Um laudo datado de 27 de outubro de 2022 e apresentado pela Secretaria Municipal de Cooperação dos Assuntos de Segurança Pública e pela Coordenadoria Municipal de Proteção de Defesa Civil atestou o bom estado de conservação em que se encontrava a ponte sobre o Ribeirão das Cruzes, no trecho da Avenida 36, que cedeu e abriu uma cratera na noite da última quarta-feira (28), após as chuvas fortes que atingiram a cidade. Além de inspeção visual, foi realizado avaliação de risco, sendo que nenhum risco eminente de desabamento foi apontado.
Essa inspeção na ponte, que é feita rotineiramente, integrou o plano de ação denominado Operação Ponte Segura, desenvolvido pela Defesa Civil, cujo principal objetivo é a avaliação técnica das estruturas instaladas no município.
O engenheiro técnico que vistoriou a ponte apontou a descrição de todos os elementos encontrados no registro do atendimento.
Foi constatado que as abas de concreto armado e as aduelas apresentavam bom estado de conservação e que o piso de concreto, sob a ponte, ou seja, no leito do rio, apresentava falta de partes que não comprometiam a estrutura da ponte, sendo os danos considerados superficiais.
O canal dissipador que fica a jusante, ou seja, após a ponte, estava com piso e paredes em bom estado. O documento também aponta um segundo canal dissipador que apresentava alguns problemas que foram relatados, mas esse segundo dissipador, segundo observado na vistoria, ficava também a jusante e fora da área da ponte, há aproximadamente 10 metros de distância do final da travessia em aduela, sem comprometimento da estrutura da mesma.
O dissipador de energia é um dispositivo que visa promover a dissipação de energia de fluxos d’água escoados através de canalizações, de modo a reduzir os riscos dos efeitos de erosão nos próprios dispositivos ou nas áreas adjacentes. A dissipação de energia visa a diminuição da velocidade do escoamento nas estruturas hidráulicas e nas saídas de galerias de águas pluviais, principalmente nas situações de chuvas intensas e enchentes, para que seja minimizada a ocorrência de desgaste ou erosão dos canais.
A via pública de circulação também apresentava bom estado.
Foram verificados, segundo o laudo, presença de troncos de pequeno porte e galhos no interior das aduelas, mas a Secretaria de Obras e Serviços Públicos verificou o local em novembro e constatou que essa vegetação não estava mais nas aduelas.
Concluindo, o laudo descartou risco iminente de desabamento.
PLANO DE CONTINGÊNCIA
A operação Ponte Segura teve início em setembro e vistoriou 66 das principais estruturas, entre pontes e viadutos, sendo que todas passaram por análise de risco. A ação faz parte dos trabalhos de planejamento do plano de Contingência Operação Chuvas de Verão. Além do engenheiro técnico, responsável pelas vistorias, e de agentes de Defesa Civil, em alguns casos, a ação contou com uso de drone.
“Vistoriamos 66 pontes e viadutos, dentro da Operação Ponte Segura, e não houve constatação de problemas estruturais graves em nenhuma das estruturas. Após as vistorias, nós encaminhamos os laudos para a Secretaria de Obras e Serviços Públicos para que as pequenas correções apontadas pudessem entrar no cronograma de serviços da pasta”, afirmo o Coronel João Alberto Nogueira Junior, secretário municipal de Cooperação dos Assuntos de Segurança Pública. “O que ocorreu ali foi uma grande quantidade de água da chuva num curto período de tempo. Uma tragédia natural”, concluiu ele.
Entre a quarta-feira (28), quando ocorreu a abertura da cratera e o grave acidente de vitimou seis pessoas da mesma família, e a quinta-feira (29), Araraquara registrou 200 mm de chuvas em 24 horas, sendo 130 mm concentrados em apenas 6 horas — muito acima da previsão de institutos de meteorologia e alertada pela Defesa Civil para chuvas de 140 mm durante quatro dias, de terça (27) a sexta (30).