No fim da década de 90, o número 13 da Rua Armando Salles de Oliveira, na esquina com a Avenida Bandeirantes (pertinho do Bar do Zinho da Rua 5), era a parada obrigatória dos fãs de rock e heavy de metal de Araraquara e também Região.
Ali ficava, praticamente, um clube. Ou melhor: um espaço de encontro entre amigos, cabeludos (ou não). A loja Paranóia foi fundada em 20 de fevereiro de 1997 pelo araraquarense Antônio Parreira, o Tunão, hoje residente em Montreal, no Canadá. Nessa época, a transição do vinil para CD estava consolidada. Logo, álbuns de bandas nacionais e intenacionais neste formato físico eram o carro chefe das vendas.
Mas lá, os headbangers também encontravam camisetas, fitas VHS, DVDs e outros acessórios, tipo chaveiros e outros objetos artesanais. “Quando a loja abriu, eu até vendi alguns discos de vinil da minha coleção pessoal, pois eu estava substituindo tudo em CD, mas ninguém mais queria comprar vinil”, conta, Tunão, ao RCIA.
Na administração, o empresário contava com a ajuda de seu irmão, Adriano, que sempre o substituia quando havia a necessidade da reposição ou compra de novas mercadorias. As idas à famosa Galeira do Rock, em São Paulo, capital, eram constantes.
“Para promover o nome da loja, eu acabei inventando um programa de rádio, o Bomba Relógio, que eu apresentava ao vivo pela Band FM, aos sábados, no final da tarde. Eu só tocava rock e metal. Raramente repetia as músicas, sempre privilegiando as novidades que chegavam durante a semana na Paranóia”, completa.
O programador Danilo Fernandes lembra que frequentava a loja com outros dois amigos. À época adolescente, ele nos conta que que os três seguiam pra lá a pé, mesmo morando no Jardim Brasil.
“Colocávamos a única camiseta de banda que tínhamos e íamos fuçar na Paranóia, mesmo sem comprar nada. Mas, sempre que dava pra guardar uma graninha, pegávamos algum CD. Era como conquistar um prêmio”, pontua.
Em 1999, Tunão vendeu a Paranóia para Edson Scheneider, que veio da capital paulista para Araraquara. O mesmo manteve o lugar em funcionamento por mais alguns anos.
Duas razões foram primordiais para tal decisão: a primeira delas, a vontade de Parreira em morar fora do Brasil – o que aconteceria tempos depois. A outra vai ao encontro do futuro CD, pois naquela época a pirataria ganhava força por conta das gravadoras caseiras.
“Foi uma época muito legal da minha vida. Sinto muita falta do contato diário com os clientes, que já eram ou acabaram se tornando meus amigos. Sem dúvida, o trabalho mais prazeroso que eu já tive”, resume.
JORNALISTA JUSTICEIRO
Um fato curioso sobre a Paranóia que Tunão gosta sempre de contar, faz um relato sobre um “quase assalto”. Certa vez, um ladrão tentou entrar na loja fazendo um buraco na parede através da casa ao lado, que estava desocupada.
“Um grupo de hérois boêmios, liderado pelo jornalista Roberto Schiavon, o Bozó, estavam indo embora do Bar do Zinho de madrugada e começaram a bater na porta e gritar o meu nome. O assaltante se assustou e fugiu, sem levar nada”, finaliza.
(Por Matheus Vieira)