“ESCAPAMOS POR POUCO”
O filósofo Renato Janine Ribeiro escreveu dia 13/01 que uma “mistura de perfeitos imbecis” que invadiu os prédios dos Três Poderes, era apenas uma massa de manobra “para gente mais inteligente que estava esperando algumas mortes para justificar que o poder constituído – leia-se Lula e companhia – não conseguia manter a lei e a ordem”. Então uma Junta Militar – das três forças – assumiria para pôr ordem na casa, “a exemplo da Ditadura Militar de 1964 e rabiscaria mais algum Ato In (con) stitucional. Escapamos por pouco. A reação imediata do presidente Lula e do ministro Alexandre de Moraes, intervindo nas Forças de Segurança e no Governo do Distrito Federal, abortaram o projeto” golpista, felizmente.
SEM BOLSONARO
Segundo ainda Janine Ribeiro, “eles implantariam um bolsonarismo sem Jair Bolsonaro. Não chamariam o foragido de sua mansão na Flórida para repô-lo na Presidência. Pode até ser que, para inglês ver, o criticassem brandamente. Mas seria instituído um regime de exceção, fechando o Congresso, o Supremo e, obviamente, prendendo Lula e vários de seus ministros”. Como escrevi na Seção anterior, Bolsonaro pensa que manda e ainda é o líder, mas não passa de marionete nas mãos dos militares, que se arrogam a autoridade do “Poder Morador” da República e pensam que podem intervir quando quiserem como já fizeram outras cinco vezes.
GOLPES MILITARES
Vejam que as Forças Armadas que não passavam de arremedo até a Guerra do Paraguai – que venceram com colaboradores sem treinamento militar formados por escravos forçados a irem à guerra, assim como outros pretos que sonhavam alguma glória, trabalhadores e pobres – forçaram cinco golpes de Estado a incipiente nação brasileira na história desde dois séculos atrás. O primeiro foi o Golpe da República com o marechal Deodoro da Fonseca; o segundo, o Golpe de 1930, conduzido por Getúlio Vargas, impedindo a posse de Júlio Prestes, vencedor da eleição; o terceiro, o Golpe do Estado Novo dentro do golpe anterior; o quarto o Golpe Militar de 1964 e o quinto, o Golpe de 1968 dentro de novo do golpe. Em 1964, prometeram devolver o poder aos civis assim que as coisas se acalmassem com eleição no mesmo ano. Gostaram e ficaram por 21 anos! Expulsaram, torturaram e mataram as melhores cabeças que tínhamos para o progresso da nação!
DEMOCRACIA EM RISCO
O jornalista Breno Altman, fundador do site Opera Mundi, escreveu também em 13/01 que a missão dos golpistas terroristas era “causar caos e desordem, levando a operações de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) com a intervenção em seguida das Forças Armadas. Ilude-se quem considerar que, superado esse episódio, a democracia venceu. Não adianta só investigar e condenar os envolvidos na baderna e seus inspiradores que a página desta história não será virada”. Para não se enganar, ele cita fatos da trama: a nota das três forças abençoando os protestos em dezembro; o apoio aos acampamentos nos quartéis; a paralisia do Batalhão da Guarda Presidencial; e a postura do comando militar no QG do Exército na noite do levante facilitando a fuga de sediciosos etc…
“NINHO DE SERPENTES”
Altman afirma que “a moradia da hidra golpista está nas Forças Armadas, que exercem tutela sobre o Estado desde a Guerra do Paraguai”. Segundo escreve, a trama foi “se associar ao mequetrefe apaixonado por ditaduras” para voltarem ao poder supremo! Breno Altman, tece ainda várias outras questões e conclui: “A verdade, contudo, é que apenas haverá estabilidade quando o ninho de serpentes for varrido dos quartéis”. É muito difícil e dar uma tristeza e desesperança, basta ver o artigo 162 que os militares exigiram que constasse na Constituição de 1988 com apoio da extrema direita e de um Congresso que foi fraco, se imiscuiu de defender a democracia que renascia para o futuro e não quis enfrentar quem o tutela!
LIMPEZA DAS FORÇAS
A limpeza das Forças Armadas teria que se dar em quatro frentes: primeira, mudar o artigo da Constituição que lhes garante a “defesa da lei e da ordem interna”, permitindo-lhes apenas a missão constitucional de garantir a defesa externa do país; segunda, nomear comandantes mais novos, forçando os radicais (militares-políticos) mais antigos se acomodarem na reserva; criar um novo mecanismo de nomeação nas três forças e quarta, mudar os currículos das escolas militares, nos quais se ensina que nunca houve Golpe de Estado no Brasil. Em tempo: o presidente Lula disse em entrevista que vai se reunir com os comandantes das Três Forças, encurtando os laços e exigindo que os militares tomem seus lugares fora da política!
CONTAS APROVADAS
Finalmente a novela das contas de 2017 e 2018 do prefeito Edinho Silva chega a um bom termo com a rejeição pela Câmara Municipal, na última terça-feira (17), dos vetos do Tribunal de Contas do Estado (TCE). A celeuma entrou na disputa eleitoral com a oposição ao Governo Edinho, parte dela bolsonarista, pretendendo rejeitar as contas. O próprio ex-presidente Jair Bolsonaro que não escondia o desconforto com o prefeito por ter decretado o primeiro lockdown do país na Pandemia de Covid-19, admitiu vir pessoalmente à Seção da Câmara para forçar a rejeição das contas. A discussão foi adiada por seis meses e retomada na primeira Seção pós-recesso. O governo precisaria de 13 votos para rejeitar os vetos e só tinha 12.
“MÃOS LIMPAS”
Levando a sério a disputa, depois de vários adiamentos e muitas discussões, o prefeito Edinho Silva foi pessoalmente se defender diante dos vereadores tecendo um longo discursos e citando outras administrações que tiveram o mesmo problema e concluiu afirmando: “Minha vida já foi revirada. Talvez eu tenha sido uma das pessoas mais investigadas da República brasileira e nunca isso me incomodou, porque essas mãos são limpas e elas vão limpas para o caixão”. Na votação, conseguiu os 13 votos pela rejeição dos vetos. Apenas cinco vereadores votaram pela rejeição das contas: Marcos Garrido (Pat), João Clemente (PSDB), Rafael de Angeli (PSDB), Lucas Grecco (U.Br) e Lineu Carlos de Assis (Pod). Até vereador que liderava a oposição votou favoravelmente às contas do prefeito Edinho Silva! Surpresa, né?
AS OBRAS NA 36
A Seção que vinha defendendo que, em vez de tubos, a Prefeitura construísse na avenida 36, uma ponte pré-moldada, em 30 dias, para que as águas passassem livres pelo local, obteve informação da Prefeitura de como será realmente a obra, a seguir: “A travessia da Av. 36 será reconstruída com três linhas de aduelas, que são pré-moldadas. O sistema foi escolhido para que a obra seja executada de forma rápida, com cronograma de 60 dias, garantindo uma vazão de 180m³/s, triplicando a vazão que existia no local, de modo a prevenir que chuvas como essa não provoquem outra tragédia em nossa cidade. A vazão foi calculada segundo as normas do DAEE que estabelece como referência um período de 100 anos”. Engenheiro consultado pela Seção nos disse que a ponte poderia ser construída em 30 dias, mas a obra ficaria mais cara. Com “aduelas”, como diz a Prefeitura, fica mais barata a obra, porém demora mais! Em tempo, o que é uma aduela: “Nome do bloco em cunha que compõe a zona curva de um arco, colocada em sentido radial com a face côncava para o interior e a convexa para o exterior”.
