O Brasil chega nesta sexta-feira à trágica marca de 600 mil mortes pela covid-19. Esse número foi alcançado, segundo o consórcio de imprensa, pouco mais de três meses e meio depois de cravar meio milhão de vidas perdidas. No período mais crítico da pandemia, o país chegou a registrar mais de 4 mil óbitos por dia.
É verdade que o quadro atual é menos dramático, graças à vacinação que o governo tanto relutou em apoiar. Mas, ainda assim, são registradas quase 500 vidas perdidas por dia. Em número total de mortes durante a pandemia do novo coronavírus, o Brasil só fica atrás dos Estados Unidos.
O país, como tem mostrado a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, errou demais na condução da pandemia. Atrasou o processo de vacinação por questões políticas, prevalecendo o negacionismo em relação à doença, e o governo optou por disseminar um tratamento precoce ineficaz, com cloroquina e ivermectina, que, segundo a ciência, não são indicados para a covid-19.
Dados mais recentes da Fundação Oswaldo Cruz apontam que há uma queda contínua nos números de infectados e de mortes pelo novo coronavírus. Outro dado positivo é a estagnação na taxa de ocupação de leitos de UTI de covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS).
SUBNOTIFICAÇÃO
Muitos especialistas dizem que, mesmo 600 mil mortes sendo um número assustador, é possível que o total de óbitos seja ainda maior. Um dos criadores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o médico Gonzalo Vecina, acredita que, incluindo a subnotificação, é possível que mais de 1 milhão de pessoas tenham morrido de covid no Brasil.
VACINAÇÃO
Médicos e epidemiologistas atribuem a redução dos casos e de mortes pela covid-19 no Brasil ao aumento da vacinação. Informações do Ministério da Saúde apontam que quase 45% da população brasileira está com o ciclo de imunização completo, ou seja, com as duas doses. O ideal, no entanto, é que a vacinação atinja pelo menos 70% dos brasileiros.
Para especialistas, o fato, no entanto, de a vacinação estar avançando não significa que está na hora de abrir mão de medidas de proteção. O uso de máscaras ainda será necessário por muito tempo, assim como medidas de higiene, como lavar as mãos com constância e usar álcool em gel. No entender dos médicos, apesar de alguns estados, como Rio de Janeiro e São Paulo, já estarem estudando o fim do uso de máscaras em locais abertos, ainda é cedo para isso. Isso, inclusive, é o que diz o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). (Correio Braziliense)