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Direitos, respeito e saúde para as mulheres

A despeito de hoje em dia a mulher ter alcançado muitos direitos, a luta ainda continua, visto que ainda sofrem com o preconceito, a desvalorização e o desrespeito. Ambulatório de Atenção à Saúde da Mulher também é uma conquista

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Equipe do Ambulatório da mulher

O Dia Internacional da Mulher é comemorado mundialmente em 08 de março, frisando a importância da mulher na sociedade e a história da luta pelos seus direitos.

Ser mulher é ter que se adaptar a um estilo de vida para que não adoeça, e esta é a parte mais difícil para muitas mulheres que preferem cuidar que ser cuidada, atender e socorrer quem precisa para só depois atentar-se a si, e neste contexto adoecem. É neste caminho que entramos agora, saúde da mulher e onde encontrar ajuda.

O Ambulatório de Atenção à Saúde da Mulher, ligado à Secretaria Municipal de Saúde de Araraquara, com seus 26 funcionários entre médicos, enfermagem e administrativo, atendem mulheres da cidade e região para diagnósticos e tratamentos no setor de Oncologia, abrangendo Câncer de colo de útero, mama, entre outras doenças que afetam as mulheres. Momento difícil que muitas mulheres são acometidas pelo câncer de mama e que encontram no ambulatório apoio e tratamento.

A fisioterapeuta Lilian Salvatti Correia , a ginecologista Rita Sabag e a gestora Aline Figueira Fidelis

Segundo Aline Figueira Fidelis – Gestora do Ambulatório e enfermeira, a entidade atende hoje uma média de 340 mulheres semanalmente encaminhadas pelas unidades básicas de saúde, onde todo tratamento cirúrgico e pós é realizado na unidade e depois encaminhada para o setor de oncologia da Santa Casa para complementos como radioterapia, quimioterapia ou hormônio dependendo de cada caso. “Hoje estamos acompanhando 1.005 câncer de mama, 106 de endométrio, 43 de vulva e vagina, 58 de ovário e 196 de colo de útero, todas em tratamento.

Próteses que são doadas as mulheres após cirurgia de mama

A Saúde da Mulher conta com dois mastologistas Dr. Wellington e Dr. Luciana Lombardi, dois OncoPélvi – Dr. Eduardo Venerando e Ademir Salla, que são especialistas em tumores malignos que podem se desenvolver nos órgãos sexuais femininos, como na vulva, vagina, colo do útero, endométrio e ovários.

No ambulatório também são atendidas mulheres para cirurgias benignas com Dr. Wagner Mendonça e Dr. João Ricardo Sabag. Ainda segundo a gestora, anteriormente os casos benignos eram atendidos em locais separados, agora houve esta união para que o caminho seja mais curto para encaminhamentos e tratamentos mais rápidos.

De acordo com Manuela Moreira Faleiros Martins – Assistente Social, todos os processos de laqueadura e vasectomia passam pelo ambulatório, devido à legislação de 1996. Todos os pedidos tem origem nas unidades básicas de referência e passando pelos tramites burocráticos, “nós não temos fila ou demanda reprimida para laqueadura” afirma Manuela. Toda mulher tem o direito de passar por uma laqueadura desde que faça o pedido.

Lilian Salvatti Correia – Fisioterapeuta, acompanha 30 pacientes fixas no pós-cirúrgico, para que elas não fiquem com dificuldades nos movimentos e inchaço nos braços, devido a retirada de mamas. Elas têm também um projeto de doação de próteses externas mamarias, que vêm de São Paulo, que são de bolinhas de polietileno para que as mulheres coloquem dentro do soutien, deixando assim sua auto-estima mais alta. Para que este projeto funcione em sua plenitude elas gostariam de arrumar alguém que fizesse perucas para que elas doem, lenços e chapéus também são muito bem vindos, além de um espelho para que elas possam se olhar com as próteses e perucas. Nestes casos, muito importante para auto-estima da mulher.

Parte do projeto “Aurora”, se perdeu com o tempo, onde voluntárias davam aula de artesanato, Lilian explica que a professora era uma das pacientes, mas infelizmente faleceu. Hoje elas tentam trazer de volta o projeto, e contam com a participação do Grupo Chá de Lenços Único, que a cada 15 dias se reúnem com as pacientes diagnosticadas para uma roda de conversa.

A psicóloga Jaqueline Akiko Liberato

Para a psicóloga Jaqueline Akiko Liberato, o câncer está entre as doenças psicossomáticas, ligadas ao seu estilo de vida, a forma de se relacionar consigo mesmo ou com o outro, também interfere no aparecimento das doenças. “A doença vem como sinal de que algo não está bem na sua vida, não que seja o fator emocional o único, mas faz parte de um conjunto. A cabeça não rege o corpo? Ela doente te faz ter hábitos ruins na vida? Nós costumamos colocar a culpa na sociedade, na família, filhos, maridos por causa das pressões, mas tudo depende da sua escolha e do modo com que se encaram as questões, isto faz toda a diferença. O que mais vejo aqui é a própria mulher se violentando, abusando de si mesma, ela se dedica para o mundo e esquece-se de si mesma, este é o aspecto mais predominante nas mulheres que apresentam câncer, o auto-abandono. Mas isto ninguém gosta de ouvir e nem admite. Elas acreditam que tem que ser a mulher, mãe, esposa, profissional  perfeita, e não pode ser assim.

Focam somente em ir ao médico, fazer mamografia e acabam se esquecendo do estilo de vida, stress, má alimentação, não se dão um tempo para praticar esporte, industrializados que consomem, vida corrida, tudo isso faz parte do auto-abandono” – ressalta a psicóloga.

Cidinha Pavanelli é uma das pacientes do Ambulatório

Hoje a luta das mulheres não é somente por direitos, é a luta pela vida, pela cura, pela aceitação própria e na batalha perder uma parte de seu corpo, muitas vezes se sentindo mutilada, mas seguir adiante, porque a vitória só se consegue com conhecimento de causa. Aprender a aceitar e se sentir bem com o seu corpo durante e após o tratamento do câncer de mama é uma jornada pessoal e diferente para cada mulher.

COMEMORAÇÃO

Nesta segunda-feira (9), o ambulatório da mulher realiza um evento voltado para as comemorações do Dia Internacional das Mulheres com atendimentos grátis e café da manhã para toda a comunidade.

Na ocasião as equipes do Ambulatório, juntamente com alunos do curso de Medicina e da Liga Acadêmica de Saúde da Mulher (LASAM) da Uniara, receberão as mulheres para oferecer orientações sobre auto-exame de mama, a importância da realização regular da mamografia e do exame papanicolau, principal estratégia para detectar lesões pré-malignas e fazer o diagnóstico precoce do câncer de colo de útero.

Equipes do Centro de Testagem e Aconselhamento DST/Aids também participarão, realizando teste rápidos de HIV, Hepatites e Sífilis, visando a detecção precoce e prevenção. Estarão presentes ainda integrantes da Ong Esperança e da Ong Chá de Lenços. O evento conta ainda com a Banda Sinfônica da Polícia Militar, com apresentação marcada para 10h. O Ambulatório de Atenção à Saúde da Mulher está localizado na Avenida Osório, 184, no Centro de Araraquara.