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FIDA 2021: Programação híbrida e questões indígenas marcam a edição deste ano

Atividades presenciais e remotas chegam sob o mote: “Dançar para sustentar o ceú”

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A abertura oficial no dia 22 de setembro (quarta-feira) obedecerá ao início da primavera. (Foto: Divulgação)

A programação do 21º FIDA – Festival Internacional de Dança de Araraquara – realizado pela Prefeitura de Araraquara, por meio da Secretaria Municipal da Cultura e Fundart – será apresentada de 22 a 30 de setembro, de forma híbrida: com atividades presenciais e remotas.

“Dançar para sustentar o ceú”, expressão utilizada pelo filósofo, poeta e escritor brasileiro da etnia indígena crenaque, Ailton Krenak, é a grande inspiração dessa edição do FIDA que tem a curadoria assinada por Gilsamara Moura.

 

Residências e oficinas – A edição “híbrida”, devido à pandemia da Covid 19, apresenta duas residências artísticas de maneira presencial, enquanto todo o restante da programação será veiculado pelo canal da Prefeitura de Araraquara no YouTube. Vale lembrar que as inscrições para as duas residências presencias – “Corpografias sonoras em ações e encontros improváveis”, com Daniela Amoroso (06 a 09 de setembro, das 14h às 18h) e “Extinto(s)?”, com Denny Neves (13 a 19 de setembro, das 13h às 18h) – já estão abertas e as informações podem ser conferidas no site da Prefeitura de Araraquara (www.araraquara.sp.gov.br/fida2021).

Uma terceira residência, ministrada virtualmente – também está na programação: é “Biblioteca da Dança”, com Jorge Alencar, Neto Machado e artistas. A atividade será realizada de 20 a 24 de setembro (segunda a sexta), das 14h às 17h, com duas sessões de mostra pública de processo nos dias 27 (segunda) e 29 de setembro (quarta), às 20h30, em formato on-line, via plataforma Zoom. As inscrições dessa atividade promovida pelo Sesc Araraquara, parceiro do FIDA 2021,podem ser realizadas pelo link https://forms.gle/nqY2N95fYgPnDGkv6 .

Destas 3 residências sairão obras que irão integrar a programação do FIDA 2021. Ainda, nos dias 25 e 26 de setembro, das 10 às 12h, será realizada a Oficina “Novos Olhares do Corpo no Balé Clássico” (prática/teórica), com Ângela Nolf (SP). Esta atividade será realizada por meio da plataforma Zoom.

 

Programação – A abertura oficial no dia 22 de setembro (quarta-feira) obedecerá ao início da primavera, sendo a primeira atividade às 16h21 com a apresentação do clipe “Pense & Dance” trazendo artistas da dança, teatro e performance, seguida de depoimentos.

A multiartista, performer e pensadora Linn da Quebrada é a convidada para a live “Pense & Dance”, com início às 17 horas. Pensando questões sobre cultura, arte, pesquisa, diversidade e pluralidade de corpas, a participação de Linn será emblemática na programação do FIDA. O encontro terá a presentação de Gilsamara Moura, curadora do FIDA, e dos artistas Douglas Emílio e Vita Pereira.

À noite, às 20h30, haverá Mostra de Videodança com a curadoria de Denise Matta, da IMARP – Mostra Internacional de Dança Imagens em Movimento – Vídeo Dança. Denise Matta é uma artista da dança envolvida com vídeodança e está em várias redes brasileiras e da América do Sul, fazendo circular obras do mundo todo. “A curadoria para o FIDA foca em obras fora do eixo, dando visibilidade a minorias de vários lugares do mundo”, comenta Gilsamara.

Uma das novidades do FIDA 2021 foi o edital lançado para contratação de projetos transartísticos, envolvendo intercâmbio de artistas e linguagens artísticas. Foram 5 trabalhos selecionados – “Neutres”, “Esperar Cansa”, “Dança das Folhas”, “Travessias do Fatrimônio” e “Apesar”. A mostra desses projetos será realizada no dia 23 de setembro (quinta-feira), às 18 horas, com a apresentação dos jornalistas Danielle Aquino e Tadeu Queiroz.

A live “Samba-rock: mulheres na condução” terá início às 19 horas da quinta (23), com mediação da bailarina Sabrina Kelly, com a participação de Camila Camargo, Anna Paula Crus Full e Luzinete Silva. A mesa formada por mulheres negras irá questionar o binarismo no Samba Rock, em que o homem é quem comanda a dança. “As mulheres dessa dança estão em outra vertente: a de que também fazem a condução. A reflexão será lançada!”, aponta a curadora.

Novamente às 20h30, novos trabalhos voltam à cena com a Mostra de Videodança da IMARP – Mostra Internacional de Dança Imagens em Movimento.

A live “Tratado de micropolíticas para Festivais de Dança no Brasil” abre a programação do dia 24 de setembro (sexta), às 19 horas. Participam: Gilsamara Moura (SP), Verusya Correia (BA) e Janaína Lobo (PI), que forma uma tríade de intercâmbio artístico, unindo instituições de Araraquara, Itacaré e Teresina. As representantes de três festivais que não são de grande porte orçamentário e de grandes circulações – Festival de Dança de Itacaré, JUNTA – Festival Internacional de Dança de Teresina e o FIDA – já conversam há algum tempo a fim de estabelecer uma parceria, um compromisso entre as cidades para viabilizar, a partir de 2022, um corredor de circulação independente dos artistas dessas cidades.

Na sequência, às 20h30, retornam os vídeos-dança da IMARP – Mostra Internacional de Dança Imagens em Movimento.

No dia 25 (sábado), haverá a mostra do resultado da residência Nômade “Corpografias sonoras em ações e encontros improváveis”, com Daniela Amoroso, às 19 horas. A mostra será seguida por uma live com Daniela, mediada pelo coordenador de Acervos e Patrimônio Histórico, Weber Fonseca.

Depois, às 20h30, será realizada a mostra de obras artísticas da Escola Municipal de Dança Iracema Nogueira e do programa Oficinas Culturais Municipais, com depoimentos sobre políticas públicas culturais.

No dia 26 (domingo), a programação fica por conta da Mostra de obras artísticas da Escola Municipal de Dança Iracema Nogueira, às 18 horas; e da Mostra de Videodança da IMARP, às 20h30.

A reconhecida coreógrafa e bailarina brasileira, Lia Rodrigues, é a convidada do dia 27 (domingo) para o encontro “Para que o Céu não Caia”, com coordenação de Corpo Rastreado (SP). “Lia Rodrigues já esteve em Araraquara, nas primeiras edições do festival e é considerada uma das artistas mais importantes do mundo”, lembra Gilsamara. “A companhia da Lia produziu uma obra inspirada no livro ‘A Queda do Céu – palavras de um xamã yanomami’, de Bruce Albert e Davi Kopenawa. Esta obra se chama ‘Para que o céu não caia’, e identificamos que ela iria contribuir para a reflexão do festival. Traremos questões sobre a produção desta obra e também sobre o contato dela e dos bailarinos com os yanomamis e o próprio Davi Kopenawa. ‘Para que o céu não caia’ é um trabalho que já se apresentou no mundo todo”, esclarece a curadora.

Na sequência, às 20h30, será apresentada a mostra da residência virtual “Biblioteca da Dança”, com Jorge Alencar (BA), Neto Machado (PR) e artistas da cidade selecionados. A atividade é uma realização do Sesc Araraquara, parceiro do FIDA 2021 e as inscrições para essa residência remota serão divulgadas em breve.

No dia 28 será apresentada a mostra de mais uma residência: “Extinto(s)?”, com Denny Neves (PE). A atividade terá início às 19 horas, sob a mediação do gestor da Secretaria Municipal da Cultura, Carlos Fonseca.

A bailarina de Araraquara, Luzinete Silva, é a atração das 20h30 com o seu novo trabalho aprovado pelo ProAC, “Bruxa Preta em Retomada”. A apresentação deste vídeo dança conta com a produção de uma equipe de profissionais araraquarenses.

O penúltimo dia do FIDA 2021, 29 de setembro (quarta) tem início às 19 horas com a live “A cena artística latino-americana de nossa Abya Yala”, unindo pesquisadores do Panamá, Chile e Equador, sob mediação de Alejandra Días (Crear em Libertad – Paraguai). Participam: Ximena Eleta de Sierra (Red de Festivales Latinoamericanos Sinergia – Panamá), Daniel Lattus (FITZA – Chile), Jorge Parra (ZonaEscena – Equador) e Pedro García (Spaciocero – México).

Nesta mesa latino-americana, em espanhol, participam vários curadores de festivais. “Iremos deslocar o entendimento de uma cena artística brasileira para fora do Brasil, ampliando a cena com os nossos países irmãos, fronteiriços ou não, mas que enfrentam as mesmas dificuldades dos bailarinos brasileiros”, argumenta Gilsamara.

Às 20h30, novamente Jorge Alencar e Neto Machado (PR), com artistas de Araraquara selecionados, apresentam mais uma produção da mostra da residência virtual “Biblioteca da Dança”, realizada pelo Sesc Araraquara.

Por fim, fechando a programação no dia 30 de setembro (quinta), às 18 horas será realizada a live “Cosmogonias Indígenas”, com lideranças indígenas do interior paulista (Tiago Nhandewa e Davi Terena), com a mediação de Rosana Silva. O pensador e filósofo Ailton Krenak é o convidado da última atividade do FIDA 2021. Às 19 horas, sob mediação de Gilsamara Moura, Krenak participa da live “Cosmopercepções Culturais sobre a Importância de Dançar e Cantar para Sustentar o Céu”.

Esta programação do último dia, também chamada de “FIDA contra o Marco Temporal”, traz mesas de pensamentos que se associam, porque trazem lideranças indígenas “para termos a consciência de que não estamos separados dessa luta. O território brasileiro é um território indígena. Por que tivemos essa separação? Aprendemos de forma preconceituosa a nossa própria história. Esses líderes trarão as suas próprias lutas, mas a dança e o canto desses povos, são fundamentais para nós que fazemos dança na contemporaneidade”, alerta Gilsamara.

Após as mesas haverá a exibição do vídeo performance “Mãos Talhadas” – um filme de Aline Fátima e direção de fotografia de Paulo César Lima.

Vale destacar que nos dias 20 e 21 de setembro, às 10 e também às 15 horas, serão veiculados podcasts com a participação de três professores doutores que não são da área da Dança, mas que sempre acompanharam a trajetória do FIDA. A conversa vem com temas que abordam políticas públicas e, claro, a importância do FIDA para Araraquara. Os podcasts serão veiculados no Spotify da Prefeitura Municipal de Araraquara.

Toda a programação é gratuita.