BOULOS-MARTA SUPLICY
A sensação do momento na política – pós-comemoração da vitória da democracia contra os ataques golpistas do 8 de janeiro de 2023 – é o anúncio da chapa esquerda-centro formada pelo deputado Guilherme Boulos e Marta Suplicy para concorrer à Prefeitura de São Paulo. O reforço de Marta à chapa de Boulos é imenso porque reúne a extrema-esquerda ao centro, o equilíbrio da política, e almeja pelo menos em intenção os 21% soltos que caminham entre os lados radicalizados de esquerda e direita e soma uma maioria democrática para Boulos.
MARTA DEIXA GOVERNO
Marta Suplicy – após muitas conversas com o presidente Luiz Inacio Lula da Silva (PT) que costurou o acordo trazendo a ex-prefeita da Capital (2001-2004), novamente para o PT, após desentendimentos de mais de 15 anos – deixou a Secretaria de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo, cargo que assumiu ainda no governo de Bruno Covas (PSDB). Marta chegou a namorar a candidatura de Ricardo Nunes (MDB), declarando inclusive que o apoiaria e recebeu o apoio do presidente do PL Valdemar da Costa Neto e a oposição de Jair Bolsonaro.
NUNES PERDE CHANCE
Ricardo Nunes, por vez, que se aproxima do bolsonarismo perdeu a grande chance de sua vida de continuar na Prefeitura de São Paulo, pelo menos nesse momento, em que até as estrelas do céu parecem abandonar o emedebista e ninguém tem certeza se Jair Bolsonaro vai apoiá-lo de fato nas idas e vindas da tentativa de aproximação. Marta, por seu turno, diz que não dá para continuar apoiando Nunes depois dessa aproximação do prefeito com a extrema-direita.
POLARIZAÇÃO DESEJADA
A entrada de Lula na articulação política para ter Marta na chapa de Boulos em meio aos movimentos de Ricardo Nunes pelo apoio de Jair Bolsonaro (PL), favorece a reprise da divisão-polarizada de 2022, da eleição presidencial, que é estimulada pelos dois lados que enxergam o pleito deste ano como uma vitrine de demonstração de força que será determinante para a disputa de 2026. Boulos que está à frente de Nunes, agora com Marta é o favorito da eleição!
VITÓRIA DA DEMOCRACIA
As comemorações da vitória da democracia sobre os golpistas do 8 de janeiro, convocada em reunião festiva dos Três Poderes – Executivo – Legislativo e Judiciário – traz, na união de forças, o Executivo e o Judiciário alinhados até no discurso e um Congresso dividido. Na primeira reunião marcada após os atos do 8/1, no dia 9/1, compareceram até os governadores da oposição em apoio à democracia. Desta vez o evento atraiu principalmente os aliados do presidente Lula no meio político e a ausência de congressistas, Artur Lira, Centrão e oposição.
COBRAM PUNIÇÃO
Sem opositores e unidos como nunca, Lula e o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), criticaram severamente os atos golpistas e afastaram qualquer possibilidade de impunidade dos envolvidos no episódio, cobrando punição a altura dos crimes cometidos para evitar assim qualquer tentativa de atos semelhantes voltarem a acontecer. Lula disse: “Não há perdão para quem atenta contra a democracia, contra seu país e o seu próprio povo. O perdão soaria como impunidade e combustível para novos atos”.
NENHUM PODEROSO PUNIDO
Apesar de Lula e Moraes pedirem a exemplar a condenação de todos aqueles que financiaram, planejaram e executaram os atos golpistas, nenhum dos peixes grandes que fomentaram como autores intelectuais e lutaram pelo golpe foram presos ou receberam qualquer tipo de punição, especialmente a cúpula das Forças Armadas e a maioria dos militares que se envolveram diretamente ou tramaram pelo golpe de Estado. Parte dos militares foi no mínimo omissa. A CPI do Congresso sobre o assunto, pediu o indiciamento de nove oficiais-generais.
TRINTA OS CONDENADOS
Após os atos golpistas, imediatamente e depois, 2.170 pessoas foram presas. Destas, apenas 66 permanecem em presídios. O Ministério Público Federal (MPF) denunciou após o devido processo no Supremo Tribunal Federal (STF), 1.143 pessoas envolvidas nos episódios. Dos denunciados, apenas 30 pessoas foram condenadas até agora: 28 a pena máxima de 17 anos e duas por depredação de prédios públicos e 38 pessoas fizeram acordo mediante confissão.
VIVAS PARA IVAN
A Seção recebeu um belo texto do jornalista IVAN ROBERTO PERONI, editor deste site (rciararaquara), em que o nobre escritor conta a sua história de 58 anos no jornalismo. Começou aos 16 anos, no dia 6 de janeiro de 1966. “Confesso que não tem sido fácil. Atravessei o tempo com uma única profissão. Somente a ela me dediquei e procurei honrá-la. Correto, justo, exagerado às vezes. Não me zango dos processos e tampouco guardo mágoa ou rancor dos que se insurgiram das minhas palavras”, começa assim o texto do nosso grande veterano!
DA ARARAQUARENSE À CULTURA
Ivan Roberto começou na Antiga Rádio A Voz da Araraquarense como repórter de campo na equipe esportiva da emissora, quando ali foi recebido por seus ídolos que faziam sucesso no rádio: Adilson João Telarolli e Rubens Santos. Saíra aos 16 da Escola Industrial como Torneiro Mecânico, mas ele só sonhava com o rádio. Com as vozes que saíam da caixinha mágica e encantava as pessoas. Em menos de três anos depois já estava na Rádio Cultura, com outros ídolos: Marcondes Machado, Antônio Carlos Araújo, Antônio Carlos dos Santos, Nildson Leite do Amaral e outros. Sua família vibrava ao ouví-lo…
RETORNO A ARARAQUARA
Em seguida, nosso companheiro dirigente e professor de jornalismo do rádio e do impresso, trabalhou no Estadão, Jornal Folha da Tarde, Folha de S. Paulo, Agências Folhas, Revista O Cruzeiro, Emissoras Coligadas… Mas estava na hora de voltar… A saudade de sua Araraquara batia forte! Montou sua própria estrutura de trabalho em rádio e jornal. E lembra de suas companheiras que o acompanham até hoje: Sônia Marques e Bete Campos!
MELHORAR O MUNDO
Ivan termina seu texto dizendo que aceita o conselho do tempo, mas que o considera traidor e trapaceiro, “querendo acertar as contas que não tenho como pagar”! Parabéns, meu irmão, pela excelente carreira… Que os deuses do jornalismo lhe protejam! Considero que ainda é cedo para você se aposentar. Tem ainda muito gás para queimar e muito ainda que servir! Nós precisamos do teu jornalismo porque acreditamos que podemos ajudar a melhorar o mundo!
DIMAS RAMALHO
Outro belíssimo texto que nos chega às mãos, é do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Dimas Eduardo Ramalho. Ele discorre sobre o “Ensino Integral para melhorar o país”. Para Dimas, “embora implementado relativamente há pouco tempo, o modelo de Escola em Tempo Integral – em que o aluno passa ao menos sete horas na sala de aula – vem se firmando rapidamente como uma das principais ferramentas para combater as deficiências do ensino público brasileiro”. E cita como exemplo “mais vistoso, o Estado de Pernambuco”.
REDUZIU A EVASÃO
Segundo o conselheiro, o exemplo de Pernambuco, implantado a partir de 2003, elevou a qualidade do ensino no Estado e reduziu sobremaneira a evasão escolar. Dimas conta em seu artigo que PE saiu da 21ª posição no IDEB, em 2007, para a 1ª, em 2015 e critica o Ensino Integral de São Paulo, que patina, na sua opinião, apesar de ter a maioria de escolas do país. A constatação veio de estudo realizado pelo TCE. (artigos-dimasramalho@tce.sp.gov.br)!