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Araraquara perde o empresário Alessandro Senatti, da Rota do Peixe

O empresário foi diretor do Sindicato Rural de Araraquara e deixa um enorme legado de serviços prestados aos diversos setores do agronegócio, principalmente à psicultura, com a criação de tilápias

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Alessandro, na Rota do Peixe, em 2017, quando entrevistado pela Revista Comérico, Indústria e Agronegócio

Araraquara, desde o dia 11 de julho lamenta o falecimento de um dos seus principais produtores rurais, Alessandro Sanatti, com extensa folha de serviços prestados principalmente à psicultura, ramo de atividade que o tornou extremamente conhecido em toda a região.

Na verdade, o empresário lutou por cerca de cinco anos contra um câncer no pulmão; neste período nada o abateu, vivendo a vida com muita intensidade como ele estava acostumado a dizer aos amigos.

Sócio-proprietário da Fazenda San Giuseppe, Alessandro acabou deixando um legado de trabalho e recordações, mas de respeito à natureza: “Olho para os frutos e as flores que plantei e colhi, e digo que senti a presença divina em cada movimento, como forma de reconhecimento e gratidão”. Este sentimento tornou Alessandro ainda mais próximo às questões do meio ambiente, contam as amizades mais próximas.

Lugar aprazível onde ele instalou com o amigo Pedrinho a Rota do Peixe

Nascido em São Paulo, 57 anos de idade, o empresário mantinha em sociedade familiar a “San Giuseppe” e dentro da propriedade a Rota do Peixe com tilápias e outras espécies como o pirarucu, tambaqui que é um peixe de água doce também conhecido como pacu vermelho. No entanto, a diversidade de peixes era muito maior, Alessandro gostava de contar aos clientes as novidades.

Em 2012, ele e o sócio Francisco Pedro Monteiro da Silva Neto, investiram no cultivo de peixes em tanques-rede e descobriram excelente potencial de mercado para consumo, ocupação e renda. Inovaram as técnicas da aquicultura e permaneceram à frente dos negócios cultivando peixes dentro da fazenda onde foram construídos vários tanques para criação das tilápias.

O trabalho realizado pelo empresário sempre foi com muito esmero

Com a queda da produção do pescado do extrativismo, a Fazenda San Giuseppe, em Santa Lúcia, se transformou em um mar de peixes. Era assim que Alessandro Sennati definia seu projeto: “O cultivo de peixes em tanques-rede é a alternativa de investimento de menor custo e maior rapidez de implantação, possibilitando adequado aproveitamento dos recursos hídricos e expandindo a piscicultura industrial no país”, dizia.

Filho de Maria Helena Fornero Sennati e Anatole Sennati, Alessandro resolveu seguir esse ramo depois que seu pai, industriário no ramo de artefatos de borracha, acabou comprando pelo menos duas propriedades rurais, uma em Santa Lúcia, região de Araraquara e outra em São Simão, perto de Ribeirão Preto.

Como o pai não possuía nenhuma experiência no campo, acabou vendendo uma das fazendas e ficou só com a de Santa Lúcia, arrendando parte dela para a Usina Santa Cruz.

Frota própria para o transporte dos peixes comercializados

A pedido do próprio pai, Alessandro, que cursava administração de empresas no Mackenzie em São Paulo, largou os estudos e veio para o interior em 1985. “Há 27 anos morando no interior e há 18 trabalhando como piscicultor profissional, passei por várias atividades como a minhocultura, a criação de peixes ornamentais e também já tive um pesque-pague”, conta.

O pesqueiro foi criado no começo dos anos 2.000, quando os produtores rurais passaram a locar parte suas terras para o cultivo da cana. Era um tempo em que, com a garantia da locação, os donos das terras passaram a ver na construção de represas a oportunidade de agregar outros valores aos seus negócios. Passados uns seis meses, Alessandro dizia que, ainda estava pagando os investimentos feitos na Rota do Peixe.

Dois momentos de felicidade com a esposa Edivanda nestes últimos anos

Anos depois sua esposa Edivanda Arruda de Sales, conta que em 2017, Alessandro já sentia os problemas ocasionados pelo câncer, mas não demonstrava nenhum tipo de constrangimento e dizia que “aceitaria o futuro com muita resignação”. Ele queria viver, estar mergulhado na alegria, ter uma convivência ampla com a natureza, conhecer lugares, diz ela. De fato, o casal se preparou e realizou viagens que são guardadas com muito carinho.

“Havia nele uma preocupação familiar e a disposição em ter uma vida tranquila, daí seu desejo de estar em nossa casa, cercada plantas, frutos, aves, o ambiente que o identificava como sendo um homem de bem com o meio-ambiente”, diz a esposa, que pocura conservar esses traços de alegria agora misturados com a dor da separação, provocada pelo seu falecimento tão prematuro.