Durante o pequeno expediente da sessão da Câmara Municipal de Araraquara nesta terça-feira (05), o vereador Aloísio Bráz, o “Boi”, voltou a defender os interesses da diretoria da Gota de Leite no caso da denúncia feita ao Coren (Conselho Regional de Enfermagem) pelo vereador Lineu Carlos de Assis, de que a maternidade estaria permitindo que “obstetrizes praticassem o exercício ilegal da profissão em partos de alto risco dentro do hospital”.
A denúncia feita pelo parlamentar do Podemos, segundo ele mesmo sustenta, está fundamentada no Livro de Partos do hospital que comprova partos de alto risco realizados pelos obstetrizes indevidamente e com o conhecimento dos diretores técnicos e administrativos da Fungota que se omitiram em relatar o fato aos vereadores quando de uma reunião na semana passada na Câmara Municipal.
Na sessão desta terça, Lineu Carlos de Assis, deixou claro que – duas profissionais estiveram no encontro com alguns vereadores na semana passada, acompanhando médicos e diretores, e disseram que não foi feito parto de alto risco dentro da Fungota, mas no dia seguinte – sustentou o vereador – apareceu o livro do Centro Obstétrico confirmando na descrição Gestação de Alto Risco, o tipo de doença e atuação dos obstetrizes realizando o parto, contrariando as normas do Coren.
“Vão querer fazer teatro para continuarem enganando a população de Araraquara e da região? Eu fui cauteloso em dizer que tenho provas e mesmo assim fui atacado e desrespeitado por aqueles que ao invés de apoiarem as coisas certas, não souberam analisar a situação e foram brilhantemente enganados, mas cometeram o grave erro de apoiarem e darem valor as coisas erradas. Isso se chama imprudência, se chama omissão em querer fugir da verdade, daquilo que é real, verdadeiro”.
Em defesa das diretoras, Aloísio Bráz, buscou explicar que – em uma gravidez de alto risco é aumentado o protocolo de ações. “A partir do pré-natal a mãe tem triplicado o acompanhamento de forma mais detalhada por parte de todos os profissionais da Gota de Leite. Parece que no momento do parto só estão o obstetra, a mãe e a graça de Deus, e eu não vou ficar calado e aceitar, pois são mais de 10 profissionais atuando e com uma UTI pronta para a assistência. É todo um corpo de profissionais se porventura acontecer qualquer problema no parto”.
Tranquilo e demonstrando estar municiado de informações e documentos que serão encaminhados ao Ministério Público em forma de Representação, Lineu Carlos de Assis contestou após o encerramento da sessão o argumento dado pelo líder do prefeito Edinho Silva na Câmara: “Ele (Boi) fala em 10 profissionais realizando o parto. Tenho imagem aqui que mostra um obstetriz fazendo parto de Alto Risco; onde estavam os médicos e os obstetras neste momento em que a criança está nascendo?”.
Como Lineu havia perguntado “até quando a Diretora Executiva da Fungota e a Diretora Técnica vão continuar sustentando as inverdades para Araraquara e principalmente para os vereadores desta casa?”, em seu discurso, Boi em seguida respondeu: “O vereador Lineu tem o direito de questionar, mas julgar todos os vereadores aqui, dizendo que estamos sendo ludibriados não dá”.
Também em seu discurso, Lineu Carlos de Assis já havia dito que – não é este vereador que está deixando de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. E quero dizer a população de Araraquara e para aqueles que confiaram seu voto para com este vereador, que houve negligência por falta de cuidado ou desleixo relacionado a uma determinada situação. Isso é crime!”
Ele também fez citação sobre “a imprudência havida e que ela consiste em uma ação que não foi pensada, e sim realizada sem precaução, que também considera um crime! Já a imperícia é a falta de habilidade ou conhecimento específico para o exercício profissional, também considerado crime!”
Lineu finalizou sua fala argumentando que não está na Câmara de brincadeira e que tem provas suficientes que fazem suspeitar da existência destes crimes e de outros que estão ocorrendo há tempos na Fungota, e que devem ser investigados por órgãos técnicos e da Justiça.