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Com dois feriados colados, São Bento teve seu dia de glória na Câmara Municipal

A mobilização da igreja católica para convencer a maioria dos vereadores a votar pelo feriado de São Bento em 11 de julho foi muito forte e a maior parte se sentiu acuada com a estratégia articulada pelo padre Rodolfo Faria da Silva. Medida começa valer a partir do ano que vem.

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Andor com a imagem de São Bento chega a Câmara trazido pelos fiéis e é recebido pelos vereadores Rafael de Angeli e João Clemente

Comerciantes de Araraquara, ainda abalados com o cenário político-religioso desta terça-feira (31) na Câmara Municipal, querem buscar alternativas para estancar os prejuízos de mais um feriado municipal – Dia de São Bento – que entra na relação de eventos previstos para o ano que vem em nossa cidade.

Entre opiniões divididas o projeto de autoria dos vereadores João Clemente e Rafael de Angeli, ambos do PSDB, teve aprovação da maioria, mas não a unanimidade, pois os vereadores Lucas Grecco, Lineu Carlos de Assis (Podemos) e Marcos Garrido (Patriota) foram contrários a iniciativa, cada qual dando sua explicação.

Garrido ao ocupar a tribuna foi mais contundente e usou o bom senso para destacar que – não era contra a homenagem a São Bento, reconhecendo ser ele padroeiro da Europa e de Araraquara, mas contrário sim aos danos que feriados próximos causam à população, principalmente “pessoas que necessitam dos serviços públicos”.

“Reconheço a importância do padroeiro na história da cidade, porém temos que avaliar as consequencias, como creches fechadas, atingindo os pais que precisam trabalhar e não têm com quem deixar os filhos”, comentou. Posicionamento de Lucas Grecco e Lineu Carlos de Assis deu coro as palavras de Garrido.

Resultado da votação mostrou quem foi favorável e também contrário ao Dia 11 de Julho

O parlamentar enaltecido pelos comerciantes pela sua postura quis dizer que – no ano que vem, 9 de Julho (Dia da Revolução Constitucionalista) cai em uma terça-feira, sendo feriado estadual e 11 de julho em uma quinta-feira (agora, feriado municipal). A proximidade dos feriados vai gerar uma semana de paralisia econômica.

O padre Rodolfo Faria da Silva, da Basílica de São Bento, agradeceu o projeto de Clemente e De Angeli, e argumentou durante o uso da tribuna que – não queremos criar situações embaraçosas para a economia – citando a realização da quermesse da igreja no meio do ano como modelo de turismo religioso que implantado, pode gerar lucratividade aos setores diretamente envolvidos, bares, restaurantes, hotéis. Ele quis dizer que – há uma roda de prestação de serviços que pode girar e proporcionar bons frutos à economia.

Ainda recentemente, munido de gráfico elaborado pelo Núcleo de Economia do Sincomercio, o presidente Antonio Deliza Neto, usando a tribuna da Câmara disse aos vereadores que, embora a economia da cidade esteja em clima de estabilidade, não se pode dizer que se recuperou totalmente da pandemia.

Ele também citou, contestando o padre Rodolfo, da Basílica, a falta de atrações turísticas religiosas na cidade e que dois feriados próximos – 9 e 11 de julho em 2024, podem causar um êxodo de pessoas que se sentirão prejudicadas em seus negócios. Para ele, Araraquara é carente de atrações turísticas religiosas e emendou – em 4% dos 365 dias do ano, não trabalhamos.

Dados levados por Deliza aos vereadores mostram que o comércio teve um faturamento diário médio real de R$ 63 milhões em julho deste ano. “Me preocupo com o impacto nos negócios de médio e pequeno porte”, assegura.

Padre comemora o resultado da votação

Pressionados pela igreja os vereadores decidiram votar pelo feriado; meia hora antes do tema entrar na pauta, convencidos pelo padre, fiéis deixaram a Basílica levando em curta procissão a imagem de São Bento num andor, postando-a no hall de entrada da Câmara, onde houve rápida pregação para sensibilizar os vereadores sobre a importância de se dar ao santo um dia de reconhecimento ao seu conteúdo histórico e de paz.