Home Agronegócio

Fabiana de Pauli: “Sempre fui ouvida e tratada com respeito no meio Agro”

Ela dirige trator, caminhão, planta e faz a colheita com a mesma simplicidade de um passeio ao shopping Center

309
Fabiana trabalha em sua fazenda desde criança

Por Suze Timpani – Canasol

Muitas pessoas tem a impressão que as mulheres do Agro apenas administram suas propriedades e não se envolvem com o plantio ou máquinas. Só pensa assim, quem não conhece Fabiana Conceição de Pauli, de 44 anos, casada e mãe de três filhos, Antônio, Maria Clara e a pequena Maria Rita.

Fabiana é uma produtora diferenciada, acostumada à lida diária no campo. Administra junto com sua mãe Sonia Maria Schiavinato de Pauli, 500 hectares de terra na região de Motuca, onde produz: cana, soja, amendoim e milho.

Após a morte do pai Antônio de Pauli em 1999, ela então com 22 anos, deixou os estudos para tomar a frente da fazenda. De acordo com a produtora, não foi nenhum sacrifício, pois sempre acompanhou o pai em todas as tarefas da fazenda desde criança e era o que gostava de fazer.

“Sempre acompanhei meu pai em tudo, seja na plantação, na usina ou banco, aprendi na prática. No início foi difícil, pois ele sempre foi o cabeça, quando ia fazer alguma coisa tinha alguém para perguntar, depois de sua morte tive que assumir as responsabilidades de tomadas de decisões, mas deu tudo certo”, ressalta ela.

Fabiana conta que mesmo com pouca idade, nunca sofreu preconceito por ser mulher e sempre foi ouvida e tratada com muito respeito no meio Agro.

“Sempre estive à frente das negociações com usinas, às vezes meu irmão estava junto, mas na maioria das vezes era comigo”.

Ela nasceu em Araraquara, mas sempre morou na fazenda. “Nasci no campo e continuo aqui, não troco pela cidade, gosto daqui e do meu trabalho”, afirma.

Ela explica que sua propriedade está em um ponto privilegiado, pode ir rapidamente para Ribeirão Preto, Guariba ou Araraquara e por isso prefere morar na fazenda, já que trabalha lá durante todo o dia.

“Hoje a tecnologia ligou o campo a cidade, temos celular, internet, TV a cabo, tudo que na cidade tem, quando preciso de algo peço por aplicativo e me entregam. Aqui tenho todo conforto, e isso é uma tendência, tenho muitos amigos que voltaram a morar no campo. Veja nesta pandemia, só é livre quem está no campo, evidente que não abusamos e redobramos os cuidados quando vamos para a cidade ou quando recebemos alguém aqui”, diz.

Na questão da segurança Fabiana toma todas as precauções necessárias. “Peço sempre que Deus olhe por nós, mas temos videomonitoramento, alarmes, cachorro bravo e ronda”, afirma ela.

Fabiana afirma que uma mulher quando se dispõe a fazer algo, sempre da certo

Para Fabiana é muito importante o crescimento de mulheres no agronegócio. “Antigamente as mulheres ajudavam os homens, mas nunca apareciam hoje se percebe que as ideias das mulheres são muito boas, temos visão estratégica. Quando uma mulher pega firme em um negócio ele deslancha, vai pra frente, acredito que a tendência é crescer”.

De acordo com a produtora não adianta ter teoria e não saber a prática. “Para teoria acompanho os agrônomos. Na prática sempre acompanhei plantio da cana, gosto de ver se tem falha ou não, afinal meu plantio é para 8 anos, precisa ser bem feito, as vezes eu andava uns 30 alqueires atrás dos caminhões. Trabalhei muito com trator com carreta engatada na colheita de cana. Meu trator era gabinado e insufilmado, ninguém sabia quem estava lá dentro, as vezes quando abria a porta para descer, os motoristas da usina até se assustavam”, ri ela, que também dirige caminhão.

Ela diz que as pessoas achavam bonito de ver uma mulher trabalhando na roça, tocando um negócio próprio. “Antigamente quando queimávamos a cana, sempre acompanhei. Uma vez o pessoal da usina chegou à porteira e pediram para chamar a Fabiana, eu disse sou eu, eles até se assustaram, com uma garota de 22 anos para comandar a queima”, se diverte ela com a lembrança.

Maria Rita, Fabiana e Maria Clara

Fabiana já prepara seus filhos como sucessores, Antônio com 20 anos comandou sozinho neste ano todo o plantio e colheita da soja. “Ele meche com a terra e maquinários há muito tempo, tem um amor muito grande pelo que faz”,conta a produtora orgulhosa com o trabalho do filho.

Maria Clara com 15 anos também ajuda a mãe nos afazeres da fazenda. Até mesmo Maria Rita com 3 anos acompanha a mãe e adora dar palpites, segundo Fabiana.

Ela se sente feliz pelo que realizou até então, pelo amor que os filhos têm a terra, assim como ela. Mulher forte de fibra e comanda como poucos, tanto o administrativo como o operacional da fazenda, nada passa sem que ela perceba. Assim é Fabiana, mulher de raiz agro, pioneira e que acredita que o amor também é um fruto que brota em sua terra.