
RESUMO DA ÓPERA
Caros amigos, após um breve hiato de férias e estudos, estamos de volta na RCIA para trazer a vocês o Resumo da Ópera, com muitas notas dos bastidores da política araraquarense. Este colunista informa que, apesar de ainda graduando, agora possui Certificação de Aprovação no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil — então, que fiquem de olho os detratores de plantão!
[Leia-se com tom irônico, pois aqui respeitamos a liberdade de expressão]
ENQUANTO ROMA FOI PEGA DE SURPRESA COM LEÃO XIV, ARARAQUARA JÁ TEM SEU JOÃO CLEMENTE DEFINIDO
O ex-vereador, de nome “papável”, é o primeiro suplente do Progressistas (PP), partido do vereador Emanoel Sponton — que enfrenta graves acusações de supostamente promover a prática de “rachadinha” em seu gabinete. Embora conte com o apoio do Executivo Municipal, já é considerado carta fora do baralho. Mesmo articulando habilmente uma blindagem política na Câmara Municipal, mobilizando todos os recursos possíveis, foi instaurada, na última sessão, uma Comissão Processante para dar seguimento à apuração da denúncia feita contra o vereador.
ATUANDO EM DUAS FRENTES – AGORA O EXECUTIVO TENTOU ARTICULAR
Diante do risco latente de cassação do vereador governista, o Executivo Municipal optou por agir em duas frentes: na primeira, tentou segurar a base governista na Câmara com rédea curta, para que tentassem matar a investigação ainda no ninho — mas o tiro saiu pela culatra; na segunda, atuou para trazer para si o primeiro suplente, João Clemente, que antes fora preterido na composição governamental, mas agora foi nomeado Subsecretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos na administração municipal — o que também não surtiu muito efeito. O motivo do desespero do Executivo com a questão? Fica para nossos espertos leitores imaginarem.
DESCONFORTO GERAL COM A INSISTÊNCIA
A articulação veemente do Executivo em defesa do aliado denunciado causou muita irritação entre os integrantes da Câmara Municipal. Vereadores informaram a esta coluna que o próprio prefeito teria buscado, pessoalmente, cada um dos parlamentares da base para pedir votos contrários à instauração da Comissão Processante — aprovada na última terça-feira (13) —, de modo que as denúncias nem sequer fossem investigadas pela via político-administrativa. E a suposta insistência do Executivo em tentar frear a Câmara foi vista como uma interferência indevida no Legislativo e gerou desconforto generalizado, principalmente entre os governistas, que se sentiram desrespeitados e forçados a adotar uma postura contrária ao anseio de seus eleitores.
Um parlamentar disse, em privado: “Batalhei tanto para me eleger e agora querem me sacrificar em nome de um governo que liga aqui no gabinete para limitar até meus requerimentos?”
DE OLHO NA TELA
Enquanto as borboletas da ansiedade batiam asas nos estômagos dos marinheiros de primeira viagem, o vereador Cristiano Silva (PL), governista, deixou seu notebook aberto com o aplicativo de mensagens visível na tela. Lá, um fotógrafo flagrou um grupo de mensagens em que os vereadores da base combinavam sua estratégia. Podemos ver que foi Michel Kary (PL) quem bateu o pé e desmanchou a articulação. No grupo, torciam para Michel “mudar de ideia” e votar alinhado com o governo para barrar a Comissão Processante. Como o vereador não cedeu ao Executivo, a base se mobilizou para que todos votassem “SIM” pela abertura da investigação — inclusive o próprio investigado —, a fim de evitar maiores desgastes, já que a causa era tida como perdida. Michel, segundo consta, se retirou dos grupos de mensagem da base e estaria repensando sua posição na Câmara.
QUEM PODE, PODE; QUEM NÃO PODE, SE SACODE
Apesar do novo cargo no Executivo Municipal, João Clemente parece não estar disposto a ser subserviente como alguns colegas da base governista. Um dos exemplos é que, até o momento da escrita deste texto, o subsecretário nem sequer ostentou ou propagandeou sua nova posição nas redes sociais. Segundo fontes, ele não quer vincular 100% de sua imagem ao Governo Municipal, por conta das sucessivas medidas impopulares adotadas pelo Executivo e do desgaste que isso poderia gerar ao seu nome. Pesaria também a falta de acolhimento à sua pessoa, calor humano…
MORDE E ASSOPRA
João Clemente é um político carismático, experiente e com uma capacidade de oratória e articulação elevada. Também é conhecido por não possuir o perfil de “adesão completa”, pois, mesmo compondo com o governo ou com a oposição, não vota cegamente em bloco. Esse é o medo do Executivo: que, mesmo tentando tê-lo por perto enquanto move montanhas para mantê-lo fora da Câmara, Clemente, uma vez empossado, fique com muito poder e “contamine” os parlamentares que possuem um alinhamento cego com o governo. Fontes afirmam que, no cenário de morde e assopra, o subsecretário já anda visitando a Casa de Leis — talvez para descobrir qual será sua nova sala.
DISSIDÊNCIA CATÓLICA E A INSATISFAÇÃO DE OUTROS CREDOS
Enquanto, na legislatura passada, a Câmara Municipal contava com ao menos três vereadores ligados fortemente à Igreja Católica — tanto na oposição quanto no governo —agora apenas um se destaca nesse eleitorado, e atua, até o momento, 100% como governo. Isso significa que o eleitorado católico que não se sente representado pelas recentes e polêmicas atitudes da Prefeitura está órfão de representantes. Segundo consta, a Prefeitura não estaria mais apoiando, como outrora, eventos culturais religiosos — católicos, evangélicos e de religiões de matriz africana. Um prato cheio para lideranças que possuam bom trânsito à esquerda e à direita — e na Igreja, principalmente se trouxer o guaraná! Não existe vácuo de poder que perdure por muito tempo.
Este foi o Resumo da Ópera no RCIA Digital, siga, comente e compartilhe com seus amigos que querem saber aquilo que algumas paredes com ouvidos afiados andam escutando nos corredores do poder.
A coluna está aberta para contato, considerações e respostas.