Kátia Cristina Anello, presidente da Coomappa, explica que a criação da cooperativa se iniciou em novembro de 2020, quando um grupo de motoristas se juntaram para buscar alternativas sobre esses problemas. “Eles se reuniram para analisar o que poderia ser feito, visto que já naquela época os aumentos do combustível estavam tornando árdua nossa caminhada, com a manutenção encarecendo cada vez mais e os aplicativos, e as grandes plataformas com um valor de repasse sem reajuste há quatro anos”, recorda.
Após muitas reuniões e debates, chegou-se à conclusão da criação da cooperativa. “De início, criamos a cooperativa Coomappa com 28 motoristas que apostaram no projeto, resolveram investir para darmos início a tudo isso. Desde então, a cooperativa foi constituída em março de 2021, quando demos entrada, legalizamos e fizemos a abertura da empresa, entre outras coisas”, destaca.
Assim, foi determinada uma série de propostas visando a melhoria do trabalho dos motoristas e dos passageiros, entre elas a criação de pontos de embarque e desembarque de passageiros. “Não conseguimos desembarcar o passageiro com segurança e sem também corrermos o risco de sermos autuados porque tem locais que são difíceis a parada e não tem como parar em determinadas ruas”, justifica Kátia, que também cita a criação de uma base de apoio. “Seria um local onde o motorista, que passa em média 10 a 12 horas na rua, tivesse um banheiro adequado para uso, uma área de descanso para poder descansar e se alimentar decentemente porque hoje eles se alimentam dentro dos próprios veículos”, revela.
O aplicativo
Mas a grande proposta da Coomappa era a criação do seu próprio aplicativo. “É o nosso maior projeto para nos livrar do trabalho escravo que nos sujeitamos às plataformas. O valor do repasse continua exatamente o mesmo de quatro anos atrás, de quando a Uber e a 99 vieram para Araraquara. Partimos para a luta, buscamos apoio com a Prefeitura, nos reunimos já várias vezes com parlamentares, com prefeito Edinho, com o vice-prefeito Damiano, com o Nilson Carneiro, e se montou uma força-tarefa para que esse sonho pudesse se tornar realidade. E no mês passado a cooperativa finalmente conseguiu fazer a aquisição do aplicativo”, comemora Kátia.
A presidente da Coomappa assegura que o APP resultará em um retorno maior aos motoristas. “Será descontado apenas uma porcentagem em torno de 5 a 7% do valor da corrida para manutenção do software, da plataforma, que o desenvolvedor vai ter que fazer, porque isso acaba gerando uma mensalidade. Em torno de 95% da corrida vai ficar para o motorista, porque o aplicativo não tem fins lucrativos, a Coomappa não vai lucrar nada em cima do aplicativo”, salienta.
Ela aponta ainda outras vantagens de ser um cooperado. “A cooperativa tem diversas parcerias, com descontos em serviços que a gente utiliza no dia a dia, como consertos de pneus, autocenter, lava-rápido, guincho, para tentar amenizar um pouco o custo com os veículos. E também vamos, nesse ano de 2022, participar de algumas licitações com empresas locais que utilizam dos serviços de transporte para os funcionários”, acrescenta.
Vantagem também para o passageiro
Kátia aponta que atualmente os motoristas de aplicativos passam por diversos imbróglios relacionados a passageiros. “Temos problemas com centenas de passageiros que dão calote no final da corrida, o motorista não tem a segurança de saber quem está entrando no seu carro, se aquela pessoa é verificada ou não, então a vida do motorista está sempre em risco dentro do carro. Tudo isso vai tornar mais seguro para os dois lados, tanto para os motoristas quanto para os passageiros. E pelo fato do aplicativo não ter fins lucrativos, vamos conseguir fazer com que a corrida chegue para o passageiro um pouco mais em conta do que o cobrado pelas outras plataformas”, conclui.