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Audiência pública sobre Escola Cívico-Militar virou embate ideológico

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Na noite desta segunda-feira (7), aconteceu na Câmara Municipal uma Audiência Pública para debater a implementação da Escola Cívico-Militar em Araraquara, já que o Estado de São Paulo aderiu ao programa.

Muitos presentes expuseram suas opiniões, além de algumas discussões e provocações no plenário da Casa entre esquerda e direita, deixando claro que a audiência seria um embate político ideológico.

O Governo Federal pretende implementar 216 escolas cívico-militares até 2023 com o Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares. Em 2020, serão 54 unidades. O foco do programa é ter uma gestão de excelência com uma equipe híbrida, composta por civis e militares. Têm preferência as instituições de ensino com baixo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e em situação de vulnerabilidade social.

Para o professor Álvaro Guedes, a regra de maior valor para os militares é a hierarquia de mando, e sem contestação – disse ainda que é necessário pensar em alternativas para a escola pública, propondo uma escolarização dos quartéis.

A professora Thabata Freitas Manzolli, disse que vive essa realidade há muito tempo, “ouve-se falar em democracia, mas nada mais democrático que perguntar a uma escola qual modelo de ensino quer seguir. Quando implantaram as escolas de período integral, aconteceu o mesmo processo de estranhamento. Perguntaram nas escolas quais queriam implantar, e a maioria rejeitou, hoje a maioria dos professores se inscrevem para dar aulas no período integral porque o modelo funcionou. Não é a mesma realidade, não é o mesmo aluno que vai na escola integral e que vai também para a cívico-militar, porque não é a mesma família que opta por uma educação participativa, que tem que ir a escola cada vez que a professora requerer, não que o aluno não tenha opção, a família decidiu que não quer este modelo. Nós não estamos colocando todo mundo em uma escola militar, estamos apenas perguntando se vocês querem tentar um novo modelo. Há um bom tempo que eu estou na educação, e que vejo as coisas não funcionarem, quando dizem que houve um corte de verba, há 10 anos estou em Araraquara e eu nunca vi verba. Há 10 anos eu tiro dinheiro do meu bolso para tirar Xerox para os alunos, ninguém me da nada, todos sabem que quem compra nosso material somos nós, e até caderno para aluno compramos. Professor não sente corte de verba, quem pode ter sentido é a gestão. Se vai fazer investimento em um novo modelo, pode ser que o modelo dê certo, estamos vivendo um modelo que não está dando certo, vamos tentar fazer algo diferente ? Segundo a professora, o município não tem um projeto de educação tardia, “eu recebo alunos do 6º ao 8º não alfabetizado na minha escola e não tenho ninguém que possa alfabetizá-lo, ninguém implementou esse projeto, tomara que encontrem boas escolas para implantar este novo caminho.

O Coronel Wagner Prado que trabalhou no incidente do massacre de uma escola em Suzano, fez o seu relato colocando que as escolas necessitam de mais segurança e que o projeto ajudaria neste quesito.

A secretária municipal da Educação de Araraquara Clélia Mara Santos, que participou da audiência afirmou que “esta cidade, em que pese os cinturões em que a situação não é um mar de rosas, ainda assim, não somos um município qualificado em nenhuma estatística por nenhum órgão como de vulnerabilidade social. E não somos no que tange as escolas pertencentes à rede municipal de educação avaliada como indicador de baixo IDEB”. Disse também que quem deveria estar debatendo esta proposta seriam os pais dos alunos e educadores.