Em 02 de novembro do ano passado ao deixar uma mensagem em sua página nas redes sociais, Wanderley Vicente Fazolaro, o Turquinho, parecia antecipar em quase três meses a tristeza de uma breve passagem entre pessoas que gravitavam ao seu redor: “Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós”. E está sendo assim sua caminhada, ainda que fora do combinado: muito cedo.
Aos 78 anos, este araraquarense que fez da Vila Xavier seu berço esplêndido, como contam seus amigos mais próximos, parece estar no aconchego do trem que parte levando gente que não quer partir, contudo tem na bagagem o amor por Sandra e a ternura pela filha Paola, o carinho pela família e o respeito dos amigos que aprenderam a gritar nos jogos do Palmeirinha – “vai que é sua Turquinho”. E lá ia ele pela ponta direita como a flecha a se soltar do arco, rasgando o vento.
Ainda muito cedo, após cursar o primário, Turquinho aprendeu a descer a Vila Xavier para cursar Mecânica Geral na Escola Industrial Profª Anna de Oliveira Ferraz, enfrentando o desafio de enfrentar professores de apurada técnica no curso de Mecânica Geral, que o levaria mais tarde a trabalhar com a Família Munhoz, na Macafé. Dos colegas de escola sempre falava com muito carinho – Zen, Araújo, Muniz, Silvinho Zabinsky, era com eles que Turquinho dividia os elogios e as broncas do professor Alzemiro Ianelli.
Na quadra de cimento áspero da Industrial ele mostrava seu talento no começo dos anos 60, jogando futebol de salão e três anos depois arriscou ser técnico de uma seleção da escola para as disputas do Campeonato Infantil de Araraquara. Convocou Marco Dall’Acqua (irmão do Ivo Dall’Acqua) e Jomarbe Carlos Bezerra os goleiros; na defesa Sérgio Tallarolli e o jornalista Ivan Roberto Peroni; na frente Delfino (o Zinho do São Geraldo), Tonhézinho, Raulzinho e Silóca. Impecável nas orientações, Turquinho levou o time para a final com alunos que não tinham mais que 13 anos.
Isso lhe deu também inspiração para cursar Educação Física, acumulando a função de professor com o futebol amador, atuando como ponta direita no Andaray e Palmeiras, tornando-se um dos mais perfeitos atletas nesta posição na cidade.
Um certo dia ele relembrou: No distante ano de 1.963…no velho Estádio Municipal, a gloriosa equipe do ACCO, um time fantástico: Milton Gaiola, Nico Bode, Felipe, Dracena, Manga e Sansão; Biscoito, Estilingue, Catanduva, Fininho e ele próprio – Turquinho.
Também está entre os seus escritos um provérbio que diz “o esporte faz amigos”. E se segurou na emoção para comentar: “Eu, neste momento, quero agradecer de todo o coração, o convívio com esses amigos, muitos já não se encontram entre nós, e o meu carinho e admiração para o Abiron Jerônimo Fernandes, o Fininho, amigo de tantas e tantas jornadas, como metalúrgico na Macafé, como parceiro da bola no ACCO, no Palmeirinha da Vila”. E do Fininho, se despediu de forma sincera: “Um grande abraço meu velho e querido amigo”.
Os portais de notícia logo após anunciado seu falecimento aceleraram as informações, dizendo que – a cidade, especialmente o esporte, estão mais tristes. “Perdemos hoje o professor TURQUINHO. Uma vida dedicada ao esporte e especialmente ao futebol. Foi professor da Fundesport, preparador físico nos áureos tempos da Ferroviária e quando jovem, ótimo ponta direita e depois diretor do Palmeirinhas da Vila Xavier, bairro que muito amava” (Titulares do Esporte).
Mas, um dia Turquinho conheceu Sandra com quem se casou e teve Paola, a filha. Com orgulho vivia dizendo: “Parece com o pai” e os três viveram por muitos anos uma vida de intensa felicidade, pontuada por momentos inesquecíveis capazes de torna-lo um homem extremamente feliz e devotado aos encantos da família. “Sou símbolo de uma geração apaixonada pela construção de um mundo melhor”, tanto é que, algumas fotos mostram ainda agora o caminho de paz espiritual que os seres humanos de com elevado grau de entendimento buscam encontrar.
O prefeito municipal Edinho Silva foi às redes sociais para registrar sua mensagem de solidariedade aos famílias lembrando o momento em que Turquinho serviu a Ferroviária: “Ele deixou sua marca na história da nossa Ferroviária, onde trabalhou como preparador físico nos anos 80. Voltou depois para atuar em uma época difícil, no final da década de 1990, quando o clube não dispunha de recursos por conta de uma crise financeira que refletiu dentro de campo com rebaixamentos no Campeonato Paulista. Mesmo assim, ele exerceu sua profissão de maneira quase voluntária, em uma prova de amor e devoção pelo clube e pela cidade.”
UM POUCO DA MARAVILHOSA TRAJETÓRIA DE TURQUINHO