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Esquema para blindar Sponton na sessão da Câmara cai nas redes sociais e gera mal estar político

Suposta interferência do Executivo no Legislativo durante sessão desta terça, provocou reação entre os vereadores petistas que entenderam a denúncia com indignação e repúdio, e dizem estar tomando todas as medidas cabíveis para a garantia de uma apuração rigorosa dos fatos e a responsabilização dos envolvidos.

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Segundo escândalo no Legislativo em cinco meses de mandato

Para controlar o andamento da sessão da Câmara Municipal, realizada nesta terça-feira (14), que definiria a criação de uma comissão processante para investigar a suposta “rachadinha” introduzida pelo vereador progressista Emanoel Sponton em seu gabinete, uma triangulação via-zapp foi montada envolvendo o acusado, mais o presidente da Câmara, Rafael de Angeli (Republicanos) e o secretário de Governo Leandro Guidolim.

As conversas entre os três vazaram nesta quarta-feira (14) nas redes sociais e logo as críticas ganharam corpo expondo novamente o Poder Legislativo a uma situação vexatória e de comprometimento de parte da classe política empossada em janeiro e que nem bem chegou ao sexto mês de um mandato enlameado por situações obscuras, disse o eleitor nas redes sociais.

Para monitorar e orientar o que deveria ser feito no decorrer da sessão foi criado no WhatsApp o Grupo “Sessão de Hoje” que tinha por objetivo blindar Emanoel Sponton que neste momento integra a Frente do Governo Executivo na Câmara Municipal e impedir a instalação da Comissão Processante. O principal alvo na conversa dos três componentes do grupo era o vereador Michel Kary (PL), que um dia antes fora destituído da função de líder de Lapena no Legislativo, talvez por discordar da blindagem a Sponton.

Tanto é que em dado momento da conversa do secretário de Governo – em mensagens ele ordena que Rafael de Angeli – controle o tempo para que os vereadores da base mudem seus votos: ““Assim que o Michel votar sim todos sabem como agir […] enquanto ele não votar, vamos em abstenção”, pregou o secretário de Governo, que respondeu – “Claro”.

Após retornarem para o reinicio dos trabalhos (sessão foi paralisada por 20 minutos para reunião da base governista) a manobra não aconteceu pois o pedido para instalação da Comissão Processante foi aprovado por unanimidade: até mesmo Sponton votou favorável.

Tendo em vista a repercussão do escândalo político as especulações cresceram para se apurar quem teria printado ou fotografado o WhatsApp do vereador Cristiano da Silva, também do PL, no computador. O parlamentar sugeriu a requisição das imagens captadas pelo circuito interno do sistema de monitoramento do plenário para identificar o autor.

PREFEITURA SE DEFENDE

Em nota a Prefeitura, diz do seu respeito absoluto à autonomia da Câmara Municipal e à independência entre os Poderes.

A mensagem enviada pelo secretário de Governo, em grupo de WhatsApp com vereadores, não teve como objetivo interferir na votação, muito menos obstruir qualquer investigação.

O diálogo não teve caráter institucional, nem partiu de uma determinação do governo municipal. Reforçamos que o secretário agiu dentro do seu papel político de articulação e diálogo.

A Prefeitura continua comprometida com a transparência, o respeito às instituições e à ética na vida pública, conclui o documento.

NOTA À POPULAÇÃO DE ARARAQUARA

Também o presidente da Câmara, Rafael de Angeli, consultado pelo RCIA, assim se manifestou:

“Fui surpreendido na manhã de hoje pela circulação de uma fotografia contendo uma conversa interna de um grupo que reunia alguns vereadores da base do prefeito Lapena. Nessa imagem, o secretário de Governo, Leandro Guidolin, me pedia — na qualidade de presidente da Câmara — que conduzisse com calma a votação do caso envolvendo o vereador Emanoel Sponton.

Sim, é exatamente isso: parte da mídia dedicou o dia a repercutir um print em que prometo conduzir com serenidade a votação mais delicada do ano. Não se trata de nenhum escândalo, esquema de corrupção, desvio de dinheiro público ou prática criminosa. O que está sendo divulgado é apenas que um secretário pediu calma na condução da votação e que eu, como presidente, concordei com a necessidade de equilíbrio e responsabilidade.

E, de fato, prometi ao secretário que haveria serenidade. Da mesma forma, fiz esse compromisso com todos os vereadores na reunião pré-sessão. E, mais importante ainda, reiterei esse compromisso ao vivo, no plenário, antes de dar início à votação. Agir com cautela num momento tenso é o mínimo que se espera de quem preside o Legislativo. Minha postura foi elogiada inclusive por vereadores da oposição — inclusive do próprio PT.

Seguirei dialogando com todos os membros da política araraquarense — sejam da base, da oposição ou independentes. Não me calarei diante de tentativas de criar fatos políticos artificiais para atacar minha conduta.

No que diz respeito ao processo envolvendo o vereador Emanoel Sponton, sigo firme em meu compromisso com a transparência, a imparcialidade e o rigor. Tanto que ontem foi aprovada por unanimidade a abertura da comissão processante contra o parlamentar.

Reafirmo meu respeito à população de Araraquara e à responsabilidade do cargo que ocupo. Como presidente da Câmara, minha prioridade continuará sendo a defesa da democracia, da legalidade e do interesse público, acima de qualquer jogo político”, conclui.

PT CONDENA ATITUDE ANTI-DEMOCRÁTICA

No final da tarde desta quarta-feira (14), os vereadores que formam a bancada do PT na Câmara, também enviaram ao RCIA uma nota condenando o ocorrido:

“Na última sessão da Câmara Municipal de Araraquara, um episódio alarmante veio à tona: uma imagem capturada durante a reunião revelou uma conversa no WhatsApp Web de um vereador da base governista.

Na conversa, o secretário de Governo, Leandro Guidolin, orientava vereadores sobre como votar, além de instruir o presidente da Câmara, Rafael de Angeli, a controlar o tempo da sessão para favorecer a base aliada.

Essa interferência direta do Executivo no Legislativo fere o princípio da separação dos poderes, essencial para o funcionamento da democracia.

A oposição recebeu essa denúncia com indignação e repúdio, e está tomando todas as medidas cabíveis para garantir a apuração rigorosa dos fatos e a responsabilização dos envolvidos.

É fundamental que a autonomia da Câmara Municipal seja preservada, assegurando que o processo legislativo ocorra de forma transparente e independente”, assegura.