Após permanecer na UPA Central de Araraquara praticamente três dias, aguardando vaga para internação na Santa Casa de Misericórdia, o servidor público municipal Rubens Bressan, 85 anos de idade, pode ser testemunha do caos vivenciado pela Saúde Pública. Para a família, foram 72 horas de angústia e orações.
Bressan foi peça importante da administração pública em nossa cidade tendo passado pelos governos de Benedito de Oliveira, Rômulo Lupo, Rubens Cruz, Clodoaldo Medina e Waldemar de Santi, quando ocupou o cargo de Diretor de Obras e posteriormente a Diretoria de Patrimônio, tornando-se então uma espécie de homem de confiança de todos eles.
Segundo a família, embora Bressan esteja sendo submetido a sessões de quimioterapia na própria Santa Casa por conta de um câncer na próstata, seu acesso desta feita ao hospital foi extremamente dificultado pela falta de leitos, fato que já teria sido comunicado ao DRS III (Departamento Regional de Saúde), a Secretaria Municipal de Saúde e a Cross (Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde).
Nesta notificação o hospital assegura que todas as possibilidades de oferta de recursos e serviços estão esgotadas, pois a Santa Casa está em superlotação em sua unidade de urgência e emergência e com ocupação de 100% de seus leitos, atendendo acima de sua capacidade operacional e se esforçando ao máximo para atender às demandas de Araraquara e de toda a região.
Questionada sobre a demora para internação e atendimento a um idoso, a Santa Casa foi taxativa: “Em relação ao caso do Sr. Rubens Bressan, a solicitação de vaga zero foi finalizada às 11h pela Secretaria Municipal de Saúde e às 13h25 pela Cross, mas, até o momento (16h10 de 27/07/2021), o paciente não deu entrada no hospital por fatos alheios a esta unidade.”
Em seguida, a direção do hospital através da sua assessoria de comunicação aponta que “por ser um hospital privado e sem fins lucrativos, a Santa Casa tem contratualizado 60% dos atendimentos e de sua estrutura ao SUS. Hoje, no entanto, a produção SUS é de mais de 90%.”
Questionado pelo RCIA se um recente convênio assinado com uma operadora de saúde de Matão estaria provocando redução de leitos destinados aos pacientes SUS o hospital respondeu que “na prática ocorre o inverso do que questiona o veículo RCIA, ou seja, a Santa Casa usa leitos destinados ao atendimento de convênio – de urgência e emergência, UTI e hotelaria – para atender pacientes SUS, e não o contrário”.
O paciente Rubens Bressan, de acordo com a família, pouco tempo depois de ter dado entrada no hospital já foi submetido a diversos exames, aguardando os resultados.
DEMANDAS NA PANDEMIA
Muito embora a Santa Casa de Araraquara tenha cumprido importante papel no atendimento às vítimas da pandemia, desde o seu início em março do ano passado, não é o hospital em Araraquara que recebe maior número de pacientes atingidos pela Covid-19. De acordo com os boletins do Grupo de Contingência emitidos via Prefeitura Municipal – em 27 de julho (hoje) o hospital tinha 16 pacientes internados; em 27 de junho, 14 e em maio 17 pessoas infectadas.
Observa-se que em 26 de maio, a Santa Casa de Araraquara tinha 17 pacientes internados com Covid-19, o Hospital São Paulo 33 pacientes, o Hospital São Francisco 26 pacientes, o Hospital de Campanha 48 pacientes, o HEAB (Hospital Estadual de Américo Brasiliense 41 pacientes e a Unidade de Retaguarda do Melhado tem 17 pacientes.
