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Ícone da música brasileira, Erasmo Carlos morre aos 81 anos no Rio de Janeiro

Chamado carinhosamente de "o tremendão" Erasmo Carlos sempre foi um dos mais importantes compositores da música brasileira. Sua parceria com Roberto Carlos o consagrou como um grande ídolo.

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Erasmo Carlos, um dos grandes compositores brasileiros

Erasmo Carlos, faleceu nesta terça-feira (22) aos 81 anos. O cantor e compositor havia sido internado hoje de manhã no Hospital Barra Dór, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, às pressas.

No início do mês, o artista comemorou a alta após duas semanas de internação no Barra D’Or para realizar exames e tratar uma síndrome edemigênica.

“Ressuscitei no Dia de Finados e tive alta do hospital! Obrigado a Deus, a todos que cuidaram de mim, rezaram por mim e se torceram pela minha recuperação… Essa foto com a Fernanda traduz como estamos felizes”, postou o cantor na ocasião.

Em dezembro de 2021, Erasmo ficou mais de uma semana internado no mesmo hospital após ser diagnosticado com Covid-19. A internação aconteceu por precaução, até pelo fato de o artista estar vacinado contra o vírus.

 HISTÓRIA

Erasmo Esteves nasceu na cidade do Rio de Janeiro. Sempre se interessou por arte e, em especial, música. Na juventude, junto a Tim Maia e Jorge Ben Jor, vivia no ambiente do Rock N’Roll carioca, o que lhe fez optar pela carreira de músico. Ficou famoso por suas parcerias com o cantor Roberto Carlos e tornou-se, ao longo de seis décadas, um dos maiores nomes da música popular brasileira.

No cinema, estreou em Minha Sogra É da Polícia (1958), dirigido pelo amigo Aloisio T. de Carvalho. Se destacou como ator em Os Machões (1972), longa no qual atua ao lado de Reginaldo Faria e Flávio Migliaccio. Pela produção, foi premiado como Melhor Ator Coadjuvante pela Associação Paulista de Críticos de Arte. Erasmo também atuou em O Cavalinho Azul (1984) e Paraíso Perdido (2018), além de contribuir com depoimentos em diversos documentários.

Participou efetivamente junto com Roberto Carlos e com Wanderléa do programa Jovem Guarda onde tinha o apelido de Tremendão, imitando as roupas e o estilo de seu ídolo Elvis Presley. Seus maiores sucessos como cantor nessa fase foram “Gatinha Manhosa” e “Festa de Arromba”. Com o término do movimento, entrou em crise, mas conseguiu se recuperar com a ajuda de seu parceiro Roberto Carlos e de sua esposa, Narinha. Nessa fase de transição fez sucesso cantando “Sentado à Beira do Caminho” e “Coqueiro Verde”.

O disco Erasmo Carlos e Os Tremendões já é um trabalho transitório na carreira do artista. O LP, de 1969, traz interpretações muito peculiares de canções de compositores da MPB, como “Saudosismo”, de Caetano Veloso e “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso (lançada no filme Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-rosa em que Erasmo atua com Roberto e Wanderléa) e “Teletema” (canção originalmente interpretada por Regininha, sucesso por ter sido tema da novela Véu de Noiva, da Rede Globo), de Antônio Adolfo e Tibério Gaspar, além da primeira gravação de “Sentado à Beira do Caminho”.

Na década de 1970, Erasmo assina com a Polygram. A primeira metade da década mostra o Tremendão num estilo bem diferente da Jovem Guarda. Influenciado pela cultura hippie e pelo soul, lança Carlos, Erasmo em 1971. O disco, que abre com “De Noite na Cama”, escrita por Caetano Veloso especialmente para ele, traz uma polêmica à maconha, em “Maria Joana”.

O existencialismo prossegue em seus outros LPs dos anos 70: 1941-1972 – Sonhos e Memórias, 1990 – Projeto Salvaterra e Banda dos Contentes. “Sou uma Criança, Não Entendo Nada”, “Cachaça Mecânica” e “Filho Único” são algumas canções de destaque no período. Pelas Esquinas de Ipanema, seu LP de 1978, inclui uma impactante canção que denuncia o descaso do homem com a ecologia: “Panorama Ecológico”. (Istoé)