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No silêncio da pandemia Ana e Rubens Bressan comemoram 60 anos de casados

Era maio de 1961. Araraquara com seus 50 mil habitantes tinha por sonho ser a terra de poetas, seresteiros. Dois jovens apaixonados, enfeitiçados pela luz do luar, trocavam juras e prometiam levar avante o que o padre Colturato lhes pedira: “até que a morte os separem”. Passados 60 anos estão os dois, outra vez em silêncio, sozinhos, comemorando Bodas de Diamante.

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No silêncio provocado pela pandemia, a sós, o casal festejou Bodas de Diamante

Quase que perdidos no tempo, um casal relembra o barulho das taças e copos, o som da música, o entrar e sair dos convidados em uma festa de casamento ocorrida 60 anos atrás; agora, 2021, nada é igual ao que eles viveram, mas ainda assim Rubens Bressan e Ana Isaura, buscam manter o sentimento daquela noite fria de maio de 1961.

O contraste com o cenário de festa que passou pelas suas vidas é pontuado pelo silencio causado pela pandemia do coronavírus. Mesmo assim, estão eles experimentando a importância do tempo, sozinhos, e o que as Bodas de Diamante podem simbolizar na atualidade.

Ana vestida de noiva; ao lado, o casal com José Benedito de Souza, o Espingardinha do Daae, um dos padrinhos

Quietos e de olhos abertos um para o outro, parecem lembrar o que diz Catulo da Paixão Cearense em uma de suas músicas: “Ontem ao luar, nós dois em plena solidão, tu me perguntaste o que era dor de uma paixão, nada respondi, calmo assim fiquei, mas fitando o azul, azul do céu, a lua azul eu te mostrei”.

Foi neste clima de lembranças que Rubens Bressan, filho de Graciosa e Armando Bressan, neste domingo (14) que passou trouxe de volta a emoção de conhecer Ana: “Lembra, você trabalhava na bilheteria do Cine Coral e eu funcionário do Departamento de Água e Esgoto de Araraquara, foi lá que nos conhecemos?

Rubens e Ana, noite de 14 de maio de 1961

De fato, entrando história a dentro, Rubens também era fiscal de bilheteria nos cinemas da cidade, atividade que o aproximou ainda mais de Ana e ambos trocaram o primeiro olhar, cheios de mistérios – um com o outro. Para fechar o namoro não foi tão difícil – os dois moravam próximos, na mesma quadra e a passagem de Rubens era forçosamente pela frente da casa dela na Rua Carlos Gomes, 2533, no São Geraldo.

Um dia, cheio de coragem Rubens até que tentou pedir Ana em namoro; com sua melhor roupa foi ao salão de barbeiro do futuro sogro João Brogna todo cheio de coragem, no entanto a navalha a deslizar pelo couro preso num pedaço de madeira o fez mudar de idéia: pedido adiado para qualquer outro dia e sem navalha nas mãos. A barbearia também ficava próxima – Rua Voluntários da Pátria entre Avenidas Bandeirantes e Avenida Prudente de Moraes.

Rubens transferiu o pedido de namorar Ana para a casa dos futuros sogros. O clima era de expectativa, pede ou não pede, até que uma voz soprou ao seu ouvido: “Pede logo rapaz, aproveita a deixa, pois do contrário você vai ficar na mão”. De fato ele pediu; reivindicação aceita, assim veio o namoro, depois o noivado e algum tempo depois o casamento em 14 de maio de 1961 na Igreja de São Geraldo.

Há quem diga que a cerimônia foi boa, mas a palavra do padre Francisco Sales Colturato melhor ainda. Afinal se passaram 60 anos e o casal mantém firme e forte o lembrete do vigário – “até que a morte os separe”.

Contando histórias e lembrando os “causos” que atravessam os tempos

Casados, Ana já não trabalhava mais no Cine Coral. Precisaria cuidar dos filhos que viriam: Rubens Armando Bressan, Rui Fernando Bressan, Renato Bressan, Ana Cláudia Bressan e Roberto Bressan. Com o tempo entraram na conta da família os netos – Rubens Bressan Neto, Mariana Bressan, Ruan Victor Bressan, Raissa Bressan, Ana Laura Bressan Joaquim e Maria Eduarda Bressan. Como São Paulo não pode parar também chegaram os bisnetos: Rodrigo e Bianca.

Agora, todos são uma família só, a olhar e entender os 60 anos de casamento e timidamente dizer: Obrigado Senhor, valeu a pena. Felicidades.

ALGUNS SEGUNDOS DOS NOVOS TEMPOS