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Entrega do Prêmio André Braz 2024 acontece nesta segunda-feira (13)

Cerimônia de entrega da premiação será realizada às 19h30 na Casa SP Afro Brasil "Oswaldo da Silva Bogé", com entrada gratuita para o público

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Prêmio André Braz num evento com Toni Santos e convidados

Nesta segunda-feira (13), às 19h30, a Casa SP Afro Brasil “Oswaldo da Silva Bogé” (Avenida Paulo da Silveira Ferraz, 1195, Vila Xavier) receberá a cerimônia de entrega da edição 2024 do Prêmio André Braz, premiação que homenageia anualmente dez homens negros – pretos e pardos –, que tenham se destacado na defesa e na promoção da igualdade, da justiça social e da dignidade da pessoa humana, no combate ao racismo, às desigualdades raciais e sociais.

A entrada é gratuita para o público, que também poderá acompanhar uma apresentação musical de Toni Santos e convidados e aproveitar a FeirAfro, que traz o trabalho de afroempreendedores e empreendimentos afros, com exposição e comercialização de produtos e alimentos.

Os homenageados da edição 2024 são Ademilson Bueno da Silva (Missão), Adilson José Aparecido Justino (Adilson Mayar), Uanderson Silva, Roberto Carlos Rocha (Professor Betão), Fábio Mahal da Silva Gonçalves (Mahal), José Lopes Nei (Nei), Joaquim Antonio da Silva Junior, Sarrinha Dionísio do Nascimento Júnior (Djavan / Só Alegria), Francisco Luiz Salvador (Kiko) e o Professor Dr. Dagoberto José Fonseca. Confira ao final da matéria um breve histórico de cada personalidade.

O prêmio tem como objetivo a valorização dos homenageados no contexto da cidadania. Para inscrição, a sociedade araraquarense em geral – autoridades, entidades, conselhos municipais, organizações da sociedade civil, comerciários e empresários enviaram as indicações por e-mail com os dados e um breve currículo que justificasse o motivo da homenagem.

A definição dos homenageados foi feita mediante a escolha, pela maioria dos integrantes do Conselho Municipal de Combate à Discriminação e ao Racismo (COMCEDIR), bem como pelo mapeamento étnico social realizado pela Coordenadoria Executiva de Políticas Étnico-Raciais. Foram avaliados o compromisso racial, social e a interatividade comunitária dos indicados.

Vale lembrar que, no ano passado, as personalidades que receberam o prêmio foram Benedito dos Santos, o Benê; Carlão Hamburgueiro; Cláudio Claudino; Cristiano Oliveira; Iracídio Stefannini Borges, o Mestre Irá; José Aparecido Gonçalves, o Zé Prettu; Júnior Barros, o Juninho; Marciano Pereira Vidal, o Zico da Prefeitura;  Nelson Vicente Júnior, o Nelsão; e Vagner Luiz de Souza, o Garça. Em 2022, foram homenageados Ricardo Leão Bonifácio, Edson Luiz de Barros (Aragão), Idemar Jordão (Jordão Chaveiro), Alberto Andreone de Souza, José Carlos Servino (Sabaúna), João Botelho Filho (Parafina), Caius Julius Cesar Domingos (Júlio César), Martinho Januário Santana, Fernando Aparecido de Souza e Daniel Amadeu Martins Filho (Costa).

SOBRE A PREMIAÇÃO

O racismo no Brasil é fator real de uma estrutura social que distribui desigualmente o poder político, a distribuição dos recursos e o acesso aos direitos humanos fundamentais. “Diante disso, sabemos que os homens negros ainda continuam relegados à base da pirâmide, com salários inferiores e com escasso acesso a postos de responsabilidades na hierarquia corporativa. O Brasil está diante de uma matança generalizada da sua população jovem, notadamente os rapazes negros, que são as principais vítimas da violência letal. O Atlas da Violência de 2021 apontou que a chance de um negro ser assassinado é 2,6 vezes superior à de uma pessoa não negra. Em suma, a taxa de violência letal contra pessoas negras foi de 162% maior que não negras. A instituição de prêmios como esses, são de extrema importância como espaço social de valorização e fortalecimento da comunidade negra e visibilizar pessoas que contribuem para uma sociedade mais digna e que raramente são enxergadas; sem dúvidas é uma forma de reconhecer o desempenho e toda contribuição que muitas vezes passam despercebidas. O prêmio André Braz possibilitará a autoafirmação. É mais um passo na luta por espaços e contra a discriminação racial”, afirmou a coordenadora executiva de Políticas Étnico-Raciais, Alessandra Laurindo.

SOBRE O HOMENAGEADO

André Braz era músico, mestre de bateria e foi reconhecido pelo seu trabalho como fundador e idealizador da Associação Cultural Afrodescendente dos Amigos de Araraquara e Região (ACAAAR), grande figura na luta dos afrodescendentes da nossa cidade, sempre com o objetivo de fortalecer os laços da comunidade negra, bem como valorizar a cultura afro, desenvolvida um trabalho que foi referência para todos e deixou uma lacuna na luta pela igualdade racial.

O PRESIDENTE DE HONRA

O mês de maio foi escolhido para a cerimônia, pois é em homenagem à data de nascimento do presidente de honra do prêmio, que é o Sr. Pércio Damázio, antigo morador da Vila Xavier, que nasceu em 1º de maio de 1928, e faleceu no dia 8 de dezembro de 2023 aos 95 anos, tendo vivido 75 anos de matrimônio com Dona Ivone Damázio. Era aposentado da Companhia Paulista de Estrada de Ferro e sempre se dedicou ao esporte amador de Araraquara. Foi diretor e técnico do time de futebol da Atlética da Vila Xavier.

A partir da década de 1970, Sr. Pércio incorporou às tradições atleticanas uma escola de samba que passou a fazer parte das manifestações carnavalescas da cidade de Araraquara, a ponto de ter seu nome colocado em um samba-enredo da agremiação, como justa homenagem pelo seu entusiasmo e disposição para defender a Atlética. Foi reconhecido por todos do movimento social negro como um grande entusiasta e incentivador da cultura negra araraquarense.

HOMENAGEADOS PRÊMIO ANDRÉ BRAZ 2024

1 – ADEMILSON BUENO DA SILVA (MISSÃO) – Araraquarense, filho do ferroviário Benedicto Bueno da Silva e de Apparecida de Lourdes Sant’anna silva. Vem de uma família que há gerações está na luta por direitos e igualdade racial. É capoeirista, aprendeu essa arte com seu irmão Carlão, que nos idos dos anos 70 trouxe o Mestre Zé Maria para ensinar capoeira, pela primeira vez, em Araraquara. Missão traz no sangue até hoje essa arte, símbolo da nossa cultura, e ajuda a divulgá-la nos espaços por onde passa. É artesão, tabaqueiro, é do maculelê e faz da sua arte uma ferramenta para transmitir os valores e a história dos mais velhos e da nossa ancestralidade.

2 – ADILSON JOSÉ APARECIDO JUSTINO (ADILSON MAYAR) –  O sambista do povo.  É aposentado e desempenha papéis como cantor, compositor e poeta. Filho de Dona Benedita Justino e irmão de Fátima, Angélica, Maria do Rosário, Luiz e Agerson. Foi intérprete da Estrela de Vila Santana, escola de samba do saudoso Mestre Bogé. Adotado espiritualmente por mãe Ilenir e mãe Leondina, mudou-se para São Paulo aos 16 anos. Lá, gravou dois discos de vinil de umbanda a convite de seu pai espiritual, Elso de Oxalá. Adilson defendeu alguns sambas de enredo do saudoso Fioti e se apresentou em várias casas noturnas paulistanas, com o antigo nome artístico de Didi de Oxalá. Ele também trabalhou na área de enfermagem do setor público estadual. Em 2017, retornou à sua cidade natal, Araraquara, onde realizou um show em homenagem à Consciência Negra no Palacete das Rosas. Atualmente, ele está dedicado ao projeto “Adilson Mayar canta”, uma série de tributos aos grandes nomes da música brasileira.

3 – UANDERSON SILVA – Capoeirista há mais de 15 anos, pertencente ao grupo Sol da Liberdade. Atleta da Fundesport na modalidade atletismo com diversas premiações nacionais. Educador social das Oficinas Culturais Municipais de Araraquara, trabalha em projetos sociais e de educação complementar há quase três anos. Hoje atua na Emef Olga Ferreira Campos, Emef Eugênio Trovatti, Instituto Eurípedes Barsanulfo, Cras Yolanda Ópice, Quilombo Rosa e Centro de Referência Afro. Leva arte e cultura da capoeira a diferentes territórios da cidade, sobretudo às crianças em vulnerabilidade social, com responsabilidade e compromisso. De origem humilde no Jardim das Hortências, também é fruto dos projetos sociais do município e devolve à cidade a retribuição de como o esporte e a cultura podem transformar a vida das pessoas.

4 – ROBERTO CARLOS ROCHA (PROFESSOR BETÃO) – Tem a sua história pautada nas instituições escolares. Sua trajetória é marcada por passagem em diversas escolas, ministrando aulas há 29 anos, para ensino médio e pré-vestibular. Natural de Araraquara, nascido em 4 de maio de 1973, estudou nas escolas Antônio Joaquim de Carvalho e EEBA, e graduou-se na Unesp FCLAR Araraquara no curso de Ciências Sociais. Se especializou em Geografia Econômica na Unesp Araraquara. Atualmente, aos 51 anos, a docente ministra aulas de geografia no colégio Objetivo Araraquara, Colégio Objetivo São Carlos e no colégio SEB Ribeirão Preto. Também possui experiência profissional em outras oito escolas.

5 – FÁBIO MAHAL DA SILVA GONÇALVES – É conselheiro no Conselho Municipal de Combate à Discriminação e ao Racismo e servidor público municipal desde 2006, tendo atuado como professor de língua portuguesa na Prefeitura e no estado, professor-coordenador e assistente educacional pedagógico. Atualmente, é diretor de escola. Filho de José Aparecido Gonçalves, o Zé Prettu, militante do movimento negro há mais de 40 anos, Mahal sempre procurou, em seu trabalho, destacar a temática étnico-racial nas suas aulas. Defende que não importa a posição que alguém ocupe, nunca devemos nos esquecer onde nossos pés pisaram e dos mais velhos e mais velhas que estiveram conosco, segurando nossas mãos para nos conduzir. Filho de um dos precursores do movimento negro em Araraquara, em seu trabalho e em sua vida pessoal sempre procurou destacar a importância de cada um assumir seu papel na luta antirracista.

6 – JOSÉ LOPES NEI (NEI) – Militante dos Direitos Humanos, iniciou ainda aos 15 anos no Movimento de Cultura Hip Hop, profissional do Designer Gráfico. Autor das revistas em quadrinhos as Aventuras de Zeca e Nina e Rima Ilustrada que de forma ilustrada leva o diálogo sobre Direitos Humanos para comunidades de   Araraquara com foco na luta antirracista e sobre os direitos de crianças e adolescentes, autor do livro Conselho Tutelar autônomo e Popular, Membro do Coletivo Bases, está como Conselheiro Tutelar de Araraquara.

7 – JOAQUIM ANTONIO DA SILVA JUNIOR (SARRINHA) – É um homem multifacetado cuja vida transita por conquistas no futebol e no samba. Nascido em 16 de julho de 1961, filho de Quinzinho do Bar do Tamoio e Dona Claudete, sempre foi assunto nas histórias sobre sua chegada ao mundo, coincidindo com o dia de Nossa Senhora do Carmo e a volta de parentes de Campinas do Baile de Gala daquele ano. Ao longo de sua vida, Sarrinha destacou-se como atleta de futebol amador, conquistando títulos. Sua paixão pelo futebol o levou a aceitar o convite do presidente da Festa Baile do Carmo, Daniel Amadeu Martins (Costa), em 1982, para organizar o torneio esportivo da festa, uma posição que ocupou por 34 anos. Teve uma carreira profissional sólida, trabalhando como mecânico montador na Villares, na produção da Nestlé e posteriormente se aposentando como merendeiro na Prefeitura Municipal, acumulando 38 anos de carteira assinada. Atualmente tem curtido sua aposentadoria dedicando tempo à sua mãe, aos netos, ao bom samba e às redes sociais, onde compartilha com orgulho as belezas e realizações de Araraquara para o mundo, defende as causas raciais e política com integridade.

8 – DIONÍSIO DO NASCIMENTO JÚNIOR (DJAVAN / SÓ ALEGRIA) –
 Chef de cozinha, muito conhecido por suas habilidades culinárias no restaurante Só Alegria. Casado com Vera Lúcia e pai de duas filhas, Giovana e Fernanda, ele também é reconhecido por sua atuação no baile do Carmo, onde preparava uma feijoada lendária, e por ter sido campeão da ala show pela Academia de Samba. Além de seu talento na cozinha, Dionísio é professor de pintura e já realizou trabalhos filantrópicos na penitenciária de Araraquara. Ele também é conhecido por suas contribuições musicais, sendo um dos precursores da música do Café Pilão, Palhoça, e tendo tocado em diversas casas noturnas e pizzarias, incluindo uma colaboração com Djalma Lúcio em Ituverava.

9 – FRANCISCO LUIZ SALVADOR (KIKO) – Nasceu em Araraquara em 1950 e, desde jovem, marcou presença em eventos e ações da comunidade negra. Em São Paulo, participou do Centro de Cultura e Arte Negra (Cecan) e, posteriormente, em Araraquara, foi um dos fundadores do Gana, responsável pela realização do 1º Feconezu. Como jornalista, teve uma trajetória marcante dentro dos meios de comunicação, principalmente no rádio. Trabalhou também por 19 anos na assessoria de imprensa da Câmara Municipal de Araraquara, atuando na TV Câmara desde a sua criação. Kiko ainda participou de um programa diário na rádio Lefemara, transmitido via Internet, e auxiliou na organização da Cooperativa de Imprensa Negra no Instituto de Pesquisa da Cultura Negra (IPCN). Foi presidente do Comcedir, é Prêmio Zumbi dos Palmares e Cidadão Benemérito. Pai e avô dedicado, é um exemplo que mostra os caminhos para quem quer trilhar a militância negra.

10 – PROFESSOR Dr. DAGOBERTO JOSÉ FONSECA – Professor livre docente/catedrático da Faculdade de Ciências e Letras – Campus Araraquara – da Universidade Estadual Paulista (Unesp), coordenador do Centro de Estudos das Culturas e Línguas Africanas e da Diáspora Negra (CLADIN) e do Laboratório de Estudos Africanos, Afro-brasileiros e da Diversidade (LEAD) e Coordenador Científico do Núcleo Negro da Unesp para a Pesquisa e Extensão (NUPE), vinculado à Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Unesp. Escritor e poeta de livros infantis,  infanto-juvenil, acadêmicos e científicos,  sua última obra publicada foi “Um povo, duas nações: Angola e Brasil – o mundo Bantu no Atlântico”, pela Editora Dandara (2024).