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Conheça Daisa, uma mãe batalhadora que superou muitas dificuldades

Em meio a tantas perdas e lutas, venceu os obstáculos e hoje conta sua história para inspirar outras mães.

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Daisa ao lado de seu esposo Antonio Francisco e da pequena Maria Helena.

Daisa Caroline Alves de Andrade é uma confeiteira baiana que vive em Araraquara desde 1995. Ela tem 36 anos, é casada e tem uma filha. Neste texto, ela conta um pouco da sua história de vida, marcada por desafios, perdas e superação.

COMO TUDO COMEÇOU

Daisa nasceu em Livramento, na Bahia, e é filha única. Ela veio para Araraquara com seus pais quando tinha apenas cinco anos. Na escola, ela enfrentou o preconceito e o bullying devido ao seu sotaque nordestino. Ela se sentia rejeitada, tímida e temerosa. Seus pais, que não tinham muita instrução, não podiam ajudá-la a lidar com essa situação.

Aos 13 anos, Daisa pediu para voltar para a Bahia, pois não aguentava mais sofrer em Araraquara. Porém, o retorno foi mal planejado e eles não conseguiram se estabelecer na Bahia. Seu pai teve que trabalhar como porteiro e sua mãe decidiu voltar para Araraquara com Daisa. Seu pai veio depois.

LIDANDO COM A DEPRESSÃO

De volta à escola em Araraquara, Daisa percebeu que a dor do preconceito ainda estava presente. Aos 16 anos, ela conseguiu seu primeiro emprego em uma farmácia e passou a ajudar seus pais financeiramente. Nesse período, ela desenvolveu depressão e teve um surto psicótico aos 17. Ela ficou internada por três meses em um hospital particular da cidade, mas não recebeu um diagnóstico preciso. Sua mãe perdeu o emprego e o plano de saúde que cobria o tratamento de Daisa. Sua família teve que usar o dinheiro que tinha guardado para comprar uma casa para pagar as despesas médicas. Eles continuaram morando de aluguel.

NOVA FASE

Em 2008, os pais de Daisa se separaram e ela sofreu com a alienação parental praticada por ambos. Conheceu seu marido Antônio Francisco em 2013 e se casou no ano seguinte. Porém, logo depois do casamento, ela perdeu seu pai por um infarto fulminante. Se sentiu culpada por não ser mais próxima dele e por não participar da sua cerimônia.

Daisa se casou jovem e enfrentou dificuldades financeiras nos primeiros anos de união, pois seu marido estava desempregado e ela era a única que trabalhava. Em 2016, ela engravidou pela primeira vez, mas perdeu o bebê durante a gestação. Para piorar a situação, ela também foi demitida da empresa onde trabalhava por conta de uma crise financeira. Nesse momento, seu marido conseguiu um emprego e ela decidiu empreender. Ela abriu uma tapiocaria, mas não teve sucesso e fechou as portas em seis meses. Em seguida, ela e o marido começaram a vender café caramelo, mas também enfrentaram dificuldades para manter o negócio.

A MAIOR PERDA DA VIDA

Apesar de tudo, Daisa não desistiu do sonho de ser mãe. Em 2017, ela engravidou novamente e teve uma gestação tranquila até o oitavo mês. Porém, ao fazer um exame de rotina, ela descobriu que sua filha Isadora tinha parado de crescer e estava sofrendo dentro do útero. Ela teve que fazer um parto de emergência e a bebê foi levada para a UTI. Infelizmente, Isadora não resistiu e faleceu após alguns dias. Daisa ficou arrasada e teve que lidar com a dor de perder uma filha pela segunda vez. Ela também descobriu que sofria de trombofilia, uma alteração nos fatores de coagulação do sangue que aumenta o risco de formação de coágulos e pode causar abortos, partos prematuros e outras complicações na gravidez.

Daisa era uma mulher católica e devota de Nossa Senhora Aparecida, mas depois da morte de Isadora ela perdeu a fé e se tornou cética. Ela pensava que sua vida era só sofrimento e que não tinha mais motivos para acreditar em Deus. Ela diz que a perda de Isadora foi a primeira grande dor da sua vida e que enterrar uma filha é a pior dor do mundo.

O MAIOR MILAGRE

Mesmo assim, Daisa não desistiu de tentar novamente. Em 2018, ela iniciou o tratamento da trombofilia com medicamentos anticoagulantes e engravidou pela terceira vez. Dessa vez, ela teve todo o acompanhamento médico necessário e uma gestação sem maiores problemas. No dia 10 de junho de 2019, ela realizou o sonho de sair da maternidade com uma filha nos braços: Maria Helena. Daisa diz que Maria Helena é um milagre em sua vida e que ela trouxe alegria e esperança para sua família.

“Quando perguntada sobre quantos filhos tenho, digo que tenho três: um que provavelmente era menina, outro que era menina e a minha última”. Nesse período, Daisa fechou sua empresa para cuidar da filha. Em 2022, teve que lidar com a depressão que a assombrou no passado. Dessa vez, investiu na confecção de bolos para superar a tristeza profunda. “O bolo é totalmente afetivo”, diz ela, afirmando acrescentar muito amor em cada receita que fazia.

No mesmo ano, seu marido foi vítima de um acidente. Foi aí que ela precisou de força para cuidar de si mesma, do marido e da sua filha.

SUPERAÇÃO

Daisa conseguiu ajuda com uma psicóloga. Segundo ela, a terapia a ajudou a encontrar respostas. Momentos que antes a fazia se sentir perdida, foram trocados pela certeza de que ela se encontrou. Daisa aprendeu que a vida não diz respeito ao “que ela faz com a gente, mas o que fazemos com ela”.

Hoje, sendo mãe e esposa, Daisa compartilha sua história de dor e sofrimento para ajudar outros que precisam de ajuda.