equipes menores em grande parte, querem arrecadar e não aproveitam os jogadores da base como deveriam, não é Ferroviária?

Além da questionada competência dos treinadores, falta também um pouco de profissionalismo aos atletas. Acabou o treino obrigatório, a maioria tem compromissos comerciais, etc. Ninguém fica ensaiando sua especialidade, a não ser que seja obrigado e os técnicos com a instabilidade do emprego, na sua maioria preferem não exigir demais. Até porque com todas as mudanças produzidas no mundo, uma coisa não mudou por incrível que possa parecer. O treinador brasileiro continua sendo o culpado de tudo. Exemplo recente? O Santos desmontou o time, entrou em briga judicial com o elenco, perdeu os dois principais goleiros e os resultados não vieram. Na crise, culpa de quem? Do treinador que tinha pouco tempo de casa e que só havia herdado problemas. Mas aqui continua sendo normal porque os dirigentes são antes de tudo, torcedores fanáticos.

Não estaria na hora demudar toda a estrutura, a começar do calendário? Parece óbvio mas a CBF gosta mais de se envolver com a política do futebol, não com as coisas do campo de jogo. Sem mudanças, prepare-se torcedor, pois como está, começaremos a enxergar a conquista das próximas Copas do Mundo, por binóculo!

*Adilson João Tellaroli – conhecido como “bola branca”, é jornalista esportivo e faz parte do Portal RCIA

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