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Nigro, vida e histórias que se juntam em tradição industrial que chega aos 80 anos

Uma mistura de ousadia, coragem, experiência e qualidade, cerca a existência da Nigro, uma das maiores indústrias de artefatos de alumínio no País e que tem desde 1943, a primazia de liderar uma importante fatia do mercado internacional em seu segmento.

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A primeira fábrica nos anos 40 na Rua São Bento em frente ao antigo Extra; ao lado a fábrica atual em mais de 20 mil m²

A história da Nigro começa em tempos difíceis, na segunda guerra mundial, onde Arcângelo Nigro, casado com Maria Cavicchioli Nigro e os filhos Francisco, Hugo, Beatriz e Pedro resolveram sair da cidade de Itápolis onde residiam, e escolheram Londrina, no Paraná.

Lá já morava seu irmão Antônio com a família. Porém, em uma breve passagem por Araraquara, quis o destino que aqui se estabelecesse e começasse um novo negócio, o de reutilização de latas (óleo, massa de tomate e outras embalagens).

A nona Beatriz com seus filhos Roque, Pascoal, Antônio, Arcângelo e Vicente, pouco antes da fábrica ser fundada pela família em nossa cidade, iniciando uma história que orgulha a nossa terra

Pai e filhos foram pioneiros nesse trabalho de reciclagem, hoje uma preocupação mundial. É que o desenvolvimento das empresas também deve estar baseado em responsabilidade ambiental.

Arcângelo já trazia na sua bagagem profissional, desde Itápolis, o ofício de ferreiro e suas outras tantas habilidades para a fabricação de utensílios domésticos. Dotado de espírito criativo, foi um idealizador e construtor de vários projetos de muito sucesso.

O casal Maria Cavicchioli e Arcângelo Nigro com os filhos Francisco, Hugo, Pedro e Beatriz

Os vizinhos acolheram a família Nigro dando as boas vindas e as amizades se fortaleceram com as famílias Rossi, Magnani, Stemberg (Antônio, primeiro funcionário da empresa), Luiz Manelli, Professor Machadinho, Dr. Mazzi, Tarallo e outras pessoas que  aqui moravam.

Toda família contribuía para o progresso. Os filhos contavam as latinhas e as peças cortadas enquanto Arcângelo ficava até altas horas da noite na garagem martelando as canecas e soldando as alças. As chapinhas das vassouras eram entregues para a fábrica do Mário e João Dosualdo em Américo Brasiliense. Assim, surgiam novas parcerias.

Com a construção da sede própria, Arcângelo procurou oferecer condições de lazer aos seus funcionários criando o “Paraíso após o trabalho”

Mais tarde vieram os regadores e os baldes. A primeira panela artesanal, fundida no quintal com alumínio derretido, marcou a memória. Cada produto feito era uma conquista, uma comemoração. A fábrica foi crescendo e se tornando conhecida na cidade e região. Foram tempos de muita luta e trabalho.

A primeira grande conquista foi a abertura da loja na cidade, localizada na Rua São Bento, em frente ao antigo Seminário dos Padres Redentoristas, depois Eletroradiobras, a seguir Jumbo Eletro, em seguida Extra até chegar o Assaí Atacadista.

Nigro, a primeira fábrica na cidade

Em frente à loja, os regadores eram pendurados e nos fundos ficava a pequena fábrica. Novos produtos tais como: chuveiros, forninhos, tachos de cobre e panelas já eram produzidos. O crescimento da empresa levou Arcângelo a construir a sede da Nigro em 1958, na Avenida Arcângelo Nigro, 166.

VIDA VOLTADA AO  TRABALHO E AMOR AO PRÓXIMO

Sempre com a preocupação de proporcionar momentos de lazer à família e seus funcionários, Arcângelo Nigro tinha na nova fábrica um pomar repleto de laranjeiras, pés de mexerica, melancias, abóboras, mandioca e arroz, onde após a colheita dividia entre todos. O nome desse refúgio não poderia ser melhor: “Paradiso dopo lavoro”: “Paraíso após o trabalho”. Também havia na fábrica um campo de bocha, embaixo das jabuticabeiras, mesas para as rodadas de baralho e balanços para as crianças.

Arcângelo em 1968 construiu o Cursilho de Cristandade, movimento que levava a mensagem do Evangelho para as pessoas, e mais tarde, assumiu o Lar Juvenil Araraquarense “Domingos Sávio”, casa que abrigava crianças abandonadas, órfãs, de rua. Na época eram quase duzentas crianças; muitas delas começaram a trabalhar e construir sua história na Nigro.

Arcângelo Nigro com a Eterna, primeira panela de pressão feita na fábrica no final dos anos 70

Pelo conjunto de obras tão relevantes realizadas na família, na comunidade, na empresa, no Lar Juvenil e na Casa do Cursilho, Arcângelo Nigro recebeu a “Comenda e Insígnias de Comendador” da “Ordem de São Silvestre Papa” concedida por “S.S. o Santo Papa João Paulo II”, em 1979.

A celebração eucarística oficiada pelo Bispo Dom Constantino Amstaldem, de São Carlos, foi na Igreja Nossa Senhora das Graças em Araraquara em 19/12/79.  Em 29/06/1986, dia de São Pedro, “seu Arcângelo”, como era chamado, faleceu e tradicionalmente a família passou a realizar neste dia uma missa em ação de graças dentro da fábrica.

Um dos produtos da Nigro: a linha chef Allan, a frigideira Sauteèn

Seu filho Francisco Nigro assumiu a fábrica; hoje a indústria possui mais de 20 mil metros quadrados, fabrica mais de 300 itens, sendo 400 mil peças mês, desenvolvidos com alta tecnologia atendendo as normas de segurança nacionais e internacionais.

Entre seus produtos estão panelas, caçarolas, frigideiras, formas e a sofisticada e segura Panela de Pressão Eterna. Sua produção é comercializada no Brasil, Estados Unidos, Japão, países do Mercosul, América Central e Europa.

No dia 25 de outubro de 2017, Araraquara perdeu um de seus grandes empreendedores: o industrial Chico Nigro, que por mais de 50 anos esteve à frente da Nigro Alumínio. Começou então uma outra etapa na vida da indústria que se mantém como um orgulho para a nossa cidade.

A Nigro está instalada em uma das áreas mais nobres de Araraquara com 20 mil m²

A empresa sempre manteve laços de fraternidade com seus colaboradores tendo um clube, a Agremiação Desportiva Classista, onde os empregados e seus familiares podem se divertir em salões de festa, campo de futebol, parque infantil e quiosques para churrasco.