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Mazinho. Das lembranças da política é uma que atravessa 20 anos e ainda permanece viva

Polêmico pela dureza dos seus atos e palavras, Omar de Souza e Silva se tornou polêmico nos anos 70 como um político fiel à sua cidade. Suas decisões eram próprias e não se submetia as ideologias que foram surgindo na virada do século. Mazinho, era o que era – simbolismo da sua terra.

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Omar de Souza e Silva, o Mazinho do MDB, simbolizava a voz do povo

Neste dia 02 de abril, faz 20 anos que a cidade perdeu Mazinho, político, pai zeloso e de grandes amigos, que ainda guardam na memória boas histórias. Ele sempre se sentiu envolvido pelo clima de cidade emergente e permanente busca em benefício ao próximo.

Contam os amigos, 20 anos depois da sua morte, que Mazinho era devoto de uma linha de conduta irrepreensível: muitas vezes contestava os próprios companheiros de partido para mostrar que acima dos interesses políticos estavam os desejos e as necessidades da população. “Foi uma perda irreparável, Mazinho era o que era, simples e objetivo, sorridente e fiel às suas amizades”, recordam.

Ele nasceu em Araraquara no dia 5 de outubro de 1938, mas foi registrado no Cartório com a data de 20 de outubro de 1938. Devido a isso, era comum que Mazinho como o identificavam, depois de ser chamado de “omarzinho” na juventude, costumava comemorar seu aniversário nas duas datas, junto a sua família.

Filho de José Francisco da Silva e Durvalina de Campos, Mazinho foi casado com Zilah Pinto. O casal teve sete filhos – Washington Luiz, Silvia Helena, Webert José, Wilton Cesar, Silvana Maria, e os gêmeos Wendel Luiz e Wellington José.

Muito apegado aos filhos, Mazinho, fazia questão que a família se reunisse aos finais de semana, quando então também poderia bajular os netos. “Que ninguém me convide para festas nos fins de semana; é o tempo que tenho para ficar ao lado da minha turma”, disse uma vez no Bom Petisco, pizzaria que via de regra era frequentada pelos vereadores – de direita e esquerda – após as sessões da Câmara.

De um lado Mazinho em uma das suas manifestações na Câmara; do outro, a esposa Zilah e os sete filhos do casal

Pessoa simples tinha muitos amigos e uma das histórias que gostava de contar, era de como um garoto pobre que era engraxate no centro da cidade, com muito trabalho e enfrentando dificuldades, conseguiu se formar em Direito e ter sua Auto Escola – a Bandeirantes, que ficava na Avenida Brasil, entre as ruas São Bento e 9 de Julho.

O vereador tinha uma veia social forte, muitas vezes formava-se fila em frente ao seu escritório para pedir ajuda. Ele costumava dizer que ajudava sim, pois era inconcebível um pai de família ir até ele pedir algo para levar a seus filhos e ele não ajudar já que tinha condições. Assim, uma parte de seu salário como vereador, sempre foi direcionado ao social.

Silvia Helena, segunda, dos sete filhos de Mazinho diz que duas palavras que caminham com seus sentimentos são saudades e agradecimento: “Saudades da sua presença, do seu carinho, das nossas conversas e agradecimento pelos ensinamentos e por tudo que vivemos. A falta que ele me faz é imensa, mas a satisfação e o orgulho de tê-lo como pai é ainda maior. Vou amá-lo para sempre”, diz ela emocionada.

VIDA POLÍTICA

Mazinho, ingressou na vida pública como vereador na 8ª Legislatura de 1º fevereiro de 1977 a 31 de janeiro de 1983. Foi reeleito vereador para a 9ª Legislatura de 1º de fevereiro de 1983 a 1988. Nesse mandato, foi vice-presidente do Legislativo no biênio de 1987/1988. Novamente se elegeu vereador para a 10ª Legislatura de 1989 a 1992. Por sua capacidade e dedicação, foi designado para exercer o cargo de presidente da Mesa Diretora no biênio de 1991/1992. Voltou a ser reeleito para a 11ª Legislatura de 1993 a 1996. Pela experiência, foi nomeado novamente como presidente da Mesa Diretora no biênio de 1993/1994.

Netos em festa no aniversário da avó Zilah

A sua história foi se tornando cada vez mais forte no cenário político a partir da reeleição para a 12ª Legislatura de 1997 a 2000. No ano de 2000, exerceu o cargo de vice-presidente do Legislativo. Mazinho chegara então ao máximo dentro da Câmara Municipal após cinco eleições, sempre com excelentes votações.

Atuou nas comissões permanentes de Agricultura, Comércio e Indústria; Justiça, Legislação e Redação; e Tributação, Finanças e Orçamento. Foi membro de diversas comissões de estudo, entre as quais se destaca a Comissão de Sistematização para elaboração da Lei Orgânica deste município e do Conselho de Curadores da Fundação Pólo Tecnológico de Araraquara. Também foi membro do Conselho Permanente para Indústrias (CPI).

Suas atividades foram se tornando ainda mais amplas como político: participou de momentos importantes para  Araraquara, como a promulgação do projeto de lei que doava área para a vinda da cervejaria Kaiser. Foi autor da homenagem com a denominação “Vereador Professor José Clozel” o Auditório/Plenarinho da Câmara.

OUTRAS ATIVIDADES

Participante dos movimentos comunitários, foi secretário no Lar Nosso Ninho em 1969, presidente do Conselho Deliberativo na Associação de Pais e Mestres da Escola Estadual “Florestano Libutti”, sócio-benemérito no Hospital Cairbar Schutel. Também exerceu a presidência em 1977 da primeira Cooperativa Habitacional de Araraquara, fazendo surgir com o seu apoio o Jardim Martinez. Cooperou com o Grêmio Recreativo 27 de Outubro, como secretário, nos anos de 1960/1962 e também com o Paulista Esporte Clube, tornando-se presidente em 1994.

FALECIMENTO

Mazinho, uma vida com muitas histórias na política local

Foi com pesar que a população da cidade de Araraquara e região soube do falecimento de “Mazinho”, ocorrido em 2 de abril de 2001, em um hospital na cidade de São José do Rio Preto, onde estava internado. Na época, por unanimidade a Câmara Municipal decidiu que até o momento do sepultamento sua urna mortuária fosse coberta com a bandeira do município. Ele está sepultado no Cemitério São Bento.

Meses depois recebeu várias homenagens do Executivo e do Legislativo estando seu nome gravado na história da Área de Esporte e Lazer no bairro Victório de Santi, através da Lei nº 5.934, de 12 de novembro de 2002; Centro de Treinamento de Trânsito para Motociclistas, através da Lei nº 6.343, de 7 de dezembro de 2005 e na Biblioteca do Legislativo “Vereador Omar de Souza e Silva”, através da Resolução nº 328/2005.

Mazinho, um nome que traz saudades e que permanecerá pontuado na história da cidade.