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Araraquara perde o empresário Ademir de Souza, da Porta Jóia, aos 76 anos

Ademir de Souza foi ao longo do tempo um dos principais personagens do nosso comércio e da vida da própria cidade; era crítico, prezava os bons costumes e seu círculo de amigos se entendia ao futebol, criando uma espécie de clube para promover num mini-campo construído em sua casa na Vila Harmonia jogos de futebol. Pioneiro em manter loja segmentada em lingerie, Ademir sempre será lembrado.

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A Porta Joia e o seu proprietário Ademir de Souza, simbolizam parte da história comercial da cidade

Araraquara perdeu nesta quinta-feira (15) um dos seus mais importantes empresários do ramo de confecções – Ademir de Souza, ou simplesmente o Ademir da Porta Jóia, uma loja especializada no comércio de lingerie. Acometido de uma doença, Ademir há tempos vinha lutando contra ela e movido pela fé – buscou a cura.

Seu falecimento, disse um comerciante da Rua 9 de Julho nesta manhã, deixa um enorme vazio no comércio da cidade, tendo ele sempre pautado pela ousadia e coragem de promover investimentos na sua cidade e pode ser, Ademir de Souza um dos pioneiros em manter uma loja exclusiva de lingerie.

Com sua loja estabelecida na Rua 9 de Julho, 1152, Ademir se especializou no comércio de roupas íntimas atingindo inicialmente o público feminino; com o passar do tempo aderiu também ao comércio de peças direcionadas ao público masculino, dando um salto ainda maior no seu ramo de atividades.

A HISTÓRIA

O empresário com o filho Ademirzinho que na manhã desta quinta-feira postou mensagem anunciando o falecimento do pai

Ademir de Souza, 76 anos, começou a trabalhar quando tinha 10 anos. Já teve comércio em sua casa, passou por dificuldades e vinha administrando há 34 anos, a loja de lingerie Porta Joia, referência neste segmento no comércio de Araraquara.

Em entrevista a Revista Kappa anos atrás ele contou: “Comecei a trabalhar com meu pai aos 10 anos: trabalhava na feira, com carroça, vendia frutas. Aos 16 anos, perdi meu pai e fui para o Mercadão sozinho. Foi difícil porque meu pai foi meu grande amor: onde ele ia, eu ia junto. Em 1969, comecei com comércio de enxovais em casa, era a “Enxovais Araraquara”. Depois, em 1978, abri a Liliantex e dei esse nome por causa da minha filha Liliane. Toquei a loja durante quatro anos.”

Foi em 1982, que Ademir de Souza abriu o Depósito DeMillus e vendeu a Liliantex. Em 1986, com 40 anos, vendeu o depósito e, em 1988, abriu a Porta Joia, que começou em uma loja pequena na Rua Nove de Julho, ao lado da antiga Mercantil do Lar.

A Porta Joia sempre foi uma loja multimarcas de lingerie, trabalhando com as melhores marcas do mercado. Algumas delas, como Darling e Fruit de La Passion, só nós temos, contava Ademir, todo orgulhoso.

Ademir e a esposa Cidinha no interior da Porta Joia

A Porta Joia ficou neste ponto por 18 anos e meio, mas Ademir decidiu investir em um novo local, se mantendo na Rua 9 de Julho, um pouco acima do antigo prédio. “Quando resolvi mudar, foi contra a vontade de todos. Meu cliente vem de carro, por isso comprei este salão que tem vários estacionamentos por perto. Se não tem estacionamento, não tem negócio. Estamos extremamente carentes de vagas no comércio”, explicava o comerciante.

Com mais de 60 anos de balcão foi um vencedor, sempre comentando que aprendeu administrar apanhando, porque só tinha o curso o primário. “Trabalho com a mercadoria para o público certo, o feminino. Tenho um produto de qualidade, com preço bom. Prezamos também o bom atendimento: tenho vendedores com vários anos de casa. Além disso, compro e pago tudo à vista, assim consigo dar mais descontos. Tenho a ajuda da minha esposa Cidinha: eu cuido do financeiro e ela faz tudo”, contava com orgulho.

Um dia lhe foi perguntado – qual era o sentimento de ter uma loja com tanto tempo de história. Ademir respondeu: “Me sinto feliz, realizado. Eu venci com a ajuda de Deus, com o meu trabalho e com a ajuda do meu tio Gesislau Argondizio Filho, que, há 40 anos, me deu apoio quando eu mais precisei. Ele é um verdadeiro pai. Agradeço também à minha esposa, meu braço direito. Sem ela, não teria nada disso. Acho que fui para o ramo certo porque meus três filhos abriram negócio na área de lingerie: um em Araraquara, e dois em São Carlos”.