A pandemia deixa marcas profundas na saúde do município e estrangula a economia de diversos setores. O ramo de eventos, por exemplo, sofreu as consequências das medidas restritivas no combate à covid-19 logo quando o coronavírus deu as caras no Brasil.
Com a proibição de shows, foco de aglomerações, músicos, produtores, técnicos de som e outros profissionais do meio perderam renda, para muitos o único ganha-pão.
Cristiano Oliveira, produtor musical em Araraquara, conhecido principalmente entre os sambistas, sentiu na pele o impacto da pandemia. Sem possibilidade de organizar eventos, fez alguns trabalhos temporários, como de assessor político durante as eleições e buscou alternativas dentro de sua área.
Lives com importantes músicos da cidade, como Carrapicho e Júnior Barros, foram realizadas em grande estúdio com o apoio de patrocinadores, que o ajudaram no ano passado. Neste ano, a situação pandêmica foi se complicando e a volta dos shows não chega a ser cogitada por enquanto.
Para se manter na ativa, mas sem muitos recursos para bancar os custos de estúdios como o Cochar, um dos melhores do Brasil, onde Cristiano fazia as apresentações, ele decidiu fazer lives de sua casa, conversando por chamada de vídeo seus convidados.
“Graças a Deus pude contar com amigos e empresas de Araraquara e São Paulo, que me apoiaram. Consegui, junto com os músicos convidados, arrecadar em um único bate-papo mais de 50 cestas básicas e alimentos para doação a quem está precisando. Gratidão, gratidão, gratidão. Obrigado por acreditarem em mim para que eu possa levar ajuda e alegria a muitas pessoas neste momento difícil”, destaca o produtor da Cristiano Assessoria e Produções Artísticas.
MOMENTO SOMBRIO
Gilson Carvalho, produtor e músico, conta que o momento é sombrio para a categoria. “No ano passado, trabalhamos até fevereiro e início de março, depois não trabalhamos mais praticamente. Eu ainda me inseri em um projeto do Sesc em dezembro, mas poucos músicos foram contemplados. Não esperava que a situação fosse se complicar tanto a ponto de ficar desesperadora. Não apenas para os produtores e músicos, mas para os técnicos e empresas de som e outros profissionais envolvidos no cenário artístico”, avalia Gil, da GilSom Eventos.
Ele explica que possui outras fontes de renda que o ajudam a se manter nesse momento, mas lamenta por quem não têm outras atividades. “Não sei como eles estão se mantendo. Alguns músicos que dão aulas ainda conseguem continuar com seus alunos por meio do ensino online”, completa.
Sobre as lives, que viraram febre durante a pandemia, ele entende que elas só funcionam para os famosos, que contam com grande patrocinadores. “Vemos muitas lives nas redes sociais, mas isso ajuda muito pouco a vida financeira do artista que não é conhecido. Funciona mais como divulgação”, observa.
“Em geral, a classe artística e os profissionais da cultura rezam para acabar esse pesadelo para que possam continuar e sobreviver”, finaliza Gil.