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Dia Internacional do Café: lembrança de Araraquara como grande centro cafeeiro do País

Araraquara chegou ter uma Cooperativa de Cafeicultores anexada à Estação Ferroviária na Rua Antônio Prado, tanto era o volume de café para exportação no Porto de Santos. A cooperativa funcionava no mesmo prédio da Associação dos Fornecedores de Cana tendo um mesmo presidente.

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Valdemar Minghin e Carlos Stalawzer (primeiro plano) conduzem os tratores David Brown que eram importados e subsidiados aos produtores rurais através da Cooperativa dos Cafeicultores

Consumida em todo o mundo, a bebida ganhou uma data comemorativa especial, 14 de abril é o Dia Mundial do Café, mas, o Dia Nacional do Café, no Brasil, é comemorado todos os anos em 24 de maio, data que marca o início da colheita nas principais regiões cafeeiras do país.

Nos anos 50, a região de Araraquara era uma das maiores produtoras dessa bebida. Na Vila Xavier, eram enormes os galpões para o armazenamento das colheitas das fazendas cafeeiras e dali seguiam através de vagões de trem para o Porto de Santos. Talvez, por essa tradição, a cidade está a cada dia, com novas cafeterias e todas com excelentes padrões de qualidade e uma grande diversidade de marcas.

Kombi da Secretaria da Agricultura destinada a realizar classificação do café sendo recebida na cooperativa pelos seus diretores José Maria Teixeira Ferraz, Jonas de Barros Ribeiro Júnior e Luis Baptista Pereira de Almeida (Fazenda Contendas, Santa Lúcia), que chegou a cumprir período tampão na entidade como presidente

No final dos anos 50 era tão forte a produção cafeeira em nossa cidade e região que os agricultores decidiram criar uma cooperativa que caminharia de forma paralela a Associação dos Fornecedores de Cana de Araraquara (fundada em 1952). Tanto é que as duas entidades chegaram a ocupar um mesmo espaço na Rua Antônio Prado, 150, a partir de 31 de janeiro de 1960, quando foi oficialmente fundada a Cooperativa dos Cafeicultores de Araraquara.

O lugar escolhido para a instalação da cooperativa era estratégico para o embarque do café com destino ao Porto de Santos; por algum tempo, a Associação dos Fornecedores de Cana (atualmente Canasol) e Cooperativa dos Cafeicultores funcionaram juntas, mas tendo em vista a queda na produção cafeeira, em 1978 houve o encerramento das atividades.

Era praticamente o início de uma nova década e cada uma destas senhoras ou moças, morando na Vila Xavier, tinha seus sonhos. Misturadas, se debruçavam sob o arrastar das mãos na seleção do café, desafiando o tempo em meio ao cheiro que cruzava os quatro cantos do imenso e novo salão na Vila Xavier. Seu modo de espreitar a esteira que passa se confunde com o gesto simplório de uma oração e, em mais um dia de graça, cumprem o ritual da vida incerta e não sabida.

O agrônomo José Maria Teixeira Ferraz chegou a ser presidente das duas entidades e com o apoio dos companheiros de diretoria e produtores de cana e café acabou por uma área junto à Dianda Lopes, na Vila Xavier, onde encontra-se até hoje. No mesmo local no final de 1959, eram instalados a Cooperativa dos Plantadores de Cana e o Ambulatório Médico. Ainda no mesmo ano é criado o Departamento de Assistência Social, com o apoio do IAA (Instituto do Açúcar e do Álcool), para atendimento aos fornecedores de cana, seus familiares, funcionários e respectivas famílias. Como já estava criada a Cooperativa dos Cafeicultores as unidades deixam o centro e seguem para a Vila Xavier.

Entre as iniciativas de Ferraz, com seu poder visionário estava a modernização da agricultura, sobretudo, no período que vai do final da década de 1960 até o início dos anos 1980. Nesse sentido é enfatizada a participação significativa das cooperativas agropecuárias no processo.

Infinitas as sacas que amontoadas, uma sobre a outra, formam o desenho que anuncia a prosperidade dos novos tempos. Alguém pensa na imorredoura arte de um recorde que soma 1,5 milhão de sacas no imenso salão da cooperativa na Rua 13 de Maio

Para ele, a recuperação da cultura cafeeira vinha muito lenta na região de Araraquara, mas ainda assim, ela representava excelente percentual na economia paulista exatamente no momento em que prevaleciam preços internacionais decrescentes do produto, bem como adotava-se uma política cambial favorável à acumulação do capital no setor industrial.  E foi justamente essa conjuntura desfavorável que acabou por condicionar o surgimento das cooperativas de cafeicultores, narra Martus Tavares, em 1985, num relatório de pesquisa para o Departamento de Economia da Universidade Estadual de Londrina. Com um mercado saturado e produção de qualidade inferior, as cooperativas eram uma saída para os produtores de café.

Certificado de Registro da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Araraquara em 31 de janeiro de 1960 delimitando os municípios participantes: Ibaté, São Carlos, Ribeirão Bonito, Distrito de Guarapiranga, Boa Esperança do Sul (Bairros: Java, Pedra Branca, Ponte Alta e Estiva), Nova Europa, Ibitinga, Tabatinga, Itápolis, Matão, Rincão e Santa Lúcia. Em 1978, primeiro de janeiro, a cooperativa foi incorporada pela Canasol

Surgidas inicialmente por iniciativas dos produtores, as cooperativas de cafeicultores foram estimuladas pelo Instituto Brasileiro do Café – IBC, que impulsionou a constituição e recuperação das cooperativas de cafeicultores também no interior de São Paulo. Mas, a produção do café foi sucumbindo por conta da cultura da laranja e aceleração no processo do plantio da cana.

O jornalista Sergio Martins com Belisário Araújo, comemorando o Dia Mundial do Café na Panificadora Campus Ville, em Araraquara (ao centro Edson, proprietário)