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Santa Casa, 118 anos: a modernidade sem perder a tradição

Por Ivan Roberto Peroni

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A Santa Casa de Misericórdia acaba de comemorar 118 anos de vida, tendo escrito a página mais importante e significativa da Saúde em nossa região, tornando-se além de referência, exemplo de dignidade e respeito aos costumes da nossa gente. A Santa Casa é fruto do trabalho dos nossos antepassados, a marca dos que, passando por ela, fizeram nascer a esperança do bom atendimento médico-hospitalar.

“Se os bancos, ou as agências bancárias fecharem as portas para nós, haveremos de encontrar sempre um banco a nos receber, pois ainda que o dinheiro seja importante, o poder de Deus é muito maior e uma fagulha do espaço celeste haverá de curar ou então salvar os mais necessitados”. A sabedoria do Cônego Lourenço Cavallini, vindo lá de Taquaritinga, certo dia abriu os nossos olhos para a realidade do poder e querer. Ele falava somente do Banco da Divina Providência, aonde ele – como sacerdote – ia todos os dias buscar a energia para manter uma instituição de pé, destinada a atender a todos.

Naqueles tempos sem plano de saúde ainda no mercado, a Santa Casa e a Beneficência Portuguesa, eram os dois hospitais a abrigar pela generosidade estatutária o sofrimento de quem buscava atendimento, tratamento, a mão entendida em busca da salvação.

Agora quando completa 118 anos, pomposa, suntuosa, cheia de vida, regada à tecnologia e aos novos tempos, mais que enaltecer o presente que é a continuidade e a necessidade da modernização médica, é preciso que voltemos nossos pensamentos para os que souberam construir e dignificar a medicina dentro do seu conceito mais puro que é o auxílio ao próximo.

De Alonso Martinez, Eduardo Lauand, Anuar Lauar, Euclydes Crocce, Roberto Felicio, Luiz Gonzaga Corrêa, Aurino Magalhães da Rocha, Youhana Sabag, Leonardo Cunha, que são dos nossos tempos, além de tantos outros, até hoje seus nomes estão gravados em nossas memórias dada a convivência que tivemos no dia a dia da imprensa, nos corredores dos hospitais. Trabalharam em tempos difíceis é verdade, suportaram o peso da responsabilidade que era de trabalhar com vida e por mais simples que fosse a falha – não tinha volta.

Mas, o que nos surpreende, ainda que seja ele da mesma época, é a disposição de Valter Cury Rodrigues por quem o apreço da comunidade é muito grande e administrando há mais de 10 anos a Santa Casa não arredou pé, não se curvou um só instante dos desafios colocados a sua frente. Com tenacidade em alguns momentos deste seu trabalho de diretor, talvez tenha dado um passo atrás nos momentos mais complicados, porém retomou os caminhos com altivez o tempo todo, plantando esperanças na construção de uma casa de saúde que fosse orgulho de nós todos.

São 118 anos, e podemos dizer sem medo de errar que hoje em dia é a modernidade de um hospital sem perder a tradição, oferecendo atendimento igualitário e humanizado para todos aqueles que precisam dela – um público de cerca de um milhão de habitantes –, sempre seguindo fielmente sua essência de priorizar vidas e cuidar de pessoas.

*Ivan Roberto Peroni, jornalista e membro  da ABI, Associação Brasileira de Imprensa

**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do RCIARARAQUARA.COM.BR