
A tradicional fabricante brasileira de meias Lupo, com sede em Araraquara (SP), deu um passo ousado diante das pressões fiscais e doa forte competição internacional. A empresa inaugurou sua nova fábrica em Ciudad del Este, no Paraguai. O ato foi motivado, sobretudo, pelo impacto tributário decorrente da sanção da Lei nº 14.789/2023, que alterou a forma de tributação dos incentivos fiscais relacionados ao ICMS.
“Não é que a Lupo foi para o Paraguai, o Brasil empurrou a gente para o Paraguai”, declarou Liliana Aufiero, CEO da empresa, em entrevista publicada neste domingo (16) pela Folha de S.Paulo. Segundo ela, os tributos comprometeram a rentabilidade das operações nacionais: “Os impostos estão comendo a operação de forma violenta”.
A fábrica em Ciudad del Este tem capacidade para produzir até 20 milhões de pares de meias por ano, representando um investimento de R$ 30 milhões e a geração de aproximadamente 110 empregos. A operação paraguaia permite à Lupo trabalhar com uma estrutura de custos pelo menos 28% menor que a brasileira.
Além da questão fiscal, a concorrência foi outro fator que influenciou a decisão da empresa. No Paraguai, uma fabricante local controlada por um empresário chinês tem atuado de forma competitiva no mercado brasileiro, vendendo produtos a preços baixos e sem investir em construção de marca. Para Liliana, era necessário obter condições semelhantes: “Se ele consegue vender no Brasil sem investir em marca, e oferecer um bom produto a um custo menor, eu tenho que ter as mesmas vantagens”.
Hoje, a Lupo conta com 9 mil funcionários, 911 franquias, nove lojas próprias, cinco fábricas e três centros de distribuição. O faturamento da empresa em 2024 foi de R$ 1,85 bilhão. Uma das apostas da empresa tem sido a linha esportiva. Lançada em 2011, a Lupo Sports já representa 22% das vendas totais. No primeiro semestre deste ano, o segmento cresceu 28%, enquanto a marca principal registrou avanço de 2%. (Informações: Conexão Política)













