A exemplo do que aconteceu em Araraquara no dia 28 de dezembro e está ocorrendo no Litoral Norte Paulista neste momento, cujas tragédias registradas vão ficar gravadas em nossas lembranças por um bom tempo, nós temos dois exemplos semelhantes que mostram a nós, seres humanos, o quanto as vezes somos sensíveis aos problemas que giram ao nosso redor.
Lá evidentemente os fatos registrados são muito mais graves, a destruição foi bem maior, maior número de pessoas que perderam a vida, consequências mais drásticas para a reconstrução das cidades atingidas, no entanto, temos que levar em conta a dor que cada um sente, a tristeza que nos abate exigindo muita reflexão, sobre as pessoas, sobre os bens materiais, sobre a natureza, o meio ambiente e a própria responsabilidade de quem não age para evitar catástrofes deste tipo.
Lamentavelmente, ainda que sejam dados os avisos, feitos os apontamentos sobre riscos que nos cercam, mostradas as tendências de que mais cedo ou mais tarde poderemos ser as vítimas de um cenário impactante, não agimos com seriedade para evitarmos consequências tão tristes como as ocorridas aqui em Araraquara e também no Litoral. Estavam para acontecer. Só não tínhamos a data certa.
Vejam vocês que, anualmente, neste período de chuvas e de carnaval, o Brasil chora e lamenta casos tão tristes como esse verificado no litoral. Buscamos respostas, perguntamos por que? Se para alguns o carnaval é coisa do demônio e por um mês ele fica solto, para outros é a fatalidade exagerada. Mas, são fatos que coincidentemente deixam a sua marca no período que seria de profunda alegria, de gente feliz, roupas coloridas, de liberdade.
Se verificarmos o retrospecto de ocorrências tão tristes causadas nesta época de carnaval ou final do ano vamos ver que existe pontualidade nos casos que surgem, deixando um rastro de dor. E assim, a sucessão de tragédias que tem marcado o começo do ano no Brasil leva a comparações entre desastres que, embora diferentes, têm aspectos em comum – acusações de negligência contra quem administra os espaços, demora ou inexistência de responsabilização de culpados, respostas insuficientes por parte do poder público e, na maioria dos casos, mortes que poderiam ter sido evitadas.
Estão lembrados do rompimento da barragem em Brumadinho que foi em janeiro, e a tragédia em Mariana, em 2015; incêndios do Centro de Treinamento do Flamengo, em fevereiro, incêndio no Museu Nacional em 2018. E os especialistas são claros – nada acidental, todos são resultados de falhas.
Nesses grandes desastres recentes, também se repete o fato de as empresas e instituições envolvidas classificarem a situação como meros acidentes, episódios que não poderiam ter sido previstos, tampouco evitados. Assim, podemos dizer que na maioria dos casos – nem todos – houve sinais que foram ignorados e medidas de segurança que não foram tomadas, mas poderiam ter reduzido danos e os números de vítimas ou até mesmo evitado as tragédias.
*Ivan Roberto Peroni, jornalista e membro da ABI, Associação Brasileira de Imprensa
**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do RCIARARAQUARA.COM.BR