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Sem um Estado Palestino não teremos paz

Por Walter Miranda

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Quando li e ouvi o noticiário internacional sobre o anúncio do cessar-fogo em Gaza, um dia após o governo de Israel ter concordado com o acordo com o Hamas, e os cerca de 200 mil palestinos — idosos, mulheres e crianças — começarem a retornar, na condição de mendigos, famintos e miseráveis, para as terras prometidas por Deus desde a escravidão do Egito, confesso que chorei. Vi, naquela cena, meus bisavós e tataravós sequestrados na África retornando aos seus territórios em paz.

É sabido que as diferenças entre judeus e palestinos são de natureza cultural e religiosa. Os judeus são um povo de origem hebraica e têm uma religião monoteísta: o judaísmo. Os palestinos são um povo majoritariamente árabe e muçulmano, que habita a região entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo. Os conhecedores da palavra de Deus sabem que judeus e palestinos saíram da escravidão no Egito rumo à Terra Prometida — todos filhos de Abraão.

A tensão entre judeus e palestinos tem origem no século XIX, com o surgimento do sionismo, movimento político de judeus vítimas do Holocausto, expulsos da Alemanha pelo genocida Adolf Hitler, que retornaram à Palestina reivindicando a criação de um Estado judeu. Em 1947, a ONU propôs a criação de dois Estados — um para os judeus e outro para os palestinos. Os judeus fundaram o Estado de Israel em 1948 e, desde então, avançaram sobre as terras que também deveriam ser destinadas aos palestinos.

O enfrentamento entre judeus e árabes intensificou-se a partir da década de 1890, após a fundação do movimento sionista, especialmente quando judeus vindos da Europa retornaram à Palestina e se apropriaram da região entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo. É por isso que os movimentos palestinos em todo o mundo, em suas mobilizações, utilizam a palavra de ordem: “Palestina livre, do rio ao mar”.

Não consigo entender como algumas pessoas cristãs, que supostamente leem a Bíblia, não compreendem a luta justa do povo palestino em defesa de suas terras, invadidas pelos judeus que, “em nome de Deus”, criaram o sionismo — um movimento político surgido no final do século XIX, que visava à ocupação do território palestino e à formação de um Estado exclusivo, voltado à acumulação de tesouros terrenos, em desrespeito ao ensinamento cristão contido em Mateus 6:19-21. (Não acumuleis tesouro aqui na Terra….)

Para que haja paz, é preciso amor ao próximo — como demonstram 19 versículos na Bíblia, sendo o principal aquele de João 15:12: “O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros como eu os amei”. A invasão de Israel é tão injusta que mais de 150 países — inclusive o Brasil —, membros da ONU, reconhecem o Estado Palestino. Exceto os Estados Unidos, todos apoiam essa causa, mas Netanyahu insiste em não reconhecer o acordo aprovado na ONU. Falta amor ao próximo por parte deste ministro de extrema-direita.

Por mim, não deveriam existir Estados armados, que consomem trilhões de dólares anualmente, com guerras— recursos que faltam para eliminar a fome no mundo. Nessa linha de pensamento, defendo o desarmamento do Hamas, mas também o de Israel, que possui uma das forças armadas mais poderosas do planeta, inclusive com armas nucleares.

Penso que o histórico conflito entre judeus e palestinos continuará, mesmo após mais este acordo assinado. O mundo não suportará, por muito tempo, a ausência de paz e a instabilidade política na região. Enquanto não houver, com urgência, a criação de um Estado Palestino — soberano e independente —, até agora rejeitado por Netanyahu e pela extrema-direita ortodoxa no Parlamento de Israel, não teremos a paz maravilhosa descrita em Colossenses 3:15-16. Trump surfa nesta onda, com seus interesses políticos e comerciais.

Creio que, sem a criação do Estado Palestino soberano e independente, não haverá paz entre Israel e Gaza. Nesse dia, se Deus quiser, teremos a paz na Faixa de Gaza, atendendo ao desejo de Lucas 2:14.

(*) Walter Miranda, Auditor Fiscal da Receita Federal, aposentado, mestre em Ciências Contábeis pela PUC/SP, pós-graduado em Gestão Pública pela UNESP/Araraquara, militante da CSP CONLUTAS-Central Sindical e Popular e do PSTU-Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados

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