Dias desses os meios de comunicação mostraram os aumentos dos preços dos produtos essenciais numa cesta básica, nos últimos 12 meses. Destaque para o arroz (56%), feijão (59%), carne bovina (45%), óleo de soja (82%). O kg do pão nosso de cada dia, em Araraquara, custava R$ 7,25 em dezembro de 2019, e hoje custa R$ 11,90. Inflação de 64,14%.
Contribuindo para as absurdas altas nos preços dos produtos essenciais, destaco os preços dos combustíveis, especialmente da gasolina, gás e óleo diesel. Penso que é fácil entender as razões dos absurdos disparos de preços, com destaque para a inflação, nos últimos 12 meses, de 39,65% no preço da gasolina, e 56% no botijão de gás.
O preço do barril de petróleo no Brasil está atrelado ao preço do barril no exterior. Além deste atrelamento de preços, temos também a variação cambial, que tem em 2020 atingiu o absurdo de 29,33%. A cotação do barril de petróleo para entrega neste mês de agosto atingiu o preço de US$ 76,98 (setenta e seis dólar e noventa e oito centis), o maior desde o ano de 2014. Somente neste ano de 2021, o preço do barril subiu 41%.
Portanto, se aumenta a cotação do barril de petróleo no exterior, e a cotação do dólar, os preços dos combustíveis disparam aqui dentro, deixando os motoristas irritados, quando vão aos postos abastecer seus veículos. O grave é que a alta inflaciona também os preços dos produtos consumidos pela população, visto que em torno de 70% das mercadorias são transportadas por via rodoviária.
Com os aumentos dos preços dos combustíveis, a Petrobrás, obteve um lucro líquido de R$ 42,9 bilhões somente neste ano, para alegria dos acionistas, boa parte estrangeiros. Preços mais altos, receita de vendas maiores, consumidores pobres e investidores recebendo mais dividendos, e vendo suas ações valorizadas. Pura especulação financeira à custa da população.
O Brasil é um dos poucos países no mundo que tem uma enorme reserva de petróleo, e tecnologia para a prospecção, especialmente em águas profundas, a exemplo do Pré-sal. A Petrobrás é patrimônio do Brasil. Ela deve ser preservada e estatizada, mas infelizmente a participação do Estado (31%) vem sendo, paulatinamente, vendida.
Os governantes comemoram quando a Petrobrás tem lucro, pois permite vender mais ações da Petrobrás. Esta política de preços foi aprovada em julho de 2017 (governo Temer), e continua ainda mais incentivada, no governo Bolsonaro.
O Brasil tem uma enorme reserva de petróleo. No governo Lula, com a descoberta do Pré-Sal, foi aprovada a Lei da Partilha, que de maneira moderada preservou destinar 30% para a futura educação das nossas crianças, mas permitiu que 70% fosse vendida para multinacionais.
O governo Bolsonaro, através da Petrobrás, exporta petróleo bruto barato, e importa gasolina cara, gerando dívidas com fornecedores estrangeiros em dólar. Somente neste ano, segundo informações contidas em notas explicativas das demonstrações financeiras da Petrobrás, o Brasil importou 206 milhões em barris de gasolina e óleo diesel.
Infelizmente, enquanto a crise se aprofunda, o presidente Bolsonaro se preocupa em estimular conflitos entre os poderes, desrespeitando a harmonia e a independência prevista na Constituição Federal, satisfazendo os desejos dos seus apoiadores, rumo à eleição de 2022, razão pela qual vem, cada vez mais, sendo desaprovado. Enquanto isso, os preços dos combustíveis vem sendo um dos seus mais cruéis inimigos políticos.
(*) Walter Miranda é presidente do Sindifisco-Nacional/Delegacia Sindical de Araraquara, direto do SINSPREV-Sindicato dos Trabalhadores nos Serviços Públicos de Saúde, Previdência e Assistência Social do Estado de São Paulo, e militante da CSP Conlutas – Central Sindical e Popular.
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