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Incrível mas o PT sempre manteve com a sua militância paga, o partido de pé

O sociólogo e jornalista José Maria Viana escreve sua aristotélica coluna nos fins de semana no RCIA e nesta edição ele resgata o fundo do poço da Lava Jato e as consequencias que a operação causou na política brasileira.

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Na contramão e ao longo da história o PSDB se esfacelou e o MDB que só servia de apoio, se enfraqueceu. Para se reerguer se junta a esquerda

HISTÓRIA POLÍTICA
Vamos discorrer aqui hoje sobre um pouco da história política deste país que levou ao perigo da polarização iniciada na eleição de 2018 e que colocou Jair Messias Bolsonaro (PL) no cargo de presidente da República. A polarização ocorreu porque o Centro – que é o equilíbrio da política em qualquer lugar do mundo – se esfacelou por força da Lava Jato que teve início em 17 de abril de 2014, investigando com unhas e dentes os casos de corrupção na Petrobrás.

LAVA JATO DETONA
Recentemente o ministro Gilmar Mendes comentou numa entrevista no exterior sobre os estragos que causaram à política do país as investigações e condenações da Operação Lava Jato. E seu comentário, mirava o que havia acontecido na Itália entre 1992 e 1996, com a chamada “Operação Mãos Limpas”, cujas investigações colocaram na cadeia a maioria dos políticos de Centro, implodindo esse campo da política e permitindo o surgimento da direita.

IMPLOSÃO NA ITÁLIA
A implosão do campo político do centro na Itália, deveria ter servido de exemplo para o Brasil, mas ao contrário, o delegado Sérgio Moro, fazia questão de citar as “Mãos Limpas” e copiá-la para levar a efeito suas investigações. Não defendemos aqui que os casos de corrupção na Petrobrás não deveriam ter sido levados a efeito, mas o correto é que fossem conduzidos com critério e não com gana política, combinações, protocolos duvidosos e vingança cega.

ENROLADO NO MENSALÃO
O Partido dos Trabalhadores (PT) já havia se enrolado com o Mensalão denunciado pelo ex-deputado Roberto Jefferson em 6 de junho de 2005 e que acabou por praticamente implodir as principais lideranças do PT, colocando a sua maioria na cadeia e o partido ficando sem nomes de peso para concorrer à Presidência da República, o que forçou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançar a novata e desconhecida Dilma Roussef, elegendo-a em 2010.

CRIAÇÃO DO PETROLÃO
Sem “Mensalão” – de R$ 20 mil e R$ 30 mil mensais – para comprar deputados e formar uma base de apoio para votar os projetos do Governo no Congresso e, precisando criar outro mecanismo que o substituísse, Lula lançou mão do chamado “Ministério de Porteira Fechada” que os entregou aos partidos. Ali, cada partido, fazia seu caixa para campanha e suas corrupções. Mas o grosso do esquema foi montado na Petrobrás, cambaleando a empresa.

ESPETÁCULO DA LAVA JATO
Começa a Lava Jato em abril de 2014 com espetáculos delirantes de mídia, delações premiadas, gente na cadeia, mirando grandes empreiteiras (algumas faliram) e políticos, no que, na época ficou conhecido como “o maior esquema de corrupção do mundo” e hoje se sabe que o maior é o chamado “Orçamento Secreto”, das Emendas de Relator, criado pelo presidente Jair Bolsonaro em 2019 e implantado a partir de 2020, para o desespero geral.

IMPLOSÃO DO CENTRO
A Lava Jato implode o Centro. Os eleitores ficam sem candidato desse campo para votar e que se concentravam no maior partido de centro-esquerda deste país que recebia esses votos, o PSDB, que chegou a eleger duas vezes Fernando Henrique Cardoso (PSDB), no primeiro turno e ainda alimentar mais quatro candidaturas à Presidência (duas vezes Geraldo Alckmin, uma José Serra e outra de Aécio Neves), todas derrotadas pelo PT, que para ganhar veio ao Centro.

UMA GRANDE FRENTE
Mas o PT manteve com a sua militância paga o partido de pé, enquanto o PSDB se esfacelou e o MDB que só servia de apoio, se enfraqueceu (vamos escrever na próxima Seção sobre o PT e o PSDB). A direita adormecida e cambaleada da ditadura, acorda com gana. O povo revoltado com o esquema de corrupção, especialmente na Petrobrás, junta seus eleitores – mormente de PSDB, MDB e outros – se alia aos eleitores da direita e formam uma grande frente.

ELEIÇÃO DE BOLSONARO
Mas vejam que a frente não foi formada somente com o povo e os eleitores de centro, com ele veio a nata mais forte da economia: os industriais (suas famílias e de seus gerentes), o forte agronegócio e toda uma classe que ascendeu no campo e seus seguidores e funcionários. Todos cansados de se dividirem por 24 anos entre PT e PSDB, caíram no colo da inescrupulosa direita, elegendo o famigerado golpista e filho da ditadura, Jair Messias Bolsonaro.

VOLTAMOS A 40 ANOS
A polarização estava formada (e vai continuar por muito tempo, enquanto o Centro não se reconstruir, se isso ocorrer nos próximos dez anos). Junte-se a isso, a prisão do Lula (e a proibição de sua candidatura), a facada em Jair Bolsonaro e um candidato (Fernando Haddad) que não soube se desvencilhar do cordão umbilical de seu criador (Lula). Ganhou o da direita e se elegeu um Congresso voltado ao campo conservador (e à pauta de costumes). Voltamos ao atraso, do atraso, do atraso. O país vive uma guerra ideológica e voltamos a 40 anos atrás.

A TERCEIRA VIA
Não podemos negar a força do PT e de Edinho Silva na cidade. Muito menos as vultosas verbas liberadas por Lula (PT) para Araraquara e também a força da candidata Eliana Honain, com 31%, no BigData. Mas Edna Martins (PSDB) não poderia desprezar os gordos 14% que recebeu para prefeita. É um bom número e representaria puxar uma boa chapa de vereadores. Não há uma polarização estabelecida, mas ela poderia se tornar a terceira via nesse quadro pintado.

QUARTA VIA GANHOU
No quadro de disputa entre dois polos acirrados, o terceiro, aproveitando os que não querem nem um lado e nem o outro, poderia furar o cerco e vencer o pleito como ocorreu em 2000 na eleição de Edinho Silva (PT). Na disputa na ponta entre Marcelo Barbieri (PMDB) e Roberto Massafera (PPS) e até de Coca Ferraz (PSDB) à frente do candidato do PT, no início, Edinho Silva furou o cerco e no final, ganhou a eleição de todos, com 36.68% dos válidos. É a história!

VACINA DA DENGUE
A Secretaria da Saúde de Araraquara anunciou para esta segunda-feira, dia 17, o início da vacinação contra a dengue na cidade para crianças de 10 anos à adolescentes de 14 anos. Às 3,4 mil doses recebidas pela Saúde, serão aplicadas nas unidades do Iedda, Vale do Sol, Melhado e Selmi-Dei 4, entre às 8 e 16 horas. Na região Central, as vacinas serão aplicadas no Posto do Sesa, das 8 às 15 h. É necessário que se leve a carteira de vacinação e um documento com foto da criança ou adolescente. Este ano já ocorreram 1,8 mil casos de dengue na cidade, 8 de Chikungunya e 1 de zika. Até agora não houve nenhuma morte de dengue em Araraquara.