
A socióloga e especialista em administração pública Edna Martins realizou, nesta segunda-feira (15), a palestra de abertura da XXVI Semana da Administração Pública no anfiteatro A da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, campus de Araraquara. Edna é egressa da instituição, onde se formou em Ciências Sociais e obteve o doutorado em Linguística e Língua Portuguesa.
A palestrante foi recepcionada pelos professores Vitor Trottman, Rafael Torrezan e Ana Capela, além do presidente do Centro Acadêmico de Administração Pública (CAAP), João Gabriel.
Convidada pelo CAAP, Edna apresentou a conferência “Foi então que eles vieram me buscar: os perigos da omissão e o valor do interesse público”, na qual percorreu sua trajetória pessoal e política.
TRAJETÓRIA DE LUTA SOCIAL
Edna relembrou seu início de militância nos anos 1980, quando, moradora da periferia e operária da fábrica Lupo, passou a integrar movimentos sociais, a Pastoral Operária e a Comissão da Mulher Trabalhadora. “Nossa mobilização sempre foi coletiva, defendendo políticas públicas ancoradas nos movimentos sociais”, afirmou.
Em 1994, ela fundou o Centro de Defesa dos Direitos da Mulher – Cedro Mulher, pioneiro em Araraquara no acolhimento e defesa das mulheres em situação de violência. “Na época, havia um grande silêncio sobre a violência vivida pelas mulheres”, recordou.
A necessidade de representação levou Edna à política institucional: foi eleita vereadora por três mandatos e tornou-se a primeira mulher presidente da Câmara Municipal de Araraquara. “Falar de mulheres é falar de 50% da população. Um mandato feminista é, antes de tudo, um mandato popular, que promove a participação da sociedade”, destacou.

EXPERIÊNCIA NO EXECUTIVO
Edna também relatou sua atuação como coordenadora de Políticas Públicas para Mulheres do Estado de São Paulo. Entre as iniciativas, elaborou o Plano Estadual de Políticas para as Mulheres, o primeiro a ser elaborado no estado. Entregue no final da última gestão do Estado, não foi implementado até então pelo atual governo estadual.
“Apresentei o plano a lideranças femininas da Assembleia Legislativa e busquei apoio da OAB, mas a implementação não avançou”, lamentou.
REFLEXÕES E DESAFIOS
Durante o debate com estudantes, Edna abordou temas como o silenciamento histórico das vozes femininas, a dificuldade de acesso das mulheres a posições de liderança, avanços na legislação, o papel das redes sociais, o enfraquecimento dos movimentos sociais e a persistência da violência de gênero e da masculinidade tóxica.
Ao encerrar, agradeceu o convite: “É uma honra compartilhar minhas experiências com a comunidade acadêmica. Quem tem conhecimento tem responsabilidades. Não abandonem seus compromissos com políticas públicas que façam a diferença”, concluiu.
A professora Ana Capela classificou a participação de Edna como “um presente” para a Semana da Administração Pública: “Uma trajetória de vida rica em contribuições concretas às políticas públicas, com experiências nos movimentos sociais, no Legislativo e no Executivo”, elogiou