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Defesa Civil diz que “dezembro teve o dobro da média histórica de chuvas em Araraquara”

Foram 507 mm registrados, sendo que a média para o mês é de 242 mm; no dia 28, quando trecho da Avenida 36 cedeu, choveu 83,2 mm em apenas uma hora

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Estragos causados pelas chuvas na ponte sobre o Ribeirão das Cruzes, proximidades do antigo Matadouro

A quantidade de chuvas registrada no último mês de dezembro superou as médias históricas e é considerada fora do normal por profissionais da Defesa Civil e meteorologistas. Em Araraquara, o mês teve 507 mm de chuvas, mais que o dobro da média histórica de 242 mm (109% acima).

Foi o maior volume pluviométrico dos últimos anos: os registros da Defesa Civil Municipal apontam 326 mm em dezembro de 2017, 192 mm no mesmo mês de 2018, 194 mm em 2019, 360 mm em 2020, 153 mm em 2021 e os 507 mm de 2022.

Segundo o órgão, choveu 200 mm durante o último dia 28, data em que trecho da Avenida Padre Francisco Salles Colturato (Avenida 36) cedeu e ocorreu a tragédia envolvendo um veículo que caiu no Ribeirão das Cruzes, com seis vítimas fatais.

Dados da Defesa Civil

Naquele dia, entre as 19h30 e as 20h30, foram registrados 83,2 mm de chuva, o que representa 83,2 litros de água caindo em cada metro quadrado de área somente naquela hora.

José Carlos Figueiredo, meteorologista do IPMet, Centro de Meteorologia de Bauru ligado à Faculdade de Ciências da Unesp (Universidade Estadual Paulista), classifica que o volume de chuvas registrado em Araraquara não é comum. “Não é um valor normal. É considerado uma anomalia para o mês, apesar de estarmos em uma estação chuvosa”, afirma.

A própria cidade de Bauru, onde fica sediado o IPMet, também registrou índices próximos: chuvas 77% acima da média histórica e o segundo dezembro mais chuvoso desde 1981, perdendo apenas para 2020 — em Araraquara, dezembro de 2022 superou o mesmo mês de 2020.

De acordo com o IPMet, as últimas chuvas são provenientes de passagens de frentes frias pelo estado, pela formação de chuvas convectivas, causadas pelo forte calor e alta umidade atmosférica, e pela presença das ZACAS (Zonas de Convergência do Atlântico Sul), caracterizadas pelo encontro das frentes frias vindas do sul do continente e que formam extensas faixas de nuvens, mantendo o tempo chuvoso por alguns dias na região Sudeste do Brasil.

Figueiredo, do IPMet, também destacou que o volume de chuvas acima do esperado reforça a necessidade de se ficar atento para a realização de obras e outras ações de prevenção de novos desastres e transtornos nos municípios.

Em reunião do prefeito Edinho com o Governo do Estado, na quarta-feira (4), representantes de outras cidades de São Paulo (Bertioga, Cajamar, Capivari, Monte Mor e Rafard) também apresentaram danos causados pelas chuvas acima da média e pediram ajuda estadual. São Carlos, Guatapará e Socorro são outros exemplos de municípios afetados pelos temporais.