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Doutoranda do Instituto de Química de Araraquara, é premiada na Alemanha por pesquisa sobre o câncer

Estudo de Ana Lazzarini foi destaque no Eurobic, evento científico realizado na Alemanha

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Ana Beatriz Lazzarini, do Instituto de Química (IQ) da Unesp, em Araraquara

O trabalho da doutoranda Ana Beatriz Lazzarini, do Instituto de Química (IQ) da Unesp, em Araraquara, conquistou o prêmio de melhor pôster no European Biological Inorganic Chemistry Conference (EuroBIC-17), evento científico internacional realizado recentemente na Universidade de Münster, na Alemanha. A conferência é uma oportunidade para apresentação e discussão de pesquisas recentes nas áreas de Química Inorgânica e Ciências da Vida.

Promovido pela primeira vez em 1992, o evento bianual reúne centenas de pesquisadores de todo o mundo para apresentações orais e em formato de pôster. Os tópicos tradicionalmente abordados pelo evento são: materiais bioinorgânicos e nanotecnologia, química bioorgânica metálica, química bioinorgânica computacional, metais na medicina, entre outros. A doutoranda do IQ apresentou sua pesquisa tanto na categoria de pôster, como na flash poster presentation, modalidade na qual a pesquisadora teve apenas dois minutos para divulgar sua investigação.

Ao ter seu trabalho anunciado entre os vencedores, Ana Beatriz revela que demorou a acreditar: “Sabe aquele sentimento de quando a ficha não cai? Demorou um tempinho, mas fiquei muito feliz”. Além do reconhecimento pessoal enquanto pesquisadora, a conquista no EuroBIC-17 simboliza uma realização significativa para a instituição. “Fiquei muito grata de poder levar o nome da nossa universidade, de nos representar nesse momento de premiação e trazer o reconhecimento para a nossa Unesp”, relata a doutoranda, que é orientada pelo professor Adelino Vieira de Godoy Netto.

A pesquisa – Intitulada ‘Synthesis, characterization, and preliminary biological studies of novel Pd(II)-based complexes towards breast tumor cell lines’, a pesquisa premiada estuda o efeito de substâncias à base de paládio (um tipo de metal) na destruição de células de câncer de mama. De maneira resumida, o trabalho avalia possíveis mudanças estruturais moleculares que podem ser realizadas para ampliar a eficiência e reduzir os efeitos adversos de medicamentos disponíveis atualmente, como os produzidos com platina. 

Um dos desafios encontrados no tratamento de câncer é que esse tipo fármaco não distingue as células tumorais das saudáveis, sendo mais agressivo ao organismo: “A gente tenta encontrar essa melhora na relação de estrutura-atividade para chegar um pouquinho mais perto de algo que possa matar as células tumorais, mas que não machuque as células sadias. Esse é o objetivo da nossa pesquisa”, acrescenta Ana Beatriz.

Tendo em vista todo o processo que envolve a composição de fármacos deste tipo, o trabalho da doutoranda se caracteriza como uma pesquisa de natureza preliminar, isto é, se dedica a observar os primeiros passos dos mecanismos de ação dos novos compostos. “A gente tenta desenvolver moléculas que possam vir a ser futuros fármacos. Nosso estudo é como se fosse a primeira pedrinha na trilha”, explica.

A respeito da relevância do estudo, além de ressaltar a notoriedade da investigação sobre componentes de combate ao câncer, Ana Beatriz reforça a importância da universidade pública para a produção científica e o retorno do conhecimento para a sociedade: “A universidade é gratuita para nós, alunos, mas a população que está pagando uma porcentagem de tudo através dos impostos que sustentam a universidade. Eu acho muito bonita a forma com que a nossa pesquisa pode um dia dar esse retorno para a sociedade”.

Durante os 5 dias de evento, Ana Beatriz dividiu a experiência do EuroBIC com cientistas de todo o planeta, como Alemanha, Polônia, Eslovênia, Sri Lanka, Estados Unidos e Reino Unido. Além do diálogo com outras pesquisas, culturas e vivências, a participação no evento possibilitou oportunidades de aprimoramento do trabalho científico. “Tanto essa vivência de fazer amizade com outras pessoas e conhecer outras culturas quanto a relação do trabalho em específico, me fascina muito. Eu acho que sozinho a gente não chega a lugar nenhum, essa pluralidade e interdisciplinaridade deixam o trabalho muito rico”, finaliza a aluna.