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Espetáculo e mesa de debates são destaques nesta sexta (30/04) dentro da Semana da Dança

Programação gratuita começa 19h30 no canal da Prefeitura de Araraquara no YouTube

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As atividades podem ser acompanhadas gratuitamente pelo canal da Prefeitura de Araraquara no YouTube. (Foto: Divulgação)

No penúltimo dia da programação da Semana da Dança de Araraquara, nesta sexta-feira (30), a programação destaca: a mesa “Processos de Criação em Dança”, com Daniela Amoroso e Denny Neves sob mediação de Luzinete Silva, às 19h30 e, depois, às 21 horas, o espetáculo “Mungangas, Pantinhos e Malassombros – um espetáculo de Dança (Ter)Remoto”, com o GDC – Grupo de Dança Contemporânea da UFBA (Universidade Federal da Bahia).

As atividades podem ser acompanhadas gratuitamente pelo canal da Prefeitura de Araraquara no YouTube (www.youtube.com/prefeituradeararaquaraoficial). A Semana da Dança é uma realização da Secretaria Municipal da Cultura e Fundart, a fim de celebrar o Dia Internacional da Dança, comemorado em 29 de abril. A programação é gratuita e aberta a todos interessados.

CRIAÇÃO EM DANÇA

A mesa “Processos de Criação em Dança”, com Daniela Amoroso e Denny Neves, sob mediação de Luzinete Silva, apresenta tema desenvolvido a partir da construção do espetáculo “Mungangas, Pantinhos e Malassombros”, realizado com alunos da UFBA durante a pandemia, trazendo as figuras fantásticas da cultura popular brasileira, numa reconfiguração para o pensamento contemporâneo de Artes e Dança.

Outro tema também presente nesta mesa é o processo de construção da experiência com o trabalho “Bruxa Preta em Retomada”, que marca a trajetória de Luzinete Silva enquanto bailarina, ao completar 40 anos de idade – Denny é o provocador do espetáculo que está em produção.

“Os dois trabalhos partiram do mesmo princípio organizacional de Dança”, explica Denny. Danças brasileiras, corpo feminino, relações de gênero, racismo são questões que avançam em ambas produções.

“Mas também é sobre a perspectiva de continuar dançando, sem ter que estar preocupado constantemente com essa linguagem que a pandemia nos obriga estar nessa perspectiva remota de construção… e como a gente faz isso com Dança, sem ter que necessariamente produzir um vídeo de Dança?”, indaga o bailarino. “Esse é o maior desafio para as pessoas da Dança”.

Os dois mediadores trazem o tema da produção da Dança a partir de suas experiências nas edições do FIDA – Festival Internacional de Dança de Araraquara, ampliando o diálogo para além do âmbito da Dança via academia. Dança, estudo e produção remotos, a linguagem da dança em vídeo são alguns dos temas em destaque nesta atividade.

MUGANGAS

“Mungangas, Pantinhos e Malassombros” são expressões singulares da região Nordeste e são os motivos para revelar as questões do espetáculo. Para os praticantes das danças populares do Nordeste do Brasil, “munganguear” é “deixar o corpo falar ao pé do ouvido, arrumadinho com esperteza”. Fazer “pantinhos” é “dar chiliques, fazer frescuras, caretas, brincar com trejeitos, melindres, fazer fuleiragem”.

Malassombro é a alma de uma pessoa que faleceu e que, por algum motivo, estabelece contato com os vivos porque ainda não tiveram tempo para se acostumarem com a sua nova condição (no espetáculo os “malassombrados” são reações corporais que os dançarinos apresentam, de formas variadas, incluindo suas inquietudes e temores em virtude do atual contexto que vivenciado por causa da pandemia).

“Mungangas, Pantinhos e Malassombros – um espetáculo de Dança (Ter)Remoto” é uma produção filmocoreográfica com atitude política de resistência artístico-cultural em tempos de pandemia do Covid-19, e que busca, dentre outras questões, apontar que as danças populares, atualmente se diferenciam do conceito de folclore, reivindicando uma reflexão crítica sobre processos monorreferenciais de formação em Dança no Brasil.

As manifestações da cultura popular fazem conexão com o pensamento contemporâneo de dança, trazendo o estudo de figuras fantásticas do Nordeste, como: as Catitas e Mateus do bumba-meu-boi, o Morto Carregando Vivo do Cavalo Marinho, os Mandus, e Caretas do Acupe de Santo Amaro da Purificação, as Guerras de Espadas de Cruz das Almas, dentre outros. São eles quem inspiram o desenvolvimento dos processos de criação, que dialogam com temas presentes nos atuais movimentos sócio-político-ambientais e manifestos de ativismo cultural.  Também, o espetáculo propõe reflexões sobre as questões de diversidades étnicos raciais, intolerância religiosa e relações de gêneros, na Bahia e no mundo.

O Grupo de Dança Contemporânea da UFBA, com esse trabalho, também entrega uma crítica aos seriados e séries que constroem a programação do streaming e da rede de televisão brasileira e, assim, apresentam a “Primeira Temporada” (T1), dividida em três “Episódios”, além de “reclames”. Toda a produção foi composta por processos individuais de criação de cada dançador, destacando suas inquietudes em tempos de confinamentos e o desafio de criar estudos do corpo por meio de indicadores remotos virtuais.

Assim, o espetáculo traz questões que surgem com o confinamento: como driblar os horrores de um cenário sócio-político-cultural que nos afligem atualmente? Que corp(a)s atravessam e são vítimas dessas questões? O que querem dizer est(a)s corp(a)s quando estamos diante de movimentos de resistência que reverberam os discursos contra o racismo, a lgbtfobia, a misoginia, a intolerância religiosa e especialmente a violação dos direitos humanos ao qual o Brasil e o mundo estão submetidos?

FICHA TÉCNICA

Rebuliços Filmocoreográficos: Denny Neves
Buxixos e Barraventos: Daniela Amoroso
Bando de Dançadores: Alex Lago, Amanda Moreira, Dhara Teixeira, Fábio Silva, Iago Araújo, Júlia Souza, Luana Lordêlo, Keila Oliveira, Yasmin Sena, Monalisa Azevedo, Paula Marinho, Patrick Conceição, Sibele Bulcão e Thaíse Reis
Captação de imagens: Denny Neves, Daniela Amoroso, Yasmin Sena, Euclides Pardal e Gustavo Níglio
Edições e Tramóias: Denny Neves e Daniela Amoroso
Iluminação Cênica: Euclides Pardal e Denny Neves
Trilha Sonora: Denny Neves
Edições e Intervenções Musicais na Trilha: Lucas de Gal
Voz de abertura: Cristiano Piton
Figurinos e Adereços: Denny Neves, Marise Andrade, Clara Níglio e Sofia Menezes
Apoio Técnico: Larissa Bueno, Luan Amoroso, Sofia Menezes
Produção de Materiais: Alex Lago
Produção de Mídias e Divulgação: Alex Lago e Yasmin SenaDifusão Nacional e Internacional: Gilsamara Moura

(Da reportagem)