Home Destaques

Filho pede orações ao pai, um ex-jogador da Ferroviária, trazido por Vail Mota no final dos anos 60

Em uma mensagem emocionante que espelha o real estado de saúde do pai João Carlos da Silva, o "João Carlos Motoca" ou "Ibitinguinha", Fabrício narra um momento difícil na vida de um menino que chegou pelas mãos do treinador Vail Mota e que pouco depois jogava ao lado de Sócrates no Botafogo de Ribeirão Preto. "Peço orações pela vida do meu pai", diz o filho.

10
Ibitinguinha na ponta esquerda do Botafogo, onde a estrela era Sócrates

“Amigos, por favor! Peço orações pela vida do meu pai, João Carlos da Silva, o Motoca, ou simplesmente – Ibitinguinha – que passou pela Ferroviária de Araraquara, Botafogo de Ribeirão Preto. Neste momento ele está internado na UTI, entubado, precisando de orações para que Deus cuide do caso dele e que ele não sofra. Que Deus cuide da vida dele. Por favor amigos, rezem… por favor! Nós esperamos e confiamos no milagre divino”.

É assim que Fabrício da Silva descreve a situação do pai, João Carlos da Silva, o Ibitinguinha, que nos anos 70 chegou pelas mãos do treinador Vail Mota à Ferroviária e onde permaneceu por quase dois anos na equipe. Algum tempo depois ele retornou à sua terra natal e no mesmo ano começou a explodir no Botafogo de Ribeirão Preto jogando ao lado de Sócrates num time histórico do Pantera da Mogiana.

O seu estado de saúde é grave daí o apelo feito pelo filho Fabrício neste final de semana, recorrendo as orações dos torcedores que viram o pai brilhando nos campos de futebol.

A HISTÓRIA DO EX-JOGADOR

João Carlos, o “Ibitinguinha, quando chegou na Ferroviária pelas mãos de Vail Mota

João Carlos da Silva nasceu na cidade de Ibitinga em 25 de junho de 1951. Quando tinha apenas 08 anos de idade, uma tragédia marcou sua vida, seu pai tirou a vida de sua mãe e após isso, sumiu. João foi criado pelos avós – Dona Isaura e Seu José de Lima, e pelo tio Nelson Francisco de Lima, uma família simples e humilde, preocupada em garantir a sobrevivência do pequeno garoto, minimizando as dores e revoltas causada pelo trauma da tragédia.

A avó conseguia atingir o seu objetivo: João era um bom garoto, com as mesmas atitudes de uma criança da sua idade. Só tinha um defeito. Gostava de bola mais que o normal. Foi muito difícil fazer com que ele terminasse o curso primário. A intenção era arrumar-lhe algum tipo de serviço para que não ficasse solto pelas ruas da cidade.

Isso foi impossível. O avô tentou colocá-lo na mercearia de um amigo para aprender o ofício, tentou também fazê-lo trabalhar na torrefação de café, vizinha à padaria onde trabalhava o tio. Cada tentativa era interrompida depois de muitas reclamações: “o menino não apareceu hoje”.

Ele sempre desaparecia dos serviços que lhe arrumavam para dizer presente nos treinos do time de futebol do padre. João não perdia uma aula de catecismo, única exigência para poder jogar no time da Cruzada Infantil da Paróquia.

João só conseguiu parar em dois empregos quando jovenzinho. O primeiro como entregador de pão. A distribuição terminava cedo e ele ficava o resto do dia livre para bater sua bola.

Em jogo contra a Ferroviária, ao lado de Wilson Carrasco

O outro foi na Panificadora São Paulo, porque ia e voltava junto com o tio – e também porque conseguiu um lugar no time de salão da padaria. Sua ida para a panificadora acabou definindo o rumo de suas pretensões.

Darci de Biasi, dono da padaria, dirigente do Rio Branco, clube de futebol de Ibitinga, tinha boas relações no futebol e se interessou em encaminhar João. Numa de suas vindas até Araraquara encontrou Vail Mota, e recomendou-lhe o menino, então com 16 anos.

Dias depois, João se tornou o “Ibitinguinha”, meia esquerda do juvenil da Ferroviária. Em 1969, João retornou a Ibitinga e viveu sua segunda grande fase no Futebol da cidade. Foi campeão pelo Rio Branco. Em 1972 João chegara no Botafogo Futebol Clube, da cidade de Ribeirão Preto.

O grande sonho de João Carlos, que era jogar em um time da divisão principal. Foi lá que o ibitinguense ganhou espaço e conquistou – no ano de 1977 – o Título Cidade de São Paulo, derrotando o time São Paulo. Lá ele ganhou do pai do Sócrates o apelido de Motoca, porque ele corria muito. Era o “pulmão” do Botafogo.

Em Ribeirão Preto teve o seu primeiro casamento, o qual lhe deu como frutos dois filhos: Mayra e Fabrício. E um neto, o Lucas – filho de Fabrício. João, em um incidente, acidentou-se numa partida de futebol. E como na época as cirurgias não possuíam as tecnologias de hoje, sua carreira ficou comprometida.

O término do relacionamento, somado ao acidente em campo, trouxeram João de volta a Ibitinga. Foi quando conheceu Fátima Macedo. Alguns anos depois se casaram e fruto desta união que dura há 33 anos, tiveram a filha Rafaela.

Nos anos 70, o Botinha formou belos times. Agachados: João Carlos Motoca, Sócrates, Geraldão, Cunha e Carlos Roberto

O que ainda dura em João Carlos Motoca também é o amor pelo futebol. Hoje, aos 73 anos de idade, João até meses atrás esbanjava saúde e disposição e trabalhava como monitor de práticas esportivas pela Prefeitura Municipal de Ibitinga.

Neste momento está internado passando por sérios problemas de doença.