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“O jornalismo esportivo vive uma crise, mas ainda é essencial”, diz André Henning

Narrador analisa o impacto das redes sociais, o crescimento dos influenciadores nas coberturas esportivas e lamenta a perda de oportunidades de diálogo entre jovens e ídolos da comunicação.

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André Henning, narrador da TNT Sports (Foto: Gabriela Queiroz)

Narrador da TNT Sports e um dos principais nomes da comunicação esportiva brasileira, André Henning foi o convidado do novo episódio do podcast Andreoli Modo On, apresentado por Felipe Andreoli com patrocínio da Superbet e transmissão pelo Kwai. Com quase 30 anos de carreira, Henning ofereceu um diagnóstico contundente sobre os desafios e caminhos do jornalismo esportivo na era digital. 

Durante o papo, ele afirmou que o jornalismo esportivo vive uma crise, impulsionada por mudanças no consumo de conteúdo e pela ascensão de influenciadores nas coberturas. Segundo Henning, o público prefere acompanhar alguém que fale sua linguagem, que se posicione como torcedor e reaja com emoção, do que ouvir análises mais técnicas ou imparciais. Para ele, o jornalismo continua sendo essencial, mas precisa se adaptar ao que a audiência busca, sem perder a ética e sem se tornar chato. 

“Estamos vivendo uma crise no jornalismo, não só esportivo. O público quer ouvir o torcedor que fala a linguagem dele, que reclama do lateral direito com paixão. Não quer mais o comentarista que diz ‘veja bem'”, afirmou.

Ele também destacou a dificuldade crescente em equilibrar informação e entretenimento em tempos de redes sociais. “A gente vive um momento difícil. A audiência está buscando outra coisa, e o jornalismo precisa se adequar sem perder sua função. Não pode ser chato, não pode ser arrogante, mas também não pode virar torcida. É um equilíbrio cada vez mais difícil de manter” e completou reforçando a importância de manter um equilíbrio cada vez maior. 

Ao relembrar sua chegada no CQC, falou sobre ética entre colegas e respeito à profissão: “Mesmo quando entrei com uma linguagem diferente, jamais atrapalhei um repórter ao vivo. Isso é algo que eu acho que está se perdendo. A internet bagunçou um pouco essa noção de limite.” 

Henning também demonstrou preocupação com a forma como parte do público mais jovem se relaciona com os jornalistas. Ele lamentou que muitos desperdicem a chance de criar pontes com seus ídolos ao abordá-los com agressividade. Citou casos em que respondeu críticas nas redes sociais e, ao fazê-lo, o autor da mensagem dizia ser seu fã. Para ele, isso mostra como a dinâmica digital pode afastar, em vez de aproximar.