As noites boêmias da nossa cidade perderam a graça, definitivamente, pois Expedito Gobatti aposentou o violão e se retirou no seu melhor estilo – gente, chega, estou indo embora. Assim ele saia soprando as notas das melodias cantadas ao vento, mas sempre com os pés fincados no chão.
Para o amigo que se tornou inseparável por décadas, Alfredinho Cefaly – “Expedito partiu fora do combinado”, por conta de um câncer que teve pressa em acabar com o som que saia nos fins de tarde do Bar do João Turco, na Rua Humaitá com a Avenida 15 de Novembro.
Araraquara contam os amigos, parecia acontecer ali, por horas. Era no toque do violão que Expedito fazia a diferença. Era um silêncio que parecia coincidir com o começo da noite e também sabia cortar o calor das conversas políticas, pois Expedito era o mestre e até por uma questão de respeito, a ideologia fazia calar as diferenças.
Tudo se curvava as notas do violão e aquilo sim, relata um dos seus amigos, era democracia afinada, equilíbrio de pensamentos, controle de paixões e um amor temperado com o sabor de cidade emergente, ainda que uma voz desafinada vinha rasgando a melodia. Ele não parava. Expedito parecia cantar com as mãos e com os dedos que se perdiam nas cordas do inseparável amigo: “Esse sim é companheiro e faz de mim o que bem quer”.
Curioso, comentou um dia Expedito, entre uma música e outra, que “há entre nós uma controvérsia quando me comparo a cidade que eu amo, pois fico velho e a cidade se renova. Já não é igual ao tempo que vivemos, mas haverá de ser sempre ela a terra que amamos”.
Em sua página nas redes sociais, Eduardo Soranzo escreveu “que Expedito foi a expressão da boa música em nossa terra, músico de alto nível com seus vários grupos formados no passar dos anos. Em nossas reuniões no bar do João Turco tínhamos músicas que não podiam faltar que a gente chamava de hino”.
Carlos Expedito Gobatti deixa a esposa Samira, os filhos André, Pedro, Ligia e Laura, familiares e uma legião de amigos!
Como o trem da vida leva gente que não quer partir, nesta segunda-feira vamos agora saber o que representa uma esquina em nossas vidas, cadeiras nas calçadas, mesas desajeitadas e um Copo Vazio, tal como Chico ainda canta: “É sempre bom lembrar, que o ar sombrio de um rosto, está cheio de um ar vazio, vazio daquilo que no ar do copo, ocupa um lugar”.
Siga em Paz, Expedito.