Um músico que lutou pela igualdade racial por meio de sua obra. Essa é a síntese dos depoimentos sobre Carlos Alberto do Amaral, que recebeu o Diploma de Honra ao Mérito em Sessão Solene da Câmara Municipal. A homenagem é de iniciativa do vereador João Clemente (PSDB).
Amaral foi integrante do grupo “Magnatas do Pagode”, que contribuiu para o protagonismo do samba e do pagode entre as gerações das décadas de 1980, 1990 e 2000, abrindo portas para que Araraquara tivesse projeção e reconhecimento nacional nesses estilos musicais, além de combater a discriminação e o racismo.
O evento de entrega da homenagem fez parte da programação do Novembro Negro em Araraquara, promovida pela Prefeitura, por meio da Coordenadoria de Políticas Étnico-Raciais, e com o tema “Até onde vai o seu racismo?”.
“A marca do Amaral é uma marca de quebra de paradigmas. Quem não escutou o tio Manoel dizendo [em vídeo de depoimento na sessão] que, no clube que os recebia, era fornecido copo de vidro para os músicos brancos e copo plástico para os músicos negros? Sem permissão de sequer frequentar o banheiro. Faz tão pouco tempo, e eles ainda insistem em nos colocar nesses espaços. Por isso, quando o Amaral é homenageado em vida, e eu fui só um instrumento para que isso acontecesse, a gente quebra o pilar do racismo, essa história de só homenagear os nossos quando não estão mais aqui”, afirmou Clemente, que presidiu a Sessão Solene.
VIDA
Desde criança, o estilo musical de que Carlos Alberto do Amaral mais gostava era o de bateria de escola de samba. Com 8 anos, trabalhava para ajudar a família e vendia amendoim para ganhar um dinheirinho. Quando sobrava um pouco, comprava alguns instrumentos musicais.
Com os amigos, criou uma torcida da Ferroviária chamada “FerroChopp”. Amaral era o diretor cultural e garantia a batucada. Eles passaram a ser convidados para animar as festas em clubes da cidade. Mas a música ainda era um passatempo para conciliar com o trabalho e os estudos.
No início da década de 1980, Amaral saiu do trabalho e dedicou sua vida à música. Seu primeiro grupo se chamava “Só Pagode”. Em meados de 1989, estava combinado que eles abririam um show de Almir Guineto, no Clube 22 de Agosto. No entanto, descobriu-se que outra banda, de Ademir Batera, já se chamava “Só Pagode” e estava gravando disco com esse nome. A partir daí, o grupo do Amaral mudou de nome: “Magnatas do Pagode”.
Nos anos 1990, o “Magnatas do Pagode” participou do 1º Festival de Pagode do Só Pra Contrariar. Esse festival lançou duas coletâneas de LP com o nome “Só Pra Contrariar e Seus Convidados”, volumes 1 e 2. O “Magnatas” foi um dos grupos que tiveram a música mais divulgada do Lp de Zezinho Cipó, que até os dias atuais está nos arquivos de samba das emissoras de rádio.
Em 1997, com o convite de um dono de escola de samba, Amaral mudou-se para Joaçaba (SC) e fundou o projeto “Futuro do Samba”. Quando voltou para Araraquara, ele tocou no projeto “Circuito do Cabral” no Sesc. A partir de 2000, Amaral deu início ao projeto “Samba de Bamba”, que segue até os dias atuais. Desde 2019, Amaral também se tornou chefe de cozinha.