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Brasil indefinido nas mãos de políticos que buscam interesses mesquinhos

O sociólogo e jornalista José Maria Viana escreve sua coluna política nos fins de semana no RCIA e nesta edição ele diz que Lula 3, está acuado, sem base parlamentar para aprovar suas pautas de políticas públicas e desmontar as arapucas de Bolsonaro.

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Qual o remédio para acalmar Lira e Lula e o país sair da crise asmática

QUEM MANDA AQUI
O Centrão – Bloco Parlamentar conservador, hoje comandado pelo poderoso Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados – que engloba a Bancada Ruralista, a Bolsonarista, a da Bala etc. e que sempre mandou na Câmara, às vezes mais, às vezes menos, em muitos mandatos e que, neste, manda mais ainda, decidiu meter as mãos nas pautas do Governo Lula 3, mudando MPs, exigindo verbas, ministérios e agora quer mandar no próprio Executivo.

INTERESSES MESQUINHOS
O mesmo Centrão que também engloba a Bancada Evangélica, que exigiu de Jair Bolsonaro a criação do Orçamento Secreto para apoiá-lo, uma vez que estava no mato sem cachorro no início do mandato e que forjou um rombo de mais de 50 bilhões de reais (gastos em obras também secretas e de corrupção desenfreada, vem mudando desde Bolsonaro, uma série de conquistas progressistas da Constituição (1988) para se locupletar nos interesses mesquinhos.

DANDO O TROCO
E o Lula 3, acuado, sem base parlamentar para aprovar suas pautas de políticas públicas (e desmontar as arapucas de Bolsonaro, apresentando um governo mais republicano), começa a dar o troco em Arthur Lira e o seu Centrão! A PF caiu sobre os aliados de Lira e desbaratou contratos da compra de robótica, com prejuízos de cerca de R$ 8 milhões (e cofre com R$ 4 milhões em dinheiro). Resta saber quem sairá vivo desse tiroteio! Porque a briga começou!

LIRA, O ACUADO
A ação da Polícia Federal que prendeu dois e cumpriu mandado de busca e apreensão contra aliados e assessores de Arthur Lira, atingiu em cheio o coração do comandante do Centrão e da Câmara dos Deputados. Acuado Lira convocou à sua casa o ministro da Justiça Flávio Dino e pediu explicações no que considera uma agressão contra os seus! Nada se sabe da conversa. E Lira foi à imprensa: “Não tenho absolutamente nada com isso! Não me sinto atingido pela PF”.

O PODER DE CADA UM
Tais acontecimentos agravaram uma relação que já era de desconfiança entre Lula e Lira – políticos que cumprem acordos e palavra – e demonstraram por outro lado, o poder que cada um tem contra o outro. Lula quase perdeu a Esplanada dos Ministérios e Lyra viu o cerco da PF. Analistas supõem um pacto de não destruição entre os dois e acertos definidos, sem acordo de fidelidade plena e esperar o poder que cada um tem para se defender, sufocar ou explodir.

MARCO TEMPORAL
O Supremo Tribunal Federal (STF) precisa (e tem a obrigação) de agir com urgência e colocar um ponto final nessa questão do tal do Marco Temporal (falado e que não existia) aprovado na terça-feira, dia 30/05, pela Câmara dos Deputados sobre a demarcação de terras indígenas (que teriam o reconhecimento se estivessem habitando nelas em outubro de 1988). A nova lei está amparada em quatro pilares: genocídio, desinformação, atraso e inconstitucionalidade!

COMETERAM CRIME!
O STF suspendeu a análise do tema por um pedido de vista em 2021. A demora no julgamento permitiu que a Câmara cometesse o crime de corroer direitos constitucionais garantidos aos indígenas pela Constituição de 1988. “Ao STF e ao Senado, cabem agora, responder se vale passar trator sobre indígenas para produzir, de forma arcaica e ineficiente, uma agricultura subdesenvolvida”, dizem analistas. Os indígenas ocupavam suas terras antes do Brasil existir!

O FALSO PÂNICO
Ruralistas espalham o falso pânico de que há muita terra indígena no país atrapalhando a expansão da agricultura. Em sete dos nove estados agrícolas, essas terras não passam de 1% do território, enquanto as pastagens ocupam cerca de 22% e a agricultura, 8%. O pânico gera fumaça para esconder o avanço sobre as terras dos povos originários. O Brasil esclarecido e o mundo, sabem, que os povos indígenas são os maiores preservadores de nossas florestas!

LULA, ZELESKY E MADURO
O presidente Luís Inacio Lula da Silva continua dando tiros no pé na sua política externa. À imprensa do Brasil o presidente Volodimir Zelensky criticou Lula por não apoiar a criação de um Tribunal para julgar crimes de agressão no conflito. “Será que Lula acha que assassinos não devem ser condenados e presos”? Com Nicolás Maduro, Lula insinuou mentiras (“narrativas”) sobre a Venezuela, escondendo a ditadura que mata, tortura, persegue e expulsa o povo!

ZANIN, AMIGO, NO STF…
O presidente Lula decidiu indicar o amigo e advogado Cristiano Zanin para a vaga de Ricardo Lewandoviski no Supremo Tribunal Federal. A indicação, submetida ao Senado, não significa necessariamente alinhamento com o indicador, mas compromete a credibilidade da corte no critério da lealdade. No Mensalão ministros indicados pelo PT condenaram nomes graúdos do partido. Os dois indicados por Bolsonaro, Marques e Mendonça, votam alinhados com ele!

LAVA JATO E ‘MÃOS LIMPAS’
Político regional de peso, leitor e colaborador da Seção, nos comenta a nota passada sobre a Lava Jato: “Tenho uma teoria política sobre o desmonte da Lava Jato. Estão copiando tudo o que foi feito na Itália, na operação ‘Mãos Limpas”. De fato, Sérgio Moro copiava a “Mãos Limpas” (que pôs metade dos políticos daquele país na cadeia) e ensejou a ascensão da direita, entre eles, Silvio Berlusconi. A Lava Jato pôs Lula na cadeia e a direita elegeu Jair Bolsonaro.

NINGUÉM FAZ NADA
O político-leitor clareou sobre a tragédia das chuvas em São Sebastião, discutida! “Em 1986 o governador Franco Montoro mandou fazer um estudo das áreas de risco – entende-a como de possível deslizamento – no litoral, Anchieta e Imigrantes, onde haviam mil construções em risco e cinco mil moradores. Hoje somente nas vias Imigrantes e Anchieta, temos mais de 10 mil moradias e 40 mil moradores, fora o litoral”. Ninguém faz nada! E vêm mais tragédias!

STF CONDENA COLLOR
O Supremo Tribunal Federal (STF), condenou o ex-presidente Fernando Collor de Melo (1990-1992), que sofreu impeachment, a oito anos e dez meses de prisão em regime inicial fechado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, num processo da Lava Jato em que intermediava propina da Petrobrás Distribuidora. Collor que foi apenas uma miragem como presidente, pagará multa de R$ 500 mil e indenização de R$ 20 milhões por danos morais.