Todos os dias pelo menos um boletim de ocorrência é feito em Araraquara por violência doméstica, violência sexual ou violência de gênero contra mulheres residentes na cidade. Em 2020, foram quase 2.200 casos, uma média de seis vítimas por dia no ano passado. Os dados são do Centro de Referência da Mulher (CRM), órgão da prefeitura responsável pelo acolhimento das mulheres vítimas de violência, com base nos boletins de ocorrência da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM).
Órgão da Coordenadoria Executiva de Políticas para Mulheres, além de acolher, o CRM também faz o encaminhamento das mulheres a outros órgãos da rede caso sejam identificadas demandas de outras ordens como a questão social, habitacional e de saúde, por exemplo. Gabriela Palombo, coordenadora executiva de Políticas para Mulheres, informa que há um plantão 24h para acolhimento das vítimas de violência pelo telefone 16 99762-0697.
“Os números em todo Brasil, assim como em Araraquara, comprovam aumento da violência doméstica, portanto, maior insegurança e sofrimento às mulheres. Importante não deixar de denunciar, lembrando que o sigilo da denúncia e garantido e que outras pessoas, além da vítima, também podem denunciar pelo 190 ou 180. Somente com a denúncia podemos chegar até essa mulher e ajudar. O silêncio é conivente com o machismo, precisamos denunciar”, salienta Gabriela.
Confira o Guia de Serviços Para a Mulher de Araraquara
DENÚNCIA NO BRASIL
Segundo dados de 2020, o Brasil teve 105.821 mil denúncias de violência contra mulher, registradas pelo Ligue 180 e pelo Disque 100, segundo relatório divulgado no mês de março deste ano. De acordo com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, um dos principais fatores do aumento da violência doméstica foi a pandemia, que deixou mais próximos e por mais tempo vítima e agressor.
Segundo informa o governo federal, com base na Lei Maria da Penha, esse tipo de violência é caracterizado por ação ou omissão que causem morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico da mulher. Ainda estão na lista danos morais ou patrimoniais a mulheres.
De acordo com o ministério, uma mudança na metodologia adotada em 2020 impede que os dados sejam comparados com anos anteriores. Essa mudança permitiu, por exemplo, que mais de uma denúncia fosse registrada sob um mesmo protocolo. Ao mesmo tempo, cada denúncia também pode conter mais de uma violação ou envolver mais de um crime.
As denúncias de violências contra a mulher, de acordo com o ministério, representam cerca de 30% de todas as denúncias realizadas no Disque 100 e no Ligue 180 em 2020. Os canais também recebem denúncias de violações a diversos grupos vulneráveis, como crianças e adolescentes, pessoas idosas, pessoas com deficiência, pessoas em restrição de liberdade, população LGBT e população em situação de rua.
PERFIL DAS VÍTIMAS
O governo informou ainda que a maioria das denúncias tem como vítimas mulheres declaradas como de cor parda de 35 a 39 anos. O perfil médio da mulher vítima de violência doméstica inclui ensino médio completo e renda de até um salário mínimo. Já em relação aos suspeitos, o perfil mais comum é de homens brancos com idade entre 35 e 39 anos.
DENUNCIE
O governo federal oferece os seguintes canais de denúncia:
- Disque 100
- Ligue 180
- Mensagem pelo WhatsApp no número (61) 99656-5008
- Telegram, no canal “Direitoshumanosbrasilbot”
- Site da Ouvidoria do Ministério
- Aplicativo “Direitos Humanos Brasil” (para iOS e Android). O aplicativo, assim como os apps de troca de mensagem mais populares, permite o envio de fotos, vídeos e áudios. Também há um atendimento aos surdos por meio de chamada de vídeo, em Libras (Língua Brasileira de Sinais).
COMBATE À VIOLÊNCIA
O governo federal lançou em março deste ano uma campanha, em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para combate à violência contra a mulher em todo o país.
“o amor não causa dor, não causa medo, não deixa trauma ou dívidas” é uma das mensagens da campanha, cujo objetivo é chamar a atenção para as diversas violências físicas, psicológicas e patrimoniais sofridas por mulheres, informou o governo.
A ação publicitária traz peças e vídeo que serão encaminhadas para órgãos e instituições ligadas ao Poder Judiciário, como cartórios e tribunais de Justiça.