“Nesse momento de pandemia, as pessoas estão a procura de Deus. E a nossa Araraquara vive uma situação muito complicada. É muita angústia, depressão, medo e solidão. Qualquer mensagem de conforto espiritual é muito importante. Espero que essas duas obras de arte sacra possam transmitir esse sentimento”.
É dessa maneira que o renomado artista plástico araraquarense Gino Savino nos conta que a Igreja Nossa Senhora das Graças receberá, em breve, duas obras de sua autoria. O acordo foi firmado junto ao pároco da comunidade, o Padre João Campanini. Ao fim da pandemia, a entrega será feita in loco. Posteriormente, ocorre a entronização.
“Deus me deu tanta coisa. Então, é extremamente gratificante presentear a minha terrinha, localizada num país, essencialmente, Cristão. Fiz tudo isso com muito carinho e com o coração aberto”, revela.
A primeira delas, uma tela com Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, foi policromada em baixo relevo. A outra é uma pintura acrílica batizada por ele como “Sou Eu Que Falo Contigo”, que retrata o encontro de Jesus com a Samaritana em um poço de água onde Ele, humildemente, lhe pede água.
Sobre a escolha da imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Gino nos explica que Ela é muito importante para Araraquara, como uma padroeira. Em suas palavras, na Igreja de Santa Cruz fica uma das duas mil fotos feitas a partir da imagem original, localizada em Roma, na Itália. “Fiz uma livre criação, na qual mudei alguns detalhes, como, por exemplo, o tamanho dos anjos”, explica.
AGRADECIMENTO
Feliz com o resultado, o artista resolveu fazer outra pintura para doação, relatando, segundo ele, uma comovente passagem do Novo Testamento na qual Jesus se encontra com a Samaritana em um poço de água. Para essa obra, chamada por ele de “Sou Eu Que Falo Contigo”, muitos são os detalhes.
“Comum em obras sacras, o título dela está nas pedras. “Se você reparar, há 12 flores, uma referência aos apóstolos. Existem cinco lágrimas, uma menção às chagas físicas de Jesus. As flores a frente, somadas, chegam ao número 33, a idade de sua crucificação”, aponta.
MUNDO PANDÊMICO
Residente em Vancouver, no Canadá, há décadas, Gino Savino, antes da pandemia, vinha ao Brasil duas vezes por ano para ver amigos e familiares. Seu trabalho, hoje, está representado em galerias dos Estados Unidos, Canadá e Europa.
“Em todo esse tempo, tenho trabalhado muito, graças a Deus. E sou muito grato por isso. Todas as técnicas de artes plásticas que atuo, como a micro escultura, a xilogravura e as pinturas me deixam ocupado o tempo todo. Mas fico muito triste em saber que muitas pessoas passam por imensas dificuldades”, relata Savino.
SEM FRONTEIRAS
Formado em Engenharia e, originalmente, escultor e entalhador de portas em madeira personalizadas em Araraquara, Savino foi um dos fundadores do Grupo de Arte Contemporânea de Araraquara ao lado de Lauro Monteiro, Euzânia Andrade, Sueli Ferrer, Bernadete Guimarães, Antonio Carlos Albino, entre outros artistas.
Sua biografia, “Gino Savino – Um Percurso de Busca”?, é assinada pelo Imortal da Academia Brasileira de Letras, o também araraquarense Ignácio de Loyola Brandão. A obra é um livro de arte com a primeira parte texto e a segunda parte com ilustrações.
“O Ignácio foi muito criativo sem perder o aspecto verdade da história de vida, em uma biografia romanceada. Quem conseguiu a sua participação foi o amigo e advogado Fernando Passos e também contatou a editora DBA, um dos melhores portfólios de livros no Brasil”, disse Savino em entrevista ao jornalista Matheus Vieira em outubro de 2014.
Um ano antes, realizou, no Teatro Municipal de Araraquara, a exposição “Gino Savino – 40 anos de Artes Plásticas”, na qual relatou toda a sua trajetória no mundo das artes. A organização também teve a participação de Fernando Passos.
(Por Matheus Vieira)
