Fins do século XIX, a cidade de Araraquara se recuperava da epidemia de Febre Amarela, ampliava suas riquezas econômicas através da produção do café e escoava pela estrada de ferro, inaugurada em 1885. A urbe crescia em volta do largo da Igreja Matriz, o ambiente político e social que existia era o coronelismo, de oposição o monarquista chefiado pelo Coronel Joaquim Duarte Pinto Ferraz e de situação o republicano chefiado pelo cafeicultor Coronel Antônio Joaquim de Carvalho.
O crime
Residia na cidade um jovem jornalista sergipano chamado Rozendo de Souza Brito, militante da monarquia e que escrevia notas no jornal local, sendo essas informações consideradas sempre ofensivas pelo Coronel Antônio Joaquim de Carvalho, chefe político da cidade.
Um morador, conhecido por Chico Viola, briga num bar e é preso e surrado pelo chefe de polícia Tenente João Batista Soares. Os monarquistas apoiam Viola, que acusa num processo o chefe de polícia, sendo que o Coronel Carvalho o defende, inciando assim uma série de acusações políticas e intrigas pessoais. O jornalista Rozendo manifesta sua opinião no jornal “O Binóculo”, criticando o Coronel Carvalho.
Conta a história que no dia 30 de janeiro de 1897, sábado, por volta das 17 horas, o Coronel Antônio Joaquim enxerga, de sua casa, o jornalista Rozendo adentrando na Farmácia São Bento, onde o tio Manoel de Souza Brito trabalhava como gerente. Encolerizado com as constantes notas no jornal, o Coronel Carvalho resolve tirar satisfações com o jornalista e vai até a farmácia, quando após momentos de discórdia entre os dois, o Coronel agride o jovem a bengaladas. Manoel, tio de Rozendo, tenta apaziguar a situação, mas o rapaz, no momento caído por baixo, acerta mortalmente o coronel com disparo de garrucha.
Após o episódio, o jornalista Rozendo e seu tio Manoel são presos, encaminhados à cadeia pública da cidade e, após decorrido uma semana do velório e sepultamento do Coronel Antônio Joaquim de Carvalho, no início da primeira hora do dia 07 de fevereiro, madrugada de domingo, os prisioneiros Rozendo e Manoel são arrastados para fora da cadeia pública por alguns indivíduos, linchados e abandonados no largo da Igreja Matriz.
Ambos, sobrinho e tio, foram sepultados pelos capangas dos Carvalho a quilômetros do centro da cidade, no Cemitério das Cruzes, sendo que o trágico acontecimento marcou a cidade de Araraquara, tendo que suportar por vários anos a expressão de “Linchaquara”.