
Um dia após o filho do presidente Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro, posar em fotografias com a camisa da Ferroviária em Dubai ao lado do pai e do presidente da Fifa, o italiano Giani Infantino, o Ministro da Economia, Paulo Guedes revelou que bilionários árabes vão comprar em breve dois clubes brasileiros.
O ministro da Economia fez parte da comitiva do presidente Jair Bolsonaro que visitou Dubai nesta semana em busca de investimentos. Guedes disse que os árabes indicaram investir US$ 10 bilhões, dinheiro que vem de “petrodólares”. O responsável por esse movimento empresarial no mercado da bola seria o emir Tamim bin Hamad Al Thani que não é apenas o chefe de Estado, mas também partilha o Poder Executivo com o Conselho de Ministros que ele próprio nomeia por sugestão do primeiro-ministro.
Segundo consta as aquisições fazem parte de um projeto que prevê investimento de R$ 10 bilhões no Brasil. Contudo, a pergunta é: quais times hoje podem ser adquiridos em território nacional?
Os analistas esportivos destacam que em primeiro lugar, é preciso contar que só aqueles que tiverem se transformado em clube-empresa estarão aptos a receber investimento nacional ou estrangeiro. Hoje, os times são instituições sem fins lucrativos e, portanto, não podem ser comprados.
E é aí que reside o grande ponto: os únicos grandes em estágio avançado para virar SAF (Sociedade Anônima do Futebol) são Cruzeiro e Botafogo. O Athletico e o América também seguem o mesmo caminho. Em São Paulo, Ferroviária e Portuguesa são outros que batalham para separar o clube social do futebol. A Ferroviária já está disparadamente organizada como empresa e com estrutura em todas as categorias – no futebol masculino e também feminino.
Então, se os árabes quiserem comprar um time para já, terão de contentar com alguns destes. Se a ideia dos bilionários for esperar um pouco mais, talvez seja possível fechar também com Atlético-MG, Vasco, Atlético-GO e Cuiabá. Os times citados analisam internamente os prós e contras da mudança estatutária.
Torcedores têm perguntado a respeito de Flamengo, Palmeiras, Corinthians, São Paulo; nestes clubes o assunto clube-empresa é tratado como enorme desconfiança/descrédito. Primeiro, porque dificilmente haveria aprovação dos conselhos deliberativos desses times. Depois, porque seus dirigentes duvidam que a S.A. será capaz de fazer sucesso no país.
No São Paulo, por exemplo, surgiu nas redes sociais o #SeparaSãoPaulo, movimento de torcedores que cobram a ruptura entre o clube social e o departamento de futebol. A diretoria então criou uma comissão formada por conselheiros que se debruçará sobre o assunto e apresentará uma posição sobre o tema em um ano.
É evidente que o momento é de especulações, porém é importante ressaltar que – o suposto interesse dos árabes é uma forma de se reconhecer o trabalho da diretoria da Ferroviária S/A que tem mostrado uma forte linha de interesse na formação de atletas em todas as categorias, agindo efetivamente como empresa bem sucedida.