José Carlos Nogueira sempre foi ousado em suas iniciativas, contudo, nunca esteve só: a esposa Leila, além do incentivo contribuía com suas sugestões, uma forma de terem uma vida familiar pautada pela felicidade, e profissional guiada pela coragem de enfrentar os desafios. Por pelo menos 51 anos foi assim, uma vida a dois em família e negócios.
Nascido em Santa Lúcia em 1952, Zé Carlos, ainda muito cedo veio para Araraquara com os pais Olívia e João Nogueira; a família foi se completando com as irmãs Ana Maria e Maria Aparecida em um tempo de descobertas que nasceu na Escola Estadual João Manoel do Amaral, na Vila Ferroviária e depois o então IEBA – Instituto de Educação Bento de Abreu, onde também estudou.
Já na adolescência os próprios pais observam o gosto do filho pela mecânica, uma das razões que o levou a trabalhar na Fábrica de Meias Lupo. A Escola Senai já havia lhe dado nessa época não apenas o incentivo mas também o ensinamento necessário para uma formação que lhe garantia o respeito de um excelente profissional.
Foi na Lupo que ele conheceu Leila, sua namorada por pelo menos dois anos, quando decidiram se casar, o que ocorreu em 1973, na Igreja de Santo Antônio: “Era o que queria; conhecê-lo foi possibilitar que tivéssemos sonhos em conjunto, cada um auxiliando o outro e assim foi a nossa vida voltada para a felicidade e o trabalho”.
Em seguida foram chegando as filhas: Carina, Catiana e Camila e em meio a isso, o desejo de dar ampliação à sua profissionalização: saiu da Lupo e incentivado por Leila foi prestar concurso para Policial Militar com o objetivo de encontrar tempo para a complementação dos estudos. Passou, e na atividade policial, permaneceu até se formar e trabalhar durante três anos.
Leila lembra que formado em eletrotécnica nas faculdades Logatti, Zé Carlos encontrou abertura para um novo e interessante emprego: na Villares que lhe garantiu uma permanência de muitos anos na área técnica e conhecimento, a partir de agora, investir na sua carreira solo em novos empreendimentos como fabricação de telas e montagens.
Prestando assistência na área de mecânica conheceu o ramo granjeiro; com parte do acordo salarial com a Villares adquiriu uma caminhonete, tornando-se representante de uma empresa gaúcha que tinha sua visão focada no setor avícola. Logo o relacionamento amplo com o setor fez se aproximar da aquisição de uma propriedade, o sítio em Boa Esperança do Sul que permaneceu durante aproximadamente três anos com a família.
Em Araraquara lhe apareceu a chance de comprar uma nova área em que poderia se tornar um avicultor: construiu um galpão rapidamente com a experiência adquirida como mecânico de manutenção da empresa gaúcha e iniciou o processo de criação e venda de aves de corte inicialmente para a Sadia em Américo e posteriormente à empresa A’DOro Alimentícia que até hoje trabalha na categoria de granjas em São Carlos.
Os negócios caminhavam bem para a Família Nogueira e foi preciso investir com o tempo na construção de outros dois galpões em uma história de trabalho que perdura por 22 anos. Era a paixão dele, diz Leila, que prematuramente perdeu o marido em 10 de março do ano passado, vítima da Covid. “Foram cerca de 20 dias de luta contra a doença e ainda que tenha recebido todo atendimento não foi possível vencer o coronavírus”, argumenta a esposa.
VIDA PAUTADA PELO TRABALHO
Em 2004, pouco tempo depois de se tornar um empreendedor avícola, os investimentos de José Carlos Nogueira foram certeiros: o Brasil se tornava um grande país exportador por conta da gripe aviária que ocorria na região asiática do mundo. Zé Carlos torcia para que a doença não chegasse aqui, o que seria “a salvação da lavoura” e a oportunidade de avançar com o empreendimento.
Na verdade desde aquela época o setor avícola na região de Araraquara trabalha basicamente com o sistema de integração, onde os abatedouros produzem os pintinhos e as granjas fazem a criação das aves. E praticamente a estrutura era totalmente automatizada. Foi essa a visão de José Carlos em 2004, quando anunciou a construção de um terceiro galpão em sua granja, somando-se aos outros dois existentes. Cada um com capacidade de criação para 50 mil aves.
Aliando seus conhecimentos técnicos na implantação de sistemas automatizados, José Carlos garantia o sucesso do negócio com a permanência de um único funcionário para fazer a granja andar. Mostrava paralelamente que trabalhava com notável visão empreendedora no setor deixando para a família um caminho próspero e rentável.