O segundo lockdown adotado em Araraquara, entre 20 e 27 de junho, e o avanço da vacinação contra a Covid-19 apontam para uma tendência de melhora nos principais indicadores da pandemia no município. Nas últimas duas semanas, estão em queda a média móvel de novos casos e os números de pacientes internados e das pessoas positivadas em quarentena domiciliar.
A média móvel diária de casos de Covid-19 era de 140 no início do lockdown e chegou a 165 no pico do mês de junho, no dia 10. Nesta quinta-feira (8), a média móvel é de 84 casos diários, ou seja, redução de 40% em relação ao começo das medidas restritivas e de 49% na comparação com o pico do mês passado.
No caso das internações, 194 pacientes estavam nos hospitais públicos e privados de Araraquara no início do segundo lockdown. No pior dia de junho (16/06) eram 212 internados. Nesta quinta, os hospitais estão com 160 pacientes, redução de 17% em relação às medidas de isolamento e 24% do pico de junho.
Outro índice, o de pacientes contaminados pelo coronavírus em isolamento domiciliar (quarentena), também está em queda: são 826 nesta quinta-feira, contra 1.076 no início do lockdown e 1.147 no recorde do mês, em 11 de junho — respectivamente, reduções de 23% e de 28%.
“A queda nos casos de Covid-19 tem dois fatores extremamente importantes. Estamos chegando no 18º dia do início do lockdown. O distanciamento social é fundamental para essa redução. Além disso, o avanço da vacinação, que reflete também na taxa de ocupação de leitos de UTI. A vacina em si, principalmente a primeira dose, não evita a doença, mas evita os agravamentos. São essas duas coisas: além da vacinação, a gente começa a colher também os frutos do lockdown”, afirma a secretária municipal de Saúde, Eliana Honain.
Em recente entrevista à Secretaria Municipal de Comunicação, o especialista Alexandre Medeiros destacou que, pela própria dinâmica de contaminação pela Covid-19, os resultados do isolamento social ou de aumento de casos demoram algumas semanas para serem notados nas internações e nos óbitos.
“Quando houve aumento do isolamento, com redução da mobilidade durante o lockdown de fevereiro e no feriado prolongado [da Páscoa], 1 mês depois nós vimos queda nas internações”, explicou Medeiros, que é professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), mestre em Epidemiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e doutor em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Alexandre Medeiros foi um dos primeiros pesquisadores brasileiros a se especializar em coronavírus. Ele estava trabalhando com pesquisas em SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), na Espanha, quando a pandemia mundial de Covid-19 “explodiu” no mundo. Desde então, ele é um dos especialistas que colaboram com o Comitê de Contingência do Coronavírus.
1º LOCKDOWN
Os números preliminares apontam que o lockdown de junho deve repetir os resultados obtidos nas medidas restritivas de fevereiro. Naquela oportunidade, com a confirmação da nova cepa do coronavírus (P.1.) em circulação, Araraquara entrou em lockdown entre 21 de fevereiro e 2 de março.
Em 21 de abril, dois meses depois do primeiro lockdown, os dados da pandemia em Araraquara registraram queda de 74% na média móvel de casos, de 21% nas internações, de 60% nas internações de pacientes de Araraquara e de 64% nos óbitos semanais.
Segundo projeção do médico epidemiologista e professor doutor Bernardino Alves Souto, do Departamento de Medicina da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), pelo menos 259 vidas foram salvas depois de 60 dias do lockdown adotado em fevereiro, com até 3.579 casos de Covid-19 evitados nos 30 dias posteriores à adoção das medidas restritivas.
VACINAÇÃO
Um dos fatores que contribuíram para a melhoria na situação da pandemia, a vacinação avançou mais rapidamente nas últimas semanas (nesta sexta-feira, 9 de julho, a imunização chega à população de 37 anos), conforme as remessas de vacinas enviadas pelo Governo Federal e pelo Governo do Estado foram repassadas para o município.
No início do lockdown de junho, Araraquara possuía 78.954 pessoas vacinadas com pelo menos uma dose, representando 43% da população adulta do município, segundo estimativa da Secretaria de Saúde com base nos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Nesta quinta-feira, o Vacinômetro aponta para 114.060 araraquarenses que tomaram a primeira dose, ou seja, 62% dos adultos. Foram mais de 35 mil pessoas vacinadas neste intervalo de tempo.