Na 17º edição do Troféu Raça Negra Interior Paulista, Costa foi homenageado por contribuir para o fortalecimento da representatividade do negro e de sua cultura na sociedade.
Costa entre os homenageados em São José do Rio Preto recentemente
O promotor de eventos Daniel Amadeu Martins Filho, mais conhecido como Costa, recebeu o troféu como o promotor mais forte em resgate e resistência da cultura afro. E deve-se a isso o comando do tradicional Baile do Carmo,que acontece por suas mãos desde 1988.
Costa diz que há anos atrás havia cerca de 27 festas tradicionais da cultura negra espalhadas pelo país, e que hoje a única a qual resistiu ao tempo, as desventuras e aos políticos é o glorioso Baile do Carmo, que recebe pessoas de todo o território nacional.
Devido a isso, acaba de ser homenageado em São José do Rio Preto, com o troféu “Raça Negra”; ele ressalta que já recebeu diversas homenagens, e uma das mais importantes foi em novembro de 2018, pelo Conselho Afro realizado na Casa Portugal, diante de cinco mil pessoas na capital paulista.
Costa frisa que sua missão é árdua em Araraquara, pois trata-se de uma cidade preconceituosa e em um grau elevado: “é como se algumas pessoas adotassem um negro de estimação, somente para dizer que não são preconceituosas”, mas afirma que sempre lutou pela negritude e por isso já brigou com muita gente, para manter a tradição que acontece nos festejos de Nossa Senhora do Carmo em 16 de julho.
O GRANDE ENCONTRO DA RAÇA NEGRA
A festa que terá seu inicio no dia 10 de julho e seguirá com várias atrações até dia 14, atrairá novamente para a cidade milhares de pessoas e deverá movimentar a economia local.
Neste ano a nova atração do evento, que já tem apoio de vários artistas, músicos da mídia nacional será o concurso “Beleza do Brasil”, que até o momento já conta com mais de 100 candidatas com idade de 18 a 40 anos de “beleza inigualável”, disse Costa.
O promotor afirma que já perdeu terreno, casa, carro, para empreender e conseguir manter o Baile do Carmo, e que não conta com apoio do poder público, afinal, encara isso como missão herdada do escravo Damião, que ao morrer passou o bastão da festa para outro escravo e assim sucessivamente.
O BASTÃO DA FESTA
A Lei Áurea (Lei Imperial n.º 3.353), sancionada em 13 de maio de 1888, foi a lei que extinguiu a escravidão no Brasil. Costa ressalta que a festa começou 3 meses depois, no dia 16 de julho no Quilombo do escravo Damião, que ficava localizado onde hoje está o ginásio do SESC. “Muitos negros depois da abolição da escravatura saíram da cidade, outros preferiram ficar com seus senhores.
Damião que morava no Quilombo, foi acometido de banso, uma espécie de depressão, onde os negros ficavam de coque e morriam de tristeza naquela posição. Naquele momento de enfermidade, houve a aparição de uma mulher branca muito bonita, e disse a Damião que os negros tinham que parar de sofrer no Quilombo e começar a festejar a vida com batuques, danças e cânticos. Segundo a história do escravo, ele teve um contato com Nossa Senhora do Carmo. Diante disso criaram a tradicional dança Umbigada. Um Capitão do mato, recebeu denúncia de que os negros estavam festejando, mandou então amarrar Damião no pelourinho e cortar suas pernas, para servir como lição e exemplo aos outros negros; seu corpo segundo Costa, foi jogado na avenida 15 de Novembro, onde funcionou a Academia do Samba. E sendo assim, quem mantém o bastão do escravo nos dias atuais e responsável pelas festas e danças com muito samba é Daniel Costa.