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Pobre cidade, vivendo à custa do noticiário policial

Por Ivan Roberto Peroni

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Lamentavelmente, nestes últimos tempos, Araraquara tem sido protagonista de uma série de notícias vinculadas ao mundo policial. O cenário do qual ela se mostra envolvida, tem causado em cada um de nós indignação e até mesmo perplexidade, mesmo porque jamais poderíamos imaginar que algum dia, estaria a cidade sufocada por esta nebulosidade tão incomum nas últimas duas décadas.

Raramente temos observado notícias que promovam a auto-estima desta cidade, que causem impacto de forma positiva ou apresente reflexo de ações favoráveis para consolidação dos ideais da nossa gente. Assim, o panorama aparentemente dantesco que vemos de ruas esburacadas, mortes em fila de espera para algum atendimento, transporte público caótico, violência cotidiana que ceifas várias vidas, sistema decadente de educação, esteja globalizado por conta de uma crise econômica, da política que o Brasil vive ou da corrupção faraônica que se estabeleceu.

É fato que nestes últimos meses a cidade não conseguiu se apartar das crônicas policiais estampadas pelas grandes mídias. Ora é o esquartejamento de uma garota, ora é a Operação Lava-Jato batendo nas portas da cidade, vereador que deixa o presídio ou para ele volta, é a emissão de guias fraudulentas em planos odontológicos e agora, nós que imaginávamos que já tínhamos visto de tudo, de repente os novos tempos atiram Araraquara na criminalidade cibernética.

Perdemos a confiança no homem público de quem poderíamos tirar exemplos na construção de uma cidade criativa e nos sentimos distanciados da interação que deveríamos ter entre todos os setores da sociedade. Consequentemente não há anúncio de coisas boas, nem de situações que permitam boa leitura e análise do futuro da nossa cidade, pois do jeito que ela está caminhando, pouco ou quase nada dela vamos aproveitar ou esperar.

Qualquer um sabe que o mundo está mudando, rápido e em todos os sentidos. Infelizmente, estamos absolutamente defasados e desinformados em relação a isso aqui na cidade dominada por um lado direito e um lado esquerdo. Se lhe derem então um papel para que sejam escritas pelo menos três coisas boas que têm acontecido em Araraquara você haverá de patinar e não lembrar. Em contra partida se lhe pedirem três coisas que têm maculado o nome da cidade, logo você apontará várias.

Infelizmente, a divisão da cidade nos faz lembrar de um vilarejo italiano dominado pelo padre e o prefeito. Direita e esquerda. Cada qual queria mandar na população a seu modo, criando hábitos e costumes que não retratavam o bem comum ou da própria coletividade, mas os interesses individuais, dos quais amigos e familiares compartilhavam sob o olhar complacente da Justiça. Ora, não podemos dizer que isso ocorre aqui, mas a falta de liderança política e sobriedade entre os partidos nos apontam para caminhos escuros, incertos e não sabidos.