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Eduardo Bolsonaro veste camisa da Ferroviária, depois governo anuncia que árabes vão comprar dois times brasileiros

Neste momento apenas seis clubes brasileiros já transformados em sociedade anônima poderiam ser negociados, um deles é a Ferroviária S/A. Curiosamente, um dia após Eduardo Bolsonaro fazer fotos com a camisa da Ferroviária em Dubai surge o anúncio do interesse dos arábes em comprar dois times do futebol brasileiro.

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Eduardo Bolsonaro com a camisa da Ferroviária no Qatar; à direita, o emir do Qatar - Tamim bin Hamad Al Thani, dono da Qatar Investment Authority, da qual faz parte a Qatar Sports Investment, proprietária do PSG que comprou Lionel Messi

Um dia após o filho do presidente Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro, posar em fotografias com a camisa da Ferroviária em Dubai ao lado do pai e do presidente da Fifa, o italiano Giani Infantino, o Ministro da Economia, Paulo Guedes revelou que bilionários árabes vão comprar em breve dois clubes brasileiros.

O ministro da Economia fez parte da comitiva do presidente Jair Bolsonaro que visitou Dubai nesta semana em busca de investimentos. Guedes disse que os árabes indicaram investir US$ 10 bilhões, dinheiro que vem de “petrodólares”. O responsável por esse movimento empresarial no mercado da bola seria o emir Tamim bin Hamad Al Thani que não é apenas o chefe de Estado, mas também partilha o Poder Executivo com o Conselho de Ministros que ele próprio nomeia por sugestão do primeiro-ministro.

Segundo consta as aquisições fazem parte de um projeto que prevê investimento de R$ 10 bilhões no Brasil. Contudo, a pergunta é: quais times hoje podem ser adquiridos em território nacional?

Os analistas esportivos destacam que em primeiro lugar, é preciso contar que só aqueles que tiverem se transformado em clube-empresa estarão aptos a receber investimento nacional ou estrangeiro. Hoje, os times são instituições sem fins lucrativos e, portanto, não podem ser comprados.

E é aí que reside o grande ponto: os únicos grandes em estágio avançado para virar SAF (Sociedade Anônima do Futebol) são Cruzeiro e Botafogo. O Athletico e o América também seguem o mesmo caminho. Em São Paulo, Ferroviária e Portuguesa são outros que batalham para separar o clube social do futebol. A Ferroviária já está disparadamente organizada como empresa e com estrutura em todas as categorias – no futebol masculino e também feminino.

Então, se os árabes quiserem comprar um time para já, terão de contentar com alguns destes. Se a ideia dos bilionários for esperar um pouco mais, talvez seja possível fechar também com Atlético-MG, Vasco, Atlético-GO e Cuiabá. Os times citados analisam internamente os prós e contras da mudança estatutária.

Torcedores têm perguntado a respeito de Flamengo, Palmeiras, Corinthians, São Paulo; nestes clubes o assunto clube-empresa é tratado como enorme desconfiança/descrédito. Primeiro, porque dificilmente haveria aprovação dos conselhos deliberativos desses times. Depois, porque seus dirigentes duvidam que a S.A. será capaz de fazer sucesso no país.

No São Paulo, por exemplo, surgiu nas redes sociais o #SeparaSãoPaulo, movimento de torcedores que cobram a ruptura entre o clube social e o departamento de futebol. A diretoria então criou uma comissão formada por conselheiros que se debruçará sobre o assunto e apresentará uma posição sobre o tema em um ano.

É evidente que o momento é de especulações, porém é importante ressaltar que – o suposto interesse dos árabes é uma forma de se reconhecer o trabalho da diretoria da Ferroviária S/A que tem mostrado uma forte linha de interesse na formação de atletas em todas as categorias, agindo efetivamente como empresa bem sucedida.